O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) realizou, na tarde desta terça-feira (21), audiência pública para discutir a proposta de construção do conjunto residencial vertical “Boulevard Mirante Piracicaba”, em frente ao Engenho Central.

O projeto está previsto para o terreno onde funcionou a antiga Fábrica Boyes, localizada em Piracicaba. A audiência ocorreu no Teatro Municipal “Erotides de Campos”, no Engenho Central.

O evento contou com a participação de diversas autoridades, como secretários, vereadores e deputados estaduais, entre outros. Também estiveram presentes moradores, comerciantes da região e manifestantes.

A sessão foi conduzida pelo presidente do Condephaat, José Eduardo de Assis Lefèvre, e pela vice-presidente Mariana de Souza Rolim. Representantes da administração municipal também participaram, e houve tempo de fala para a empresa responsável pelo projeto, bem como para diversas instituições e pessoas da sociedade civil.

A audiência foi marcada por vários apontamentos e falas com diversos pontos de vista, principalmente no tocante ao projeto de revitalização da antiga fábrica da Boyes.

“Foi muito positiva essa audiência pública, onde ambos os lados puderam esclarecer seus pontos de vista, fortalecendo cada vez mais a democracia”, disse o vereador Fábio Silva (Republicanos).

“Acredito que, na época da criação da Fábrica Boyes, o visionário Luiz de Queiroz também enfrentou resistência para implantar a primeira grande indústria de Piracicaba. Foi preciso coragem para empreender em nossa cidade. Hoje, essa indústria é um verdadeiro patrimônio histórico e cultural, que desperta em nós, piracicabanos, sentimento de orgulho e saudade. Da mesma forma, precisamos ter coragem para continuar trabalhando pelo progresso de Piracicaba, apoiando iniciativas como o projeto “Boulevard Boyes” que gerem emprego, renda e que mantenham viva a nossa história, promovendo seu desenvolvimento. Confio que os órgãos de proteção do Estado e do município têm plena capacidade de avaliar qualquer projeto com responsabilidade, apontando ajustes necessários e orientando os empreendedores a seguir todas as exigências legais do nosso país, sempre com o objetivo de garantir o avanço sustentável da cidade. Acredito, ainda, que o julgamento dos conselheiros será pautado pela imparcialidade e pelo compromisso com o bem coletivo, livre de interesses político-partidários”, falou o vereador Gustavo Pompeo (Avante).

“Estou aqui como Presidente da Frente Parlamentar em Defesa e Valorização da Rua do Porto e digo: sempre que ocorre alguma matéria sobre esse assunto, 90% dos comentários são a favor, ou seja, a cidade quer, a cidade pede que isso seja revitalizado. Isso é desenvolvimento, isso vai trazer segurança para as famílias poderem vir à Rua do Porto, porque hoje o pessoal tem medo de passar ali à noite. Quero defender sim que isso aconteça, que isso seja logo, porque nós não podemos deixar esse local abandonado. Não adianta esse pessoal da esquerda falar que a Boyes está abandonada pelos proprietários, pois quando os proprietários tentam fazer qualquer coisa ali, aparece gente, se dizendo vereador, e não é. Essa gente sempre aparece para não deixar fazer nada. Eles querem manter o abandono para poder vir aqui falar que os proprietários são os culpados, mas sabemos que no fundo o que essa gente quer é desapropriar, é pegar para eles, ou seja, roubar o patrimônio privado para eles e os moradores e os comerciantes da região da Rua do Porto que se lasquem. Esse é o objetivo por trás desse processo de tombamento. Isso não pode acontecer! Propriedade privada é privada, não é do Estado! É por isso que estou aqui, para defender os moradores e os comerciantes que merecem que haja a revitalização da orla inteira”, defendeu o vereador Renan Paes (PL).

De acordo com informações do gabinete de Renan Paes, a vice-presidente Mariana de Souza disse que os próximos passos do processo serão transcrever o que foi dito durante a audiência para que isso seja incluído no processo. Em seguida, toda a documentação irá para o conselheiro relator, que fará um novo parecer a ser distribuído a todos os conselheiros, para então ir para votação. Foi ainda ressaltado que a aprovação do Condephaat é apenas uma etapa, e que em seguida ainda haverá uma discussão na Prefeitura do município sobre o projeto, em diversas questões.

Ainda de acordo com o gabinete, o presidente do Condephaat falou sobre a necessidade de ouvir os dois lados e que tudo que foi dito fará parte do processo do Conselho.