O hall do salão nobre da Câmara recebe até o próximo dia 30 a exposição "Vivências criativas no trabalho social: a arte em ser um trabalhador do SUAS - Sistema Único de Assistência Social". Composta por trabalhos manuais produzidos durante uma formação voltada a profissionais dos Creas (Centros de Referência Especializado de Assistência Social) I, II e III, a mostra foi aberta ao público nesta segunda-feira (12).

Nela, é possível ter contato com itens como fotos, cartões-postais, flâmulas, bordados e bonecas abayomis. Também há cartas, em que os participantes das atividades expressaram emoções por meio de frases como "Reencontrando o eu interior, resistindo às batalhas" e "Para a garota que está procurando o seu lugar no mundo, mas que já é dona do próprio nariz".

Com entrada gratuita, a exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e é uma realização da Secretaria Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família, com parceria da Câmara e do mandato coletivo A Cidade é Sua, da vereadora Silvia Morales (PV), presente no evento de abertura.

"Sou engenheira civil, mas fiz mestrado em urbanismo em favelas. Por ter trabalhado 20 anos na Emdhap [a extinta Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba] e ter tido experiência profissional com muitas assistentes sociais, algumas me encontram e falam que 'A Silvia é uma engenheira social', porque habitação é um direito e trabalhávamos juntas", comentou a vereadora.

"É fundamental a valorização do trabalho do Estado, porque, sem o compromisso do Estado, não será possível amparar e apoiar aqueles que mais precisam. Temos a convicção, no mandado coletivo, de que sem o Estado não há atendimento, não há política pública, então sempre estaremos do lado do fortalecimento dos serviços que são garantidos pelo Estado", completou Pablo Carajol, integrante do mandato coletivo A Cidade é Sua.

A abertura da exposição foi seguida de três apresentações, no salão nobre, que contextualizaram a origem da ideia, que partiu da socióloga Fernanda da Silva Souza, e permitiram o compartilhamento de relatos de membros das equipes dos Creas sobre os ganhos trazidos pelas atividades lúdicas.

"A exposição é resultado de uma formação 100% prática juntos aos serviços de assistência social do município, que gerou uma materialização que culminou nessas peças que agora são exibidas ao público", explicou Fernanda, que atua na Divisão de Gestão do SUAS.

"Através de experiências artísticas e criativas, vivenciamos aquilo que pretendemos realizar com os nossos usuários: o fortalecimento de vínculos, o uso das artes para expressar sentimentos, para fazer um acolhimento. Fizemos um processo de convivência e formação daquilo que pode vir a ser o atendimento junto ao usuário, que na verdade já está se refletindo na prática", completou a idealizadora da mostra.

No total, houve seis encontros com as equipes dos Creas, nos quais foram trabalhadas cinco formas de linguagem: cartas e cartões-postais, mapas afetivos, bonecas abayomis, fotografias e estandartes. E cada uma dessas linguagens teve um tema vinculante: memórias, autocuidado, território e fortalecimento de vínculos, entre outros. "A assistência social faz trabalho social e usa as manualidades e a arte como ferramentas para atingi-lo, e não como algo em si mesmas", distinguiu Fernanda.

Os encontros, acrescentou a socióloga, serviram como "instrumentos importantes para traçar diagnóstico" dos territórios de atuação dos Creas e seus usuários, além de terem gerado o resgate de histórias geracionais e ancestrais, a tradução das emoções utilizando novas linguagens e "superação e surpresa pela descoberta de novas capacidades" pelas pessoas participantes da iniciativa.