PIRACICABA, SÁBADO, 23 DE NOVEMBRO DE 2024
Visita virtual acessível
Página inicial  /  Webmail

22 DE JUNHO DE 2020

Moschini orienta gestantes e mães sobre cuidados contra a Covid-19


Vereador, que é médico obstetra, ginecologista e socorrista do Samu, foi entrevistado pelo programa "Parlamento Aberto", em live no Instagram, nesta segunda-feira.



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução

Ronaldo Moschini foi o entrevistado em live do programa "Parlamento Aberto", nesta segunda-feira







Ginecologista, obstetra e médico socorrista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Piracicaba, o vereador Ronaldo Moschini (CID) detalhou os cuidados que mulheres que estão no meio de uma gestação, próximas de darem à luz ou tiveram filhos recentemente devem adotar para evitar o contágio pelo novo coronavírus.

Em entrevista ao jornalista Erich Vallim Vicente no programa "Parlamento Aberto", em live transmitida pelo Instagram na tarde desta segunda-feira (22), Moschini mostrou preocupação com o número de óbitos e de pessoas infectadas por Covid-19 no Brasil e defendeu o isolamento social como forma de desacelerar a velocidade de contágio da doença.

"O índice de mortes que temos no Brasil é muito assustador, preocupante. A pandemia é muito séria, vemos pessoas nas ruas que, se for fazer uma pesquisa, não têm nenhuma necessidade de estar naquele local, naquele momento. O isolamento está acima de tudo. Para aqueles que podem, devem se manter isolados para evitar o contágio", comentou.

O vereador se disse a favor da abertura do comércio, "mas com muito cuidado e critério", e ponderou que parcela significativa dos trabalhadores, em razão da natureza de seus ofícios, acaba ficando mais exposta. Ele reforçou que o isolamento é ainda mais importante para pessoas com comorbidades, como imunodepressão, diabetes, hipertensão, doenças renais, cardiológicas, pulmonares e endócrinas, além de indivíduos em tratamento oncológico, acima de 60 anos e recém-nascidos.

Moschini apontou que o surgimento da Covid-19 levou a uma "preocupação muito grande" da classe médica com as gestantes, por causa da remissão à última pandemia ––da gripe H1N1, que afetou o grupo diretamente–– e pelo fato de as grávidas naturalmente apresentarem baixa resistência imunológica, o que as tornaria, em tese, mais vulneráveis ao novo coronavírus.

Porém, o acesso a pesquisas que começaram a ser publicadas em todo o mundo jogou luz sobre a questão. "Não tínhamos conhecimento de quase nada em relação às gestantes, parturientes e puérperas: se para ou segue o pré-natal, se o vírus ultrapassa a barreira placentária, se tem transferência do útero da mãe para o feto ou se há risco de transferência durante o parto", exemplificou.

"São conhecimentos que não tínhamos e fomos buscar, através de estudos em outros países, de universidades brasileiras e hospitais e de trabalhos científicos em revistas especializadas. Fomos aprendendo, ganhando essa experiência. Hoje temos o que está sendo feito em pesquisa e o que está sendo feito na parte assistencial", distinguiu.

No caso das gestantes, após a recomendação geral, no início, ter sido pelo isolamento de todas, atualmente a orientação ––diante da observação de que o número de grávidas infectadas é reduzido, colocando o grupo no mesmo patamar de risco de adultos jovens–– é pela adoção de cuidados, sem, no entanto, a obrigatoriedade de afastamento do trabalho, por exemplo.

"Logo no início, a orientação que dávamos era para manter o isolamento, saindo de casa só para as consultas regulares e fazendo um espaçamento entre elas. Depois, fomos vendo que o índice de contaminação era muito baixo e que as gestantes foram colocadas num grupo muito mais tranquilizador, semelhante ao dos adultos jovens", comentou.

"Se não tiver risco alto onde trabalha, se não trabalhar em unidades de saúde ou na linha de frente no atendimento no setor público, essa gestante pode retornar desde que não tenha nenhuma comorbidade. Numa sala, no computador, com 3, 4 metros de distanciamento, não vejo risco nenhum", comentou o médico, acrescentando que as grávidas que apresentem doenças prévias (cardíacas, renais, pulmonares, endócrinas) devem manter o isolamento.

Quanto ao acompanhamento médico durante a gravidez, Moschini recomendou à gestante que "procure o hospital somente em casos necessários, não por uma pequena queixa ou alteração". "Ligue e converse com o seu médico. Podemos fazer espaçamento das consultas de pré-natal sem problema nenhum. Não vamos deixá-la perder os exames de ultrassom, mas aquelas consultas quinzenais às vezes podemos transferir, para a cada três, cinco semanas. Aí é critério do médico, da relação com a gestante."

No que diz respeito à definição do parto que será feito, se normal ou cesariana, Moschini esclareceu que a indicação "não muda", já que a decisão independe de a mãe estar ou não infectada pelo novo coronavírus. "Para as gestantes que testaram positivo, a indicação da via de parto é obstétrica, não é em relação à Covid-19."

