A solenidade em comemoração ao Dia do Médico, na noite desta sexta-feira (11), emocionou homenageados, o público que a acompanhou e o próprio autor do evento, vereador Ronaldo Moschini (PPS). Em cerimônia realizada na sede da regional de Piracicaba da Associação Paulista de Medicina, cinco profissionais tiveram sua atuação reconhecida pela Câmara diante de um auditório completamente tomado por mais de 100 convidados.

Foi a primeira vez que o Legislativo municipal promoveu reunião solene para celebrar o Dia do Médico, comemorado no Brasil em 18 de outubro ––dia consagrado a São Lucas, que foi médico e um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. A homenagem da Câmara aos profissionais da área foi criada este ano com a aprovação do projeto de decreto legislativo 4/2013, de autoria de Ronaldo Moschini.

"A vida do médico é de muita dedicação: ele lida com vidas e luta muito para fazer com que os pacientes se curem e venham a renascer. Então, nada mais justo do que nós fazermos esse agradecimento e homenagear todos os médicos que trabalham para a comunidade e se dedicam diuturnamente a salvar, curar, diagnosticar e tratar", disse o vereador.

Referência em ginecologia e obstetrícia, Ronaldo Moschini é médico há 28 anos, dos quais 6 atuando em São Paulo, onde fez residência e especializações, e 22 em Piracicaba, sua cidade natal. A vocação para exercer a profissão surgiu aos 16 anos. Aos 17, ingressou na faculdade, o que o obrigou a sair de casa ––o único dos três filhos a tomar esse rumo–– para morar em Vassouras (RJ), onde, por seis anos, cursou Medicina na Universidade Sul Fluminense.

Aspecto que marca a carreira da maioria dos médicos, a dedicação de boa parte da própria vida para cuidar da saúde de outras pessoas foi destacada por Ronaldo Moschini ao dirigir-se aos cinco homenageados da noite: os médicos Álvaro Manoel Antunes (especialista em ortopedia), José Márcio Zveiter de Moraes (terapia intensiva), Laurisa Maria Jorge Cortellazzi (pediatria), Luiz Leonardi (anestesiologia) e Luiz Roberto Di Giaimo Pianelli (ortopedia e traumatologia).

"Em três palavras, resumo vocês cinco: são os "sacerdotes da Medicina". Na atualidade, os médicos vivem para o trabalho, tal qual São Lucas: labutam cada vez mais, dedicam-se cada vez menos ao lazer e às suas famílias e estão sempre com a sensação de que seu tempo é insuficiente para honrar todos os seus compromissos, quer com o trabalho ou com a família, chegando muitas vezes à frustração e depressão", disse o parlamentar.

A prioridade à profissão em detrimento da família também foi citada na homenagem surpresa prestada ao vereador por seu filho, o médico radioncologista Vinícius Moschini. Ele recordou os momentos em que o pai precisou abdicar da vida pessoal para dedicar-se à Medicina e os exemplos, vindos de Ronaldo Moschini, que o motivaram a optar pela mesma carreira. "Você é meu orgulho, meu espelho, meu ídolo", afirmou Vinícius, emocionado.

VALOR DO MÉDICO - O vereador também falou da necessidade de valorizar os médicos, uma das razões que o levaram a criar a homenagem que passará a ser prestada anualmente pela Câmara de Piracicaba.

"Num país em que mais de 150 milhões de brasileiros dependem do SUS (Sistema Único de Saúde) para obter a assistência médica garantida pela Constituição, poucos se dão conta da importância de um médico ou têm ciência dos valores que um cirurgião recebe para realizar um procedimento de média, alta e baixa complexidade: longe de querer denegrir qualquer outra profissão, é menor do que ganha outro profissional por algumas horas de trabalho sem nenhum risco de insucesso", afirmou.

Ronaldo Moschini fez ainda um apelo aos colegas de profissão para que "se mantenham no caminho, ainda que cheio de espinhos". "Que o 18 de Outubro seja lembrado não para exaltar o médico, mas para uma reflexão de todos nós, na busca por melhores condições de trabalho, por remuneração digna pelos serviços prestados e, principalmente, pelo reconhecimento de que todo o esforço em salvar vidas valeu a pena."

A valorização da categoria também foi destacada pelo médico oftalmologista Osmar Antonio Gaiotto Júnior, presidente da regional de Piracicaba da Associação Paulista de Medicina, que congrega 430 profissionais na cidade.

Ao afirmar que a entidade que ele representa "repudia veementemente" o programa Mais Médicos, do governo federal, por não exigir de profissionais vindos de fora a revalidação do diploma ––tal como é cobrado dos brasileiros quando tentam trabalho no exterior––, Gaiotto alertou para o risco de tratar os médicos do país como "bodes expiatórios" dos problemas que a saúde enfrenta em todo o território nacional.

"O grande mal do Brasil é o subfinanciamento da saúde. Não precisamos de mais médicos; nós precisamos de mais recursos", observou, reivindicando o aumento do financiamento da saúde para 10% do Produto Interno Bruto. Gaiotto citou o Legislativo piracicabano como exemplo de poder que vem agindo para melhorar as condições de trabalho na área. "Em nome da APM, quero parabenizar a Câmara, que elevou o valor pago aos médicos nos plantões. Isso, sim, resolve: mais recursos, mais valorização. É isso o que queremos."

Ao discursar, na sequência, o presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB), comparou a situação vivida pelos médicos à dos vereadores. "Quando o prefeito vai bem, o vereador não é nem sentido pela população. Mas, quando ele vai mal, é o vereador que "leva chumbo". Com os médicos também é assim: dificilmente se fala deles quando o paciente é bem atendido; mas, se algo não dá certo, todos são jogados na mesma vala."

"COMO UM ABRAÇO" - Além da homenagem surpresa feita a Ronaldo Moschini por seu filho, Vinícius, a solenidade pelo Dia do Médico, na sede da regional de Piracicaba da Associação Paulista de Medicina, teve ainda outro momento de emoção no reconhecimento prestado pela Câmara aos cinco profissionais da área, especialmente quando foram chamados à frente do palco a pediatra Laurisa Cortellazzi (que fez questão de ser homenageada ao lado da mãe, Maria Tereza) e o ortopedista e traumatologista Luiz Roberto Di Giaimo Pianelli.

Beto, como é conhecido, iniciou a gestão Gabriel Ferrato (PSDB) como secretário municipal de Saúde, mas, acometido por um acidente vascular-cerebral em fevereiro, teve de deixar a pasta, hoje comandada por Pedro Mello. Aos 65 anos, casado, pai de dois filhos e em processo de reabilitação, o médico foi longamente aplaudido pelo público que lotou o auditório da APM de Piracicaba para assistir à reunião solene.

Ao falar em nome dos homenageados, Laurisa Cortellazzi ––que, antes, caracterizada de Nhá Lau, cantou "O Dever do Médico", música composta por Craveiro e Nhô Chico–– comparou o reconhecimento prestado pela Câmara a um abraço de mãe. "Sabe quando você está cansado após um dia de trabalho, entra em casa e, de repente, tem uma mãezona linda, que te abraça e acolhe? Recebo essa homenagem assim, como um abraço de mãe que nos acolhe e nos dá força para continuar. Essa homenagem não é para nós, mas para todas as pessoas que construíram o nosso vir a ser até hoje; ela não é um alimento de vaidade, mas, sim, como um abraço de mãe que recebemos da Câmara."

Além de Ronaldo Moschini, Osmar Gaiotto e João Manoel, prestigiaram a cerimônia pelo Dia do Médico os vereadores Paulo Camolesi (PV), Pedro Cruz (PSDB) e Pedro Kawai (PSDB). O autor da solenidade ainda foi homenageado pelo seu gabinete e familiares em texto lido por sua assessora parlamentar Renata de Oliveira Bessi.