26 DE JUNHO DE 2018
Débora Candido Montanham, coordenadora do Comad. Semana é de autoria da Coronel Adriana e Gilmar Rotta
Palestra da Semana Municipal Sobre Àlcool e Outras Drogas aconteceu na tarde desta terça-feira (26)
O uso de drogas é uma escolha. Mas a superação do vício em substâncias lícitas ou ilícitas depende de uma rede de atendimentos, na qual é preciso inserir o paciente, a família e o poder público. “Precisamos ter um olhar mais humanizado. Depois da dependência, o que devemos fazer?”, questionou a enfermeira Débora Candido Montanham, coordenadora do Comad (Conselho Municipal Sobre Álcool e Outras Drogas), durante palestra na tarde desta terça-feira (26), no Salão Nobre “Helly de Campos Melges”, da Câmara de Vereadores de Piracicaba.
Organizada pela vereadora Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, a Coronel Adriana (PPS) e pelo vereador Gilmar Rotta (MDB), a palestra integra a Semana Municipal Sobre Álcool e Outras Drogas e reuniu cerca de 200 pessoas com o intuito de alertar sobre os perigos do consumo de substâncias que alteram o comportamento, assim como apresentar o que há disponível na rede pública.
Débora Montanham procurou desmitificar algumas questões que envolvem o tema, sobretudo ao incluir no rol de substâncias consideradas “drogas” alimentos de consumo diário, como açúcar e café, e destacou que é preciso saber identificar quando o uso passa por abuso, e finalmente chega a ser dependência química, com a necessidade de tratamento e acompanhamentos intensos.
“Há, no consumo das drogas, uma tentativa de fuga da realidade. É importante identificar quais são os sentimentos e necessidades que levam a essa necessidade de uso de substâncias”, disse.
Ela lembrou que, ainda, no Brasil, a dependência do álcool é “o maior desafio”, por ser uma substância de uso lícito e de fácil acesso. Já a maconha é usada por 147 milhões no mundo, de acordo com dados das Nações Unidas, e 20% do mercado global de crack e cocaína está no País.
“No caso do crack, é importante observar que ele tem a maior parte de usuários na população de rua, por ser uma droga cujo efeito ameniza o frio, a fome e a sensação de dor”, observa Débora.
A rede municipal de atendimento psicossocial oferecerem um grande leque de opções de tratamento, sendo que alguns focam no paciente e outros na família. Os serviços estão em secretarias municipais, como Saúde e Desenvolvimento Social, assim como organizações não-governamentais, Guarda Civil Municipal (GCM), grupos de apoio e comunidades terapêuