19 DE FEVEREIRO DE 2019
André Camargo Tozadori foi homenageado por Paulo Henrique Paranhos Ribeiro.
Solenidade de entrega do título de "Cidadão Piracicabano" ocorreu na noite desta terça-feira, no salão nobre
Foi por uma "questão de logística" que André Camargo Tozadori nasceu em Osasco (SP), onde a avó preferiu que fosse o parto para poder ajudar a filha, que já vivia com a família em Piracicaba. E é pela realização de um "sonho", como que para reparar o "desvio" no caminho há 38 anos, que o hoje advogado tornou-se o mais novo cidadão da terra onde cresceu.
Em solenidade no salão nobre da Câmara, na noite desta terça-feira (19), André recebeu o título de "Cidadão Piracicabano" das mãos do vereador Paulo Henrique Paranhos Ribeiro (PRB), de quem foi professor na graduação do parlamentar como bacharel em Direito pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).
Como confidenciou Paulo Henrique durante a cerimônia, um colega de classe o parou, certa vez, nos corredores da faculdade com a pergunta: "Viu, por que você não dá um título de 'Cidadão Piracicabano" para o professor André?". O docente havia acabado de revelar, em sala de aula, que ser acolhido oficialmente como "filho de Piracicaba" era seu sonho.
A concessão do título não veio de imediato ––teve de esperar o diploma ir para as mãos de Paulo Henrique, que, por uma questão de ética, aguardou concluir a graduação para, então, prestar o devido reconhecimento ao professor que admirava. "É uma homenagem mais do que justa", resumiu o autor da solenidade.
O vereador e agora bacharel de Direito relembrou como foi o contato inicial com o professor. "Vou falar como aluno: na sala de aula, como tudo é novo, a primeira frase que recebi quando passei no vestibular foi de que, nos dois primeiros anos, o curso é difícil e chato e, depois, chato e difícil", brincou.
"E, num certo dia, entra o professor André, de terno, cara fechada e com a bolsa do lado. Falavam que a prova dele era difícil e que deixaria um monte de gente de DP, e minha perna começou a tremer. Com o passar dos dias e das aulas, começamos a ver que há nele amor, carinho e dedicação pelo que faz, mostrando aos alunos a importância de se dedicar à matéria para se tornar um ótimo profissional."
Em sua fala na solenidade, André contou por qual motivo nasceu próximo da capital, e não no interior. "Por uma opção dos meus pais, eu nasci em Osasco, mas já residíamos em Piracicaba. Minha avó não quis vir para ajudar no nascimento, então minha mãe foi para Osasco por uma questão de logística. Tenho certeza absoluta de que sou piracicabano; já era mesmo sem ter nascido aqui."
"Gosto das tradições da cidade. Gosto verdadeiramente do XV, vou ao estádio, sofro e torço. Sou frequentador do rio, me dá prazer caminhar às margens dele. A Esalq é muito importante para a minha vida, onde fiz o mestrado e minha mulher estudou. Acho que este título mostra que estou em débito com essa cidade, porque ela me deu tudo: a educação, a oportunidade de exercer minha profissão e os meus maiores presentes", disse, citando a esposa, Ana Paula, e os filhos, Pedro e Isabela. A caçula, aliás, é para André reflexo da "essência do piracicabano": "destemido e valente, com alma caipira que nunca desiste de nada".
Prestigiaram a solenidade o vereador Laercio Trevisan Jr. (PR), que destacou as qualidades de André reforçadas por pessoas próximas, e vários nomes ligados ao Direito em Piracicaba. Procurador-geral do município, Milton Sérgio Bissoli parabenizou o advogado, professor de seu filho, e lembrou que piracicabano não é só quem nasce na cidade, "mas quem se dedica e gosta dela".
O promotor de Justiça Paulo Kishi, que representou o Ministério Público, lembrou a passagem de André como estagiário no órgão, entre 2000 e 2002. "Os anos passaram e você continua a mesma boa pessoa: sempre sereno, educado e profissional. Na faculdade era muito querido, festejado, daqueles professores de quem os alunos não se esquecem, daqueles bons professores. Como advogado, digo o mesmo", comentou Kishi, que também se tornou cidadão piracicabano após receber título da Câmara.
"Desde então, tenho olhado para esta querida cidade com outros olhos e procuro me superar a cada dia. Desejo que aconteça o mesmo a você. Que continue o advogado combativo que é, com a mesma seriedade, educação e profissionalismo, com o compromisso da busca da verdade", completou o promotor.
Presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Piracicaba, Jefferson Goularte também deu depoimento da experiência de tornar-se cidadão piracicabano. "Tive o prazer de receber esse título, o sentimento é ímpar. Não existe algo maior numa cidade em que você chega, trabalha e lá na frente a sociedade lhe diz: 'Você vai ser nosso filho'", comparou.
O advogado Willey Lopes Sucasas, um dos sócios de André no escritório que mantêm, disse que o homenageado é "exemplo não só de profissional, mas de homem". "A noite é de festa e alegria. É uma gratidão ter você agora como piracicabano. O brasão da cidade contém a frase em latim "Audacioso na inteligência e no trabalho", e você retrata muito bem essa figura."
O professor José Renato Martins, da Unimep, enfatizou que seu ex-aluno, de quem em 2001 foi orientador no trabalho de conclusão de curso, "é digno do título". "É uma pessoa que crê na causa a que serve, é um homem cuja fé e entusiasmo inspiram todos os que direta ou indiretamente convivem com ele. É um ser humano que compreende a própria responsabilidade diante da vida."
Também assistiram à cerimônia o juiz de Direito Luiz Antonio Cunha; o advogado José de Medeiros, ex-professor da Unimep; o coordenador do grupo de práticas jurídicas da Unimep, João Miguel Ribeiro; o delegado de polícia Eduardo Alberto Pinca; e o delegado da Junta Militar em Piracicaba, tenente Julio Moacir da Silva Fagundes.