
30 DE JANEIRO DE 2019
Fórum Municipal Permanente da Pessoa com Deficiência realizou primeira reunião do ano nesta quarta-feira, na Câmara.
Na primeira reunião realizada em 2019, nesta quarta-feira (30), o Fórum Municipal Permanente da Pessoa com Deficiência abriu espaço para familiares e profissionais que lidam com a questão pudessem expor as principais dificuldades que enfrentam e discutir formas de o Poder Público atenuá-las.
À frente do Fórum, o vereador André Bandeira (PSDB) afirmou querer "somar forças" para buscar o atendimento de demandas comuns à maioria das pessoas. Por isso, divulgou em redes sociais, clínicas de fisioterapia, associações e entidades o convite para a participação na reunião, que ocorreu em sala do segundo andar do prédio anexo da Câmara.
"Temos milhares de pessoas no município com alguma deficiência e é muito importante que elas saiam de casa, participem e expressem suas vontades para que possamos ter políticas públicas colocadas em prática", disse o parlamentar, citando a Lei Brasileira de Inclusão como exemplo de legislação que precisa ser efetivada no país.
André Bandeira disse que a união de forças, além de dar peso às cobranças em âmbito municipal, colabora ao exercer pressão sobre quatro outros atores importantes na garantia dos direitos da pessoa com deficiência: os governos estadual e federal (para obter recursos e obras para Piracicaba), a Justiça (para obrigar o cumprimento de decisões como o fornecimento de remédios e equipamentos) e o Ministério Público (para denunciar casos de abusos ou negligência, por exemplo).
"Falta ainda ao povo colocar em prática a cobrança, mas de maneira adequada: não é simplesmente ficar postando em redes sociais, escrevendo ou reclamando disso ou daquilo. Precisamos criticar o servico público ou privado e encaminhar as denúncias da forma correta, para que essas situações sejam resolvidas e, principalmente, para que não ocorram mais", afirmou o parlamentar.
Em duas horas de reunião, profissionais e familiares de pessoas com deficiência falaram das dificuldades encontradas em diversas áreas, desde mercado de trabalho até transporte, saúde e assistência social. Um dos relatos partiu da dona de casa Bruna Camargo, mãe de Maria Clara. Sem falar, andar e mover as mãos em decorrência da síndrome de Rett, de origem genética, a garota, de 8 anos, frequenta de segunda a sexta-feira a terapia, de manhã, e o colégio, à tarde.
Diante das despesas para garantir a qualidade de vida da filha, os pais pleitearam o Benefício de Prestação Continuada, mas tiveram o pedido negado duas vezes pelo INSS. A justificativa dada, de que a renda familiar supera o mínimo para obter o benefício, ignora os gastos que Maria Clara tem.
"É só o meu marido que trabalha e eles alegam que ele tem condições de manter o tratamento da Maria Clara. Sou dona de casa porque a Maria Clara precisa dos meus cuidados diários, e temos todo um outro gasto: terapia, cadeira de escola que ela precisa, medicação, fralda, custos médicos, um tênis melhor, um colete. Tudo isso a gente precisa pagar. E o benefício seria justamente para ela, para usar para ela, mas nos foi negado", conta Bruna.
A publicitária e estudante de educação física Fernanda Gomes, 28, falou do convívio com a mãe, que tem dificuldades motoras há 34 anos. "Nasci nesse ambiente, para mim foi natural crescer com uma pessoa com deficiência. Só depois de grande é que fui perceber a dificuldade que é. Ela dependia muito do meu pai, que já faleceu, e hoje depende muito de mim e do meu irmão. É desde andar na calçada até procurar uma vaga para estacionar, além da dificuldade de acesso às coisas públicas, como hidroterapia e fisioterapia", comentou.
Além de orientar sobre caminhos para a busca de soluções, André Bandeira atualizou dados sobre serviços oferecidos na cidade, como o Elevar, e tratou de casos em que o acionamento da Justiça e do Ministério Público resultaram no cumprimento de direitos de pessoas com deficiência por parte do Poder Público ou de empresas privadas. O levantamento das demandas terá continuidade na próxima reunião do Fórum, prevista para fevereiro.