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15 DE OUTUBRO DE 2014

Dados do INSS camuflam influência das drogas no trabalho


Impacto do uso de substâncias químicas em empresas foi debatido em encontro organizado pelo vereador Gilmar Rotta (PMDB)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Paulo Ricardo dos Santos (1 de 4) Salvar imagem em alta resolução

Encontro aconteceu no salão nobre Helly de Campos Melges

Encontro aconteceu no salão nobre Helly de Campos Melges
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Encontro aconteceu no salão nobre Helly de Campos Melges

Encontro aconteceu no salão nobre Helly de Campos Melges
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Gilmar Rotta defende o trabalho na prevenção ao uso de drogas

Gilmar Rotta defende o trabalho na prevenção ao uso de drogas
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Roberta Cesar, do INSS: "dados não dão conta da realidade."

Roberta Cesar, do INSS: "dados não dão conta da realidade."
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Encontro aconteceu no salão nobre Helly de Campos Melges



A incidência do uso de drogas no ambiente do trabalho é, ainda, uma incógnita. “Os dados (do INSS) não conseguem dar conta do tamanho desta realidade”, disse a médica perita Roberta Santana de Castro César, que atua na unidade do instituto em Piracicaba. De acordo com levantamento local, de 2010 até o ano passado, a quantidade de auxílio-doença concedido por conta do uso de drogas quase duplicou (passou de 600 para 1100). Mesmo assim, a situação deve ser muito mais grave, avalia a especialista.

Neste levantamento, estão discriminados somente os casos em que os pedidos de auxílio-doença são baseados no uso de drogas no trabalho – o equivalente a menos de 10% do total de benefícios concedidos no INSS em Piracicaba. “Mas se o trabalhador sofre uma fratura permanente, ele receberá os recursos com base neste incidente, e não será avaliado se foi consequência do uso de substâncias químicas”, disse a média perita. Desta forma, cria-se uma situação de subavaliação deste problema.

O assunto foi tratado durante o segundo encontro sobre prevenção de uso de drogas no trabalho, organizado pelo vereador Gilmar Rotta (PMDB), realizado na tarde desta quarta-feira (15), no salão nobre Helly de Campos Melges, da Câmara de Vereadores de Piracicaba. “Estamos aqui hoje para ampliar a atuação em prol da prevenção”, disse o vereador, ao relembrar que a preocupação inicial é focada nas empresas para que elas consigam identificar os trabalhadores envolvidos com o uso de drogas.

A situação é nacional, conforme os mesmos dados divulgados pelo INSS. O crescimento da concessão de auxilio-doença por conta do uso de drogas é galopante, desde 2010, quando foi 38 mil no Brasil, e chegou a 49 mil no passado. Neste ano, as informações até Agosto, com 35 mil benefícios já concedidos, demonstram que essa projeção continuará com a mesma ascensão. “A situação é realmente complicada, por isso é importante a atuação em prol da prevenção”, observa a médica Roberta Castro.

No mesmo estudo em âmbito nacional, são definidas quais as drogas que mais afetam o trabalhador. A grande parte dos casos envolve associações de substâncias – “quando usa-se álcool e maconha, por exemplo”, explica Roberta César –, com 90.100 registros entre 2010 e 2014. Em segundo lugar, aparece o álcool, com 35 mil casos, seguida pela cocaína – com 10.800 ocorrências, neste mesmo levantamento do INSS nacional. 

Informações do Ministério do Trabalho detalha que o consumo de álcool e drogas incide diretamente na redução da produção. De acordo com o MTE, dentro de um estudo nacional, trabalhadores chegam a faltar 26 dias por ano sem justificativa, o que representa o triplo de ausências de um funcionário que não tem o problema. Além disso, o usuário de droga produz 30% a menos e corre cinco vezes mais riscos de acidentes. 

O encontro organizado pelo vereador Gilmar Rotta (PMDB) também contou com a palestra do psicólogo Wagner Moura, pós-graduado em dependência química, abuso e compulsão. Ele destacou que, entre as principais mudanças do uso de drogas na sociedade, está no aspecto de que “não é mais uma questão moral, mas sim afeta qualquer cidadão, de qualquer faixa etária e social”, observa o especialista. 

Em outra palestra, Vandrea Novello detalhou o funcionamento da rede municipal de atendimento psicossocial. Segundo ela, os casos entram no sistema pública através das unidades de pronto-atendimento (na cidade, atualmente são quatro), onde são feitas análises a respeito do tratamento, que ou é encaminhado para tratamento ou para internação. “Temos nas unidades básicas, o ‘olho’ da rede nas comunidades, onde eles procuram identificar potenciais dependentes”, disse Vandrea.



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Saúde Gilmar Rotta

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