25 DE NOVEMBRO DE 2024
Aos 50 anos de carreira, diretor de teatro e produtor artístico e cultural usa a arte para falar de Piracicaba
"Carlos ABC é uma referência como ator, produtor, carnavalesco, circense", destacou a vereadora Rai de Almeida, autora da homenagem
“Aquele que faz do nada algo” foi a definição atribuída ao diretor de teatro e produtor artístico e cultural Carlos Alberto Bueno de Camargo, conhecido como Carlos ABC. Ele foi homenageado, em reunião solene promovida pela Câmara Municipal de Piracicaba, na última sexta-feira (22), com o Título de Piracicabanus Praeclarus, concedido através do Decreto Legislativo nº 38/2024, de autoria da vereadora Rai de Almeida (PT).
Filho de José Antonio Bueno de Camargo, o jornalista José ABC, e Beatriz Matraia de Camargo, o homenageado atua nas artes cênicas desde 1974. Ele iniciou a carreira, há 50 anos, em Piracicaba, trabalhou com indústrias, empresas e redes de ensino, ministrando aulas de comunicação pessoal e de expressão corporal. Foi diretor do Teatro Municipal, coordenador municipal de Formação Artística e secretário de Cultura de Piracicaba. Criou espetáculos e também dirigiu vários outros, dentre eles “A Paixão de Cristo”- pela Associação Cultural Guarantã - nos anos de 2006, 2007 e 2008.
“Carlos ABC é uma referência como ator, produtor, carnavalesco, circense. É uma pessoa extremamente criativa e agregadora porque forma pessoas. Não é uma pessoa que pensa no teatro, circo, carnaval e outras atividades culturais como promoção pessoal, pensa em quem está assistindo e como formador”, disse Rai de Almeida, na solenidade. Em homenagem a Carlos ABC, a vereadora leu um trecho do poema “Sou um Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa.
O irmão do homenageado, Alexandre Aparecido Bueno de Camargo, foi quem lembrou da capacidade que Carlos ABC apresenta, desde a infância, de criar histórias do nada. “Ele é alguém nascido para a arte, para a cultura, para o teatro. Faz do nada algo. De repente tem uma história, uma brincadeira. E quantos podem fazer isso? Pouca gente tem esse dom”, avaliou.
Depois de receber o título, emocionado, Carlos ABC contou um pouco de sua história com o teatro e do amor por Piracicaba. Ele disse que ainda tem a mesma sensação desde que fez o primeiro teatrinho na escola, quando interpretou o feitor do folclore “O negrinho do pastoreio”. Na mesma época, o pai o presenteou com a coleção “Antologia do Folclore Brasileiro”, que tinha um volume com a Lenda do Rio Piracicaba.
“A partir daquele momento, coloquei na minha cabeça que eu queria falar de Piracicaba”, contou. “Quando eu morava em São Paulo, estava tudo bem, mas eu olhava para Piracicaba e via a minha cidade. Fui para o Rio de Janeiro, para a Argentina, para a Europa e eu sempre voltei para Piracicaba porque foi onde sempre me senti mais útil. Valeu a pena esse investimento em Piracicaba e nesses artistas que eu tanto amo”.
A solenidade também contou com as apresentações teatrais da Companhia Quem sou eu, de Boituva, com a cena “Pescaria”, do espetáculo “O lugar onde o Peixe Para” e da Companhia Metamorfose de Teatro, com a cena “O que vamos ensinar?”.
“Penso com os olhos e com os ouvidos. E com as mãos e os pés. E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la. E comer um fruto é saber-lhe o sentido”.
(Poema “Sou um Guardador de Rebanhos” - Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)