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17 DE MAIO DE 2019

Ativista denuncia genocídio do povo preto e apoia movimento estudantil


Lia Teodoro Martins, acompanhada por militantes da comunidade negra sintetizou a indignação da juventude contra as mazelas do ensino e da violência direcionada aos negros



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (1 de 2) Salvar imagem em alta resolução

Ativista denuncia genocídio do povo preto e apoia movimento estudantil

Ativista denuncia genocídio do povo preto e apoia movimento estudantil
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Ativista denuncia genocídio do povo preto e apoia movimento estudantil






Lia Teodoro Martins, funcionária pública, em representação ao povo preto, vítima de mais de três séculos de violência institucionaliza no Brasil, ocupou a tribuna popular, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, na noite de ontem (16), na 28ª reunião ordinária, na temática sobre o genocídio da população negra. 

"Foram três séculos de escravidão no Brasil, 300 anos de injustiça, dores e sofrimento, 300 anos reafirmando ódio ao mesmo povo, roubando culturas, terras e identidade, chicoteando, prendendo e matando crianças, mulheres, homens, famílias ", considerou a ativista negra, que também reiterou apoio ao movimento estudantil, contra as medidas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), no contingenciamento de verbas à educação.

"Quatro, quatro tiros contra Mariele, mulher, vereadora e mãe. Cinco, cinco adolescentes. Eram eles: Roberto, Carlos Eduardo, Wilton, Wesley e Clayton, que ao sair para comemorar o primeiro emprego morreram com 111 tiros."

"Seis, sete, oito, nove, 10, 11, 12, 13. Treze de maio, o dia do maior Fak News do Brasil, pois ainda cultivam e reafirmam o ódio e, ainda roubam cultura, terras, identidade e, ainda nos violentam e nos privam de oportunidades. Ainda nos matam, mas no dia 13, insistem em falar que somos livres."

"Quatorze, idade de marcos Vinicius, que com uniforme de escola foi assassinado pela PM. Quinze, 16, 17, 18, 19, 20. Salve Zumbi e todos os ancestrais, pois a liberdade que nos permitiram ter efetivou-se pela morte dos nossos."

"Vinte e um, 22, 23 e três minutos, a cada 23 minutos morre um jovem negro no Brasil. E, eu poderia contar, contar e contar, até no 38, idade que Cláudia Ferreira foi assassinada e arrastada pela PM quando ia comprar pão. Eu poderia continuar contando 40, 60, que a cada dezena eu teria uma história para contar, uma morte para virar estatística."

"Setenta e sete. De todos os homicídios do Brasil, 77% são de jovens negros. Setenta e oito, 80. Oitenta tiros, contra uma família. O crime?. Não existe. Mas, Evaldo Rosa era preto, sua mulher preta, as crianças pretas. Toda uma sociedade racista e assassina, representada na figura de nove policiais, que reafirmavam o mesmo ódio, que eu vim contando desde o primeiro número, que passou pelo três, quatro, cinco, 13, 23, 77 e mesmo que fosse necessário apenas um tiro para matar, foram precisos mais 79 pra gente lembrar que três séculos foram poucos. Dia 13 foi mentira. Cor de pele na cadeia, se reclamarem eles te matam."

"A gente também mataria. Mas, somos nobres, descendentes de reis e raínhas e, que nos ensinaram que o ódio não é o caminho. A nossa cultura é oral. E, por isso, a princípio, só queremos conversar. Queremos ser ouvidos.  Nossa cultura também é de guerreiros, que sabe quando e como agir. Age com eficácia, pra depois defender os seus, nem que pra isso tenha que morrer. Aliás, nem em morte a gente acredita.  E, para finalizar: Parem de nos matar!, pois nunca estivemos sozinhos. E, unidos, nós somos mais vivos!", agradeceu a ativista, que também recebeu aplausos da platéia e dos vereadoeres pelas suas considerações. 

Lia Teodoro Martins também se dirigiu ao plenário para solicitar que o pessoal que portava as plaquinhas ficassem em pé, reiterando que a manifestação é passiva, com alguns números que mostram o genocídio do povo preto. 

"As plaquinas estão furadas para justamente evidenciar os 80 tiros e mostra a manifestação do ódio que existe em nossa sociedade, o tempo todo. O genocídio é fruto do racismo. E, nós estamos hoje aqui pra falar que nunca. Jamais, estivemos calados. Piracicaba mata preto também. E, hoje nós estamos aqui para dizer que não vamos ficar calados. Obrigada", finalizou Lia Martins.  



Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Imagens de TV:  TV Câmara


Tribuna Popular

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