Ele citou estudos realizados pelo Hospital das Clínicas, da USP (Universidade de São Paulo), que estão tentando, "de todas as formas", fazer o isolamento da Covid-19 a partir do sangue do cordão umbilical ou do material uterino. "Por enquanto não tem nenhum caso de transmissão vertical entre mãe e feto. O que existe, de recém-nascidos com Covid-19, é porque houve transmissão horizontal, em que a mãe contaminou seu filho por gotículas de saliva, mas não por canal de parto ou contato com o sangue materno no trabalho de parto."

Já em relação à amamentação, o médico obstetra recomendou o uso de máscaras pela mãe, uma vez que o bebê é mantido próximo a ela. "Quanto à mãe com Covid-19, nós não isolamos o recém-nascido: pode amamentar normalmente", disse Moschini, citando que as pesquisas feitas até o momento não identificaram a presença do novo coronavírus no leite materno.

COMO TEM FUNCIONADO O SAMU - Como parte dos esforços da rede municipal de saúde para o combate ao novo coronavírus, o Samu, onde Moschini é médico socorrista, está atuando em duas frentes, dividindo-se entre o atendimento, quando acionado pelo telefone 192, dos pacientes com dificuldades respiratórias e o transporte para internação, no Hospital Regional, daqueles que estão sendo tratados na UPA (unidade de pronto-atendimento) do Piracicamirim, transformada em "QG" contra a Covid-19 na cidade.

Moschini explicou que o tipo de viatura usada nesse transporte depende do estado do paciente: quando não está entubado, emprega-se a ambulância de suporte básico, com socorrista e técnico de enfermagem, mas, quando ele está entubado, é usada a unidade de suporte avançado, com socorrista, enfermeira padrão e médico dentro da viatura.

"Deixamos uma unidade somente para o transporte dos pacientes que vão da UPA do Piracicamirim para o Hospital Regional e que não têm gravidade, não precisam de UTI. Já no caso dos que estão usando respiradores, esse paciente necessita de uma unidade de socorro avançado (e há outra que fica como suporte dela, para o caso de imediata substituição). Deixamos uma unidade somente para esses casos, pois, após cada transporte de paciente, tem que ser feita a desinfecção total dessa viatura, que leva cerca de 2 horas", explicou Moschini.

Além disso, o Samu, que em Piracicaba é coordenado pela médica Flávia Sá Molina, oferece o "Disque Covid", pelo qual diariamente, das 8h às 20h, um médico atende telefonemas para prestar orientações a pacientes, "sobre o que deve fazer e a quem deve procurar". "Os pacientes assintomáticos", salientou o vereador, "devem se manter em casa e não procurar nenhuma unidade de saúde".

O médico socorrista também contou como são as medidas de prevenção adotadas no dia a dia de quem trabalha no Samu. "Todos os cuidados são tomados com os colaboradores. Temos todos os aparatos de equipamentos de proteção individual 95: capacete, máscara especial com filtro, dois tipos de roupa (uma plastificada e uma impermeável), bota e gorro. Tudo é utilizado para a segurança de quem trabalha dentro dessas unidades móveis."

"Hoje, já saímos paramentados da base operacional para todos os casos, porque nunca sabemos se é Covid-19 ou não. Não podemos mais circular pela unidade com o macacão, há um local específico para tirar a roupa e fazer a descontaminação. As botas são retiradas e colocadas em local específico, assim como é feita a descontaminação dos capacetes e óculos especiais", completou Moschini. "Todos os funcionários são previamente testados e estão em plenas condições de trabalho. Somos linha de frente, é um risco que temos de assumir como médicos", concluiu.

SAIBA MAIS - A programação de lives do "Parlamento Aberto", da Câmara de Vereadores de Piracicaba, segue durante a semana, sempre com transmissões às 17h, pelo perfil @parlamento_aberto no Instagram.

Nesta terça-feira (23), Fabiane Fischer Gomes Oliveira, secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, abordará ações de assistência social a populações vulneráveis durante a pandemia.

Na quarta-feira (24), o infectologista e coordenador do setor de Vigilância em Saúde de Piracicaba, Moisés Taglieta, traçará um panorama sobre o tratamento e as formas de combate e prevenção do novo coronavírus na cidade.

O especialista em comércio exterior Gustavo Minari apresentará, na quinta-feira (25), os impactos da Covid-19 no setor.

Na sexta-feira (26), Rosangela Camolese, secretária municipal de Ação Cultural e Turismo, falará dos desafios impostos à cultura e ao turismo durante e após a crise de saúde.

ACESSE O CONTEÚDO!
As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto.

As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web, que está anexado nesta matéria.

Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, é possível se cadastrar na lista de transmissão do Whatsapp neste link.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Parlamento Aberto Coronavírus Ronaldo Moschini

Notícias relacionadas