29 DE NOVEMBRO DE 2017
A reunião foi coordenada pelo vice-presidente da Câmara de Rio Claro, Julinho Lopes
Rio Claro promove reunião do Fórum em Defesa do Corumbataí
As dependências da Floresta Estadual de Rio Claro - Edmundo Navaro de Oliveira, auditório, na manhã desta quarta-feira (29) foi palco para a realização da 7ª edição do Fórum Permanente em Defesa do Rio Corumbataí, com a presença de seu idealizador, o vereador de Piracicaba, José Aparecido Longatto (PSDB). O vice-presidente da Câmara de Rio Claro, Julinho Lopes coordenou os trabalhos da reunião. Na oportunidade foram apresentados trabalhos desenvolvidos em prol do meio ambiente regional.
O Fórum foi instituído em 13 de fevereiro de 2004, composto por oito cidades: Analândia, Charqueada, Corumbataí, Ipeúna, Rio Claro, Santa Gertrudes e Piracicaba, tendo como intuito principal unir forças políticas entre as cidades, na busca de recursos que priorizem a recuperação e promoção da bacia do rio Corumbataí.
Na formação diretiva da mesa dos trabalhos, o coordenador do Fórum, José Aparecido Longatto; o vice-presidente da Câmara de Rio Claro, Julinho Lopes, vereadora de Itirapina, Elisabete de Oliveira, o presidente da OECCO (Organização Ecológica e Cultural Corumbataí), Antonio Cesário Longatto, Walter Castilho, superintendente do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba), representando o presidente José Rubens Françoso; o representante do prefeito municipal de Analândia, João Gilberto Tendolini, Leonardo Lucas, da Agência PCJ (Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), Mauro Degea, vereador de Corumbataí; Eneas Antonio, diretor da Casa da Agricultura de Rio Claro; Cláudio José, diretor da Unesp, e o promotor de Justiça de Meio Ambiente de Rio Claro, Gilberto Porto Camargo.
Também participaram da reunião a vereadora da cidade de Corumbataí, Vera Lúcia Aparecida Altarúgio; o coordenador de projetos do PCJ, Guilherme Valarine; Diego Heron Pinheiro, presidente da Câmara de Ipeúna; Glalson Chamon, vice-prefeito de Santa Gertrudes; Cláudio José Zuben, diretor do Instituto de Biociências da Unesp; Enéas Antonio Fergusson, diretor da Casa da Agricultura de Rio Claro e Leonardo Lucas, da Agência PCJ.
Na abertura dos trabalhos, Julinho Lopes enfatizou suas realizações e, destacou o legado do vereador Longatto, no pioneirismo de trabalhar na temática em prol da bacia do rio Corumbataí. “A crise está ai, cada vez mais cobrando do setor industrial uma posição na defesa ambiental”, disse.
O diretor da Unesp, Cláudio José também fez uma saudação aos participantes do evento, enfatizando a importância de agregar esforços na defesa ambiental, falou da importância do despertar da conscientização sobre a preservação ambiental. Reconheceu que a ação é regional. “Vamos trabalhar juntos, focar a questão da água”, disse
Para uma breve saudação, a vereadora de Itirapina, Elisabete de Oliveira falou de resultados que o Fórum já trouxe para a região, o que já pode ser verificado nos finais de semana, com as inúmeras pessoas que visitam a região, a exemplo de ação no balneário Santo Antonio, conhecido como Broa.
Também citou ação do legislativo de Itirapina, junto ao Gaema (Grupo de Atuação de Defesa do Meio Ambiente), com o apoio do promotor público Ivan Carneiro Castanheiro, em atuação que fala do balneário, sendo que após conhecer a situação foi feita ação de educação ambiental.
Elisabete também pontuou que no dia 6 de dezembro, haverá audiência pública com o promotor, em várias ações pontuais, em visitas a mineradoras. “Cabe a nós todos, junto com a Unesp, o estudo para a implantação do Geoparque, que movimentará turismo e pequenos produtores, em defesa do meio ambiente.
Em nome da PCJ, Leonardo Lucas reconheceu que o Fórum já está trazendo resultados positivos, no que agradeceu a todos.
O vereador Mauro Degea, de Corumbataí, reconheceu o grande sucesso do Fórum, fruto de luta árdua e forte, no que desejou bom evento a todos. O diretor da Unesp, Cláudio José, engenheiro Agrônomo, discorreu sobre sua vida profissional, em Itirapina. Conclamou a todos a irem à luta, em prol do meio ambiente.
Antonio Cesário Longatto, da OECCO reiterou a importância de sementinha plantada há muito tempo, desde as pessoas mais simples, sendo que nosso meio ambiente precisa ser preservado, com um único objetivo, deixar um mundo melhor para nossos filhos e netos. “Nossa participação será permanente. Temos aqui um paraíso local, com árvores centenárias, que foram preservadas. A ordem é preservar as nascentes e meio ambiente”, disse.
O promotor do Meio Ambiente, Gilberto Porto Camargo ressaltou a importância de todo este trabalho desenvolvido em prol da defesa da bacia do Rio Corumbataí, em visão crítica e participativa junto ao Ministério Público, com evidência na defesa dos recursos hídricos da região.
“O progresso faz com que o homem não dê a devida valorização ao meio ambiente. Estamos enfrentado grandes indústrias, em grande escala”, destacou o magistrado, que também acentuou as parcerias, a exemplo da Unesp, obrigando a reparação dos danos.
“Estes fatores requerem a participação de todos. Nossos recursos hídricos já estão no vermelho. É um campo de futebol por dia. É melhor prevenir do que remediar. Medidas compensatórias não cobrirão as áreas afetadas. Estamos de portas abertas, para investigar e apurar”, concluiu o promotor.
O idealizador do Fórum, José Aparecido Longatto falou da felicidade em tocar um projeto iniciado desde o ano de 1994, com frutos agora, em trabalho árduo, de conscientização. “Homem é o pior animal na face da terra, pois premedita o mau. É importante estarmos em constante reciclagem”, destacou o parlamentar.
Longatto também falou das primeiras reuniões do PCJ, que aconteceram em Rio Claro. “Estamos aqui para falar da perpetuação da vida na face da terra, o que envolve os elementos básicos, como o água, ar, alimento e a luz. “O ser humano faz parte da natureza”, disse.
Longatto também falou do ano de 1995, em ação contra Rio Claro, que veio para defender o rio.Corumbataí. “Não salvaremos o rio sem parcerias. Nós precisamos mudar este mecanismo, tivemos a coragem de aumentar o percentual para tratar o esgoto em Piracicaba e agora com a destinação do lixo, sendo que o prefeito abraçou o projeto de preservação das nascentes, sob fiscalização dos vereadores. Agora estamos cobrando o exemplo de parceiros. Nosso rio não vai morrer, pois temos parcerias. O projeto da Unesp, Geoparque fecha com chave de ouro a defesa ambiental da região”, disse o parlamentar, que também falou do balanço geral que fará, para ver as cidades que menos compareceram nas reuniões do Fórum, sendo que isso poderá reverter em representações públicas destas municipalidades.
Longatto concluiu suas considerações anunciando a próxima reunião do Fórum, que fecha o ciclo de palestras de 2017, em Analândia, no mês de fevereiro de 2018.
Apresentações
Diógenes Gangís, da empresa BRK mostrou dados sobre os mais de 10 anos de atuação na defesa ambiental de Rio Claro, na coleta e afastamento de esgoto, englobando os 203 mil habitantes, 99,8% do esgoto coletado, índice de 92% de tratamento, nos cinco distritos, com suas estações de tratamento e estações elevatórias.
Também considerou os 737 quilômetros de extensão da rede de esgoto, em 59 pontos de monitoramento, incluindo rios e córregos.
Diógenes também mostrou a eficiência operacional da empresa, acompanhado da hidrologia municipal de esgoto, em trabalho constante de monitoramento, de verificação de córregos. Também falou das três etapas de atuação da empresa, em recursos na ordem de R$ 138 milhões, na segunda etapa. Além de considerar o monitoramento dos afluentes industriais.
Também abordou sobre programas de responsabilidade social, a exemplo do programa Portas Abertas, com escolares; Olho Vivo, mais de 13 mil beneficiários, na coleta de óleos, evitando que vá para o rio, além do lixo, com enfoque na conscientização das crianças sobre a destinação destes resíduos. E, também apresentou o Calendário Ambiental, na realização de concurso anual, de desenhos com o objetivo de estimular alunos da rede municipal.
Tatiane Surian, do DAAE (Departamento Autônomo de Água e Esgoto), de Rio Claro apresentou trabalhos pontuais, em ribeirões, o que também inclui modelo manancial da Vila Cristina, estrada da Bomba, bairro antigo, que traz a história da cidade.
Tatiane informou que em Rio Claro há 1447 nascentes catalogadas, em áreas públicas e urbanas, sendo que 8% estão degradadas. Ainda comentou sobre plantio de 110 mudas, de julho a novembro de 2017, que envolveu crianças e adolescentes. Tatiane ainda falou do projeto de compensação ambiental, em trabalho de plantio, no entorno das nascentes. “A proteção das águas depende da proteção das árvores”, concluiu.
O diretor de Silvicultura, da secretaria de Agricultura de Rio Claro, Sérgio Litholdo também ministrou palestra na reunião do Fórum, apresentando diagnóstico que demonstra a necessidade do plantio de inúmeras árvores para recompor o meio ambiente da região.“Temos que tomar ações práticas, urgentes”, disse.
Sérgio também falou do programa de arborização em logradouros públicos, totalizando 4.529 mudas, em doação à população, na verificação de nascentes. Incluindo a horta municipal, na implantação de 3.300 metros de canteiros, sem agrotóxicos, com o destino da produção para fins sociais.
Ainda falou do projeto Semente Esperança, na capacitação de agricultores convencionais em orgânico, além de projeto que trabalha com crianças na criação de hortas caseiras; do programa Jogando Limpo, em troca de kit de verduras por materiais recicláveis.
“Queria passar à reflexão, para que se alojasse em nosso coração, a criação de atividade prática urgente, a partir de 2018”, concluiu.
O secretário de meio Ambiente de Rio Claro, Antonio Penteado falou da alegria em compartilhar alguma coisa sobre meio ambiente, falando da missão sem secretariar a pasta, em tarefa que exigiu muitos desafios. “O novo modelo estrutural da secretaria do meio Ambiente, hoje, cuida com mais foco a questão ambiente, considerando os recursos hídricos, em trabalho na parte de licenciamentos, esperando que nos próximos anos a secretaria ganhe relevância”, disse.
Penteado também falou dos desafios, ao ter que administrar nos próximos anos, sendo que o principal desafio hoje é a questão dos resíduos, na luta de renascer as nascentes, em situação de contexto que já vem sendo tratado com a sociedade há bastante tempo.
Também comentou sobre a questão hidrológica da região de Rio Claro, em grande variedade de nascentes importante aos programas de recuperação, pensando em projetos de urbanismo, concentrando água no subsolo.
“A questão de resíduos no Brasil afeta todas as cidades, sendo também um problema internacional. Com ilhas praticamente cobertas por resíduos. A limpeza urbana vai impactar com o problema das águas”, disse.
O professor José Alexandre Perinotto, da Unesp, na apresentação do Geoparque falou da mola propulsora ao turismo, que envolve as cidades da bacia hidrográfica do Corumbataí, sendo que a união dos municípios é uma realidade mundial. Citou que o Geoparque é o melhor exemplo disso em qualquer parte do mundo, totalizando 127 unidades, em 35 países. Incluindo mais um, na América do Sul, referente ao “nosso”, na bacia do Corumbataí.
Perinotto lembrou que o projeto teve início com o PCJ, em posterior parceria com a Unicamp e Unesp, promovendo o desenvolvimento social e econômico, preservando a cultura regional, em múltiplos olhares sobre a bacia, em referenciais históricos e culturais, com vários recortes, a exemplo da ciesta, em Analândia.
Perinotto também falou da geologia particular antiga, de 250 milhões de anos atrás, com registro da separação dos continentes, incluindo o Aqüífero Guarany; com geomorfologias únicas, com cavernas e grutas, em potencial turístico enorme, com antigas fazendas, fabricação de cachaça e vinhos, tendo o turismo como mola mestra.
Perinoto ainda falou da sustentabilidade pelo turismo, desenvolvimento pelo respeito ao meio natural e participação da população, sendo que o planejamento se dará em forma de região, a exemplo do Fórum, o que provoca animação do território, despertando sentimento de pertencimento, somando todos os valores, dando sustentação ao Geoparque, que é referendado pela Unesco.
Ciesp
Mauricio Silveira Pereira, representando o Ciesp falou da temática “Água: e Agora?”, reconhecendo a condição da água ser essencial à vida, traçando um histórico do uso da água nas indústrias, mediante decreto, onde existe cobrança muito grande, sendo que antes de todo este processo há que se ter a consciência sobre cuidar do meio ambiente, em bom uso da água, na obrigação de tratar efluentes.
Também informou que há mais de 13 anos o Ciesp instituiu prêmio para o uso racional da água. Ainda abordou sobre a crise hídrica, de 2015 a 2016, em plano de contingência, onde foi tirado água da região. Além de comentar sobre a condição de Rio Claro ser uma cidade diferenciada, com forte potencial de água, que disponibiliza água para a instalação de empresas, que geram emprego e desenvolvimento. Também comentou sobre legislação do reuso da água. Disse que ninguém premia quem trata e, cobra-se multa de quem não trata. “Queremos regras e medidas justas, premiar quem trata”, disse.
Na sequencia do Fórum foi apresentado um vídeo sobre o Corumbataí, produzido pelo vereador de Rio Claro, Julinho Lopes, em 100 mil árvores, em 10 anos, no despertar da importância dos rios e preservação ambiental.