16 DE MAIO DE 2022
Márcia Zuleika Pereira da Silva trouxe importantes reflexões sobre atuação dos profissionais dos direitos humanos no encontro ocorrido na última sexta (13)
Márcia Zuleika Pereira da Silva, assistente social, tutora no curso de Serviço Social e ministrante de cursos
Na última sexta-feira (13), a Escola do Legislativo da Câmara Municipal "Antonio Carlos Danelon - Totó Danelon" e o Núcleo de Educação Permanente da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) promoveram a palestra “Desafios do Assistente Social em tempos de retrocessos”, com mediação de Rosimeire Ap. Bueno Jorge, funcionária da SMADS, e participação da convidada Márcia Zuleika Pereira da Silva, assistente social, tutora do curso de Serviço Social da Faculdade Anhanguera e ministrante de cursos de capacitação.
O encontro ocorreu on-line na plataforma Zoom, com transmissão simultânea no Youtube, e compôs a programação do eixo de difusão cultural da Escola do Legislativo. Somando-se os participantes dos diferentes meios, o público contou com cerca de 60 pessoas, dentre vários profissionais da área e interessados no geral, que acompanharam atentos a discussão, enviando elogios e perguntas pelo bate-papo.
Ao adentrar o assunto, a palestrante Márcia Zuleika fez um retrospecto histórico da formulação da Constituição Federal de 1988, que contou com a participação de civis e possibilitou uma aproximação com a democracia participativa ao descentralizar a elaboração das políticas públicas. Segundo a professora, a chamada Constituição Cidadã, que representou grande avanço no contexto do fim da ditadura civil militar, sofre hoje com seu desmonte. Em analogia, ela lamentou: "Construímos uma Constituição, mas hoje parece que ela está como água em nossas mãos, se esvaindo. Nós temos que fechar os dedos e resgatar nossos direitos”.
A tutora do curso de Serviço Social da Faculdade Anhanguera apontou também a necessidade de atenção e sensibilidade por parte do profissional da assistência social frente às diversas desigualdades sociais e desrespeito aos direitos humanos observados no país, não permitindo sua naturalização. "Nós trabalhamos com essa situação no dia a dia, temos que ser sensíveis a ela”, enfatizou.
Diversos foram os elementos elencados pela assistente social como desafios a serem enfrentados pelos colegas de profissão, como a corrupção, a crise ética, a cultura do machismo, o racismo, a intolerância política ou religiosa, o fascismo, a ofensiva neoliberal no país, dentre outros. Ao longo de sua fala, destrinchou as consequências de uma sociedade mais individualista, intolerante e indiferente às opressões e à exclusão. Para ela, "a estratégia é esconder as mazelas da sociedade debaixo do tapete e culpabilizar aquele que está sofrendo".
A palestrante convidada fez questão de ressaltar que a categoria dos assistentes sociais não pode ser alienada, mas sim enxergar a possibilidade de avanços e estar à frente deles. "Estamos vivendo um retrocesso, mas não podemos desanimar. Nossas bandeiras defendem muitas causas, nosso código de ética também. E é essa a base da nossa ação. Não é o preconceito, mas sim lutar contra ele em todas as suas formas", reivindicou.
Referindo-se ao Dia do Assistente Social, celebrado em 15 de maio, Márcia Zuleika exaltou-o como um dia de luta, demonstrando o orgulho que os profissionais devem ter por escolherem a resistência social - incluindo, nisso, a luta por seus próprios direitos, como melhorias na área e aumento dos salários. "A esperança de que nosso país pode ser melhor perpassa nossa contribuição. Estamos aqui como categoria, pois, lá atrás, fizemos uma escolha - a de estar do lado do trabalhador, do movimento, da luta. Estar do lado de um país melhor", finalizou a palestrante.
O evento pode ser conferido na íntegra no vídeo acima.