12 DE MARÇO DE 2024
Elisangela Pauli Tibet, em discurso na tribuna popular desta segunda (11), falou dos desafios ainda enfrentados pelas mulheres e lamentou feminicídios ocorridos na cidade
Elisangela Pauli Tibet, Presidente do Conselho da Mulher de Piracicaba, discursou na tribuna popular da 11ª Reunião Ordinária, na noite desta segunda (11)
Os desafios e as violências cotidianas pelas quais muitas mulheres ainda hoje são submetidas foram tematizados em discurso na tribuna popular desta segunda-feira (11), na 11ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Piracicaba, por Elisangela Pauli Tiber, Presidente do Conselho da Mulher de Piracicaba.
“Me preocupa que a gente olhe para a violência só quando ela, de fato, vem na forma física, porque a violência se perpetua em vários âmbitos, desde a violência psicológica, emocional, patrimonial, sexual e física. Nós estamos diariamente sofrendo microagressões”, falou.
Segundo Elisangela, a violência contra a mulher se materializa, por exemplo, na dificuldade em se obter vagas em creches para seus filhos, na demora na realização de exames médicos e no medo das mulheres circularem livremente pelas ruas, sem serem vítimas de importunações e assédios.
“Me sinto exausta e acredito que esse seja o sentimento de muitas outras mulheres. [Estamos] exaustas de andar nas ruas com o coração acelerado, olhando por cima do ombro. Exaustas por planejarmos nossas rotas com base na iluminação das ruas e na presença de outras pessoas. Exaustas por questionarmos se nossa roupa nos torna um alvo. Estamos exaustas de sermos vistas como alvos em potencial de violência, seja assédio verbal, seja a dificuldade de uma mãe que não consegue levar o seu filho para ser atendido em um pediatra, seja pelas dificuldades que temos em garantir uma vaga de creche para nossos filhos, porque isso traz uma cadeia de outras violências”, falou a oradora.
Ela ainda acrescentou: “vocês precisam abrir o leque da reflexão, porque as violências são diariamente cometidas contra nós. Uma mulher violentada reflete diretamente na sua prole”.
A oradora ainda lamentou os dois feminicídios ocorridos neste ano na cidade, e pediu a atuação de todos na construção de políticas públicas voltadas ao combate à violência contra as mulheres:
“Duas mulheres, uma de 29 e uma de 32. Uma delas deixou 2 filhos. Duas vítimas, dois órfãos do feminicídio. Com a morte dela, a violência não é interrompida, ela se perpetua. “Mãe, mãe…” Quantas vezes essas crianças vão dizer “mãe” e não serão ouvidas? Será que temos condições de nos sensibilizarmos? Será que podemos olhar uns aos outros e lembrarmos que ninguém nasce violento, mas se torna violento? Como estamos caminhando? O que queremos para esse mundo? O que vocês querem para os seus filhos e netos, para as crianças que estão aqui? Eu estou exausta. Uma mulher é vitima de estupro a cada 10 minutos. Num mundo com mais de 190 países, nós somos o 5º no ranking de mulheres que são mortas somente por serem mulheres. Estranho que ainda essa discussão permaneça na maior parte em rodas de mulheres. Queremos a atuação de todos vocês”, disse a Presidente do Conselho da Mulher.
O discurso de Elisengela Pauli Tiber pode ser revisto, na íntegra, no início desta página.