À frente de um amplo estudo para a inclusão de insetos na alimentação humana, a bióloga Patrícia Milano apresentou um resumo de seus estudos pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) aos vereadores durante a 38ª reunião ordinária, nesta quinta-feira (27).

Ao ocupar a Tribuna Popular, a pesquisadora citou a população de 9 bilhões de pessoas projetada para 2050 pela FAO (braço da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) como fator que deveria impulsionar a busca por fontes alternativas de proteína. "Não haverá espaço no planeta para tanto gado, aves, peixes ou suínos, pois demandam certo desmatamento para serem produzidos", ponderou.

Haveria ganhos, segundo Patrícia, com a adição de insetos à alimentação humana ––defendida por estudiosos desde, pelo menos, 1885. "Eles têm um potencial nutricional muito grande: são ricos em proteínas, minerais, vitaminas, ácido fólico, biotina e gorduras monoinsaturadas", disse, citando ainda a diferença no percentual de proteínas entre 100 gramas de carne de boi e 100 gramas de cupins de madeira: 24% a 64%.

De acordo com a pesquisadora, hoje no mundo são conhecidas 1.900 espécies de insetos comestíveis, cujos benefícios não se resumem apenas aos efeitos na saúde, como o reforço do sistema imunológico. "Com a criação de insetos, não é preciso desmatar, a quantidade de gás metano e de efeito estufa gerado é zero ou muito baixa e o voume de água consumida por quilo de proteínas é muito menor se comparado a outros animais", exemplificou.