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29 DE AGOSTO DE 2019

Espaço Pipa contribui com sugestões para tornar Câmara mais inclusiva


Profissionais que trabalham na instituição e pessoas com síndrome de Down atendidas por ela percorreram os dois prédios do Legislativo para apontar o que pode melhorar.



EM PIRACICABA (SP)  

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Marcela Vacchi Andia, 28, quer "sair de casa". O desejo, que vem acompanhado de "trabalhar logo e ter um salário", se refere à vontade da jovem com síndrome de Down de buscar independência e iniciar uma vida junto com o namorado.

Mas, se depender da Câmara de Vereadores de Piracicaba, Marcela também poderá "sair de casa" para, sempre que quiser, visitar a sede do poder que melhor representa as diferentes parcelas da população. Encontrará não só portas abertas, mas toda uma acolhida à altura do que lhe é de direito. Capacitar os servidores para atender todo público que vem à Casa de Leis é um dos principais objetivos do "Câmara Inclusiva".

O projeto teve, nesta quinta-feira (29), a primeira de um conjunto de visitas que estão sendo programadas para que entidades voltadas a pessoas com deficiência em Piracicaba contribuam com sugestões para a melhoria do acesso e do atendimento prestado na Câmara. Profissionais que trabalham no Espaço Pipa e pessoas com síndrome de Down atendidas pela instituição percorreram os dois prédios do Legislativo para apontar o que pode ser melhorado.

Funcionários da Casa acompanharam a visita, que começou pelo setor de protocolo, plenário e salão nobre, no prédio principal, com entrada acessível pela rua Alferes José Caetano, e terminou no prédio anexo, com entrada acessível pela rua do Rosário, em que o grupo de seis pessoas conheceu as duas salas, no térreo e no quarto andar, usadas para as atividades da Escola do Legislativo.

Marcela achou "legal" o passeio, enquanto seu colega de Espaço Pipa, Gilberto Ambrósio Jr., 47, mostrou interesse pelo plenário, onde ouviu da servidora Érica Dinis explicações didáticas sobre o funcionamento das reuniões ordinárias. "Aqui os vereadores se reúnem para discutir o futuro da cidade, toda segunda e quinta à noite", disse a funcionária, mostrando onde se senta cada um dos 23 parlamentares.

A psicóloga Paula Lima, que atua no Espaço Pipa e integrou o grupo na visita à Casa de Leis, destacou que o uso de linguagem acessível é um dos principais aspectos a serem observados dentro da proposta do "Câmara Inclusiva". "Para o atendimento aos adolescentes e adultos com síndrome de Down, são essenciais o acolhimento e a recepção por parte de quem trabalha aqui", afirmou.

Paula deu dicas sobre como interagir com esse público. "A comunicação deve ser bem clara e acessível, olhando para eles e falando de uma maneira resumida. Se possível, ilustrar com exemplos e, no final, sempre perguntar se compreenderam o que foi dito para que realmente fique claro, porque às vezes achamos que sim, quando não. Então, sempre se certificar: 'Você entendeu o que eu quis dizer?' e dar abertura para fazerem perguntas também."

A psicóloga aconselhou, ainda, que os servidores da Casa sejam treinados para apresentar aos visitantes com síndrome de Down explicações didáticas sobre cada ambiente e departamento da Câmara. "Bem resumido mesmo, para ficar fácil. Ao longo do tempo, a equipe vai internalizando e entendendo que o acesso a eles é por meio de uma comunicação mais clara. Ajudam bastante também desenhos, figuras e filmes explicativos, pois eles compreendem mais o visual do que o falar."

Mãe de Taciara, 17, Luzia Aparecida Gomes de Oliveira, 55, elogiou a iniciativa do "Câmara Inclusiva". "Às vezes, chegamos aos lugares e ficamos assustados porque não sabemos como as pessoas com síndrome de Down vão ser recebidas. E conhecer que a Câmara está caminhando para propiciar acesso para elas nos deixa muito mais confiantes, com a certeza de que posso mandar minha filha ir sozinha porque vai ter um acolhimento bem próprio para ela", avaliou Luzia.

A técnica de laboratório vê no projeto da Casa de Leis "exemplo para outros lugares". "Todo local que tiver a acessibilidade que a Câmara está procurando proporcionar às pessoas com síndrome de Down vai dar, para a familia, a segurança de que elas vão ser recebidas da forma adequada."

O presidente da Câmara, Gilmar Rotta (MDB), declarou ser "muito importante" a visita do Espaço Pipa à Casa de Leis. "Contribuam com a gente. Estamos querendo nos adaptar às necessidades que forem apontadas e vocês, que trabalham com isso no dia a dia, podem nos ajudar e, assim, evitar que façamos algo errado."

Diretor do Departamento de Documentação e Transparência, Bruno Didoné Oliveira salientou que a proposta do "Câmara Inclusiva" é ampla e envolve a concepção de que a acessibilidade passa também pelas formas de falar, atender e agir com o público que vem à sede do Poder Legislativo piracicabano.

"O 'Câmara Inclusiva' é um dos braços do Parlamento Aberto, bandeira que a Câmara adotou de forma muito inteligente, de se abrir a 100% da população. Com as visitas guiadas e a experiência das pessoas com deficiência de estar na Câmara, queremos que elas nos passem quais os possíveis gargalos que ainda temos com relação não só a barreiras físicas, mas também atitudinais", explicou Bruno.

O diretor contou que a intenção é qualificar os servidores, principalmente os que prestam atendimento direto ao público, como recepcionistas e assessores de cerimonial, para a acolhida de pessoas com deficiência nos diversos eventos promovidos pela Casa. "A barreira física muitas vezes é visível, percebemos que há um degrau ali, mas a atitudinal nem sempre se consegue identificar de cara."

"Quando as pessoas com deficiência vêm à Câmara, acabam trazendo essa visão para nós, e este é o espírito dessas visitas guiadas: fazer que, com essa experiência na Casa, nos orientem sobre qual atitude devemos tomar para eliminar as barreiras físicas, arquitetônicas e atitudinais, a fim de melhorar cada vez mais o acolhimento de todos no ambiente da Câmara", concluiu Bruno.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Câmara Inclusiva

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