29 DE MAIO DE 2018
Antonio Ribeiro de Almeida Júnior ocupou a Tribuna Popular na 31ª reunião ordinária
Ele lamentou a tentativa de eliminar, na educação, os debates sociais
O tema "Educação e Democracia" foi abordado na Tribuna Popular da Câmara, nesta segunda-feira (28), na 31ª reunião ordinária, por Antonio Ribeiro de Almeida Júnior, professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e coordenador do Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da USP (Universidade de São Paulo).
Para Almeida Júnior, o país atravessa um dos momentos mais dramáticos de sua história política. "Há uma grande discórdia sobre a avaliação do presente e mais ainda quanto aos caminhos para superar esta perturbadora situação", lamentou.
Segundo o professor, parte dos brasileiros, em especial os grupos dirigentes, prega que a solução para os problemas atuais é um conjunto de medidas de austeridade na economia e até ditatoriais nos campos cultural, social e educacional. "Negam os históricos problemas sociais do país, que são a desigualdade, o racismo, a concentração da propriedade da terra e da propriedade urbana, a opressão das mulheres, dos grupos LGBTi, o massacre de indígenas, o abandono dos mais pobres e mais vulneráveis".
Ao falar sobre o "inconformismo político" de determinadas camadas que desestabilizou o país, ele lembrou que existe um trabalho para passar leis que podem silenciar os representantes das minorias, algo que pode gerar um "novo entulho auroritário" e fazer com que os mais pobres paguem a conta pela crise.
Um dos fatos lamentados pelo professor está a tentativa de eliminar, na educação, os debates sociais, a partir da afirmativa de que toda análise da sociedade brasileira assume um caráter partidário. Vários exemplos foram citados por Almeida Júnior, que relembrou fatos recentes do presente e do passado. "Ignoramos a história e, por isso, a repetimos de modo trágico", disse.
Ele disse que o Brasil -- e também Piracicaba -- devem perder com a aprovação ou avanço de leis que visam eliminar opositores políticos. Para contextualizar, Almeida Júnior comentou sobre as contribuições do feminismo para a sociedade. "Negar os problemas, banindo da educação os debates, não contribui para a resolução das questões. Piracicaba não deve embarcar nestas propostas obscurantistas, que só atrasarão o município e o país. Precisamos ter coragem", completou.
Seu pronunciamento também apontou a sexualidade hegemônica, o combate à ignorância com conhecimento e sabedoria. E destacou duas tarefas fundamentais da educação: a de fornecer conhecimentos teóricos e instrumentos para vivências democráticas. "Não pode-se esquecer do convívio, da solidariedade, dos valores sociais que são a base para a vida em sociedade", opiniou, ao citar, na sequência, a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Almeida Júnior pediu aos vereadores que se posicionem contra as leis que avultam contra a educação e se comprometam com uma educação pública de qualidade. "Precisamos ensinar a solidariedade e a democracia para as novas gerações. Podemos encontrar os recursos, se assim o quisermos. Não podemos substituir um Estado com compromissos sociais por um Estado que não educa, nem forma cidadãs e cidadãos e depois pune, criminalizando os mais pobres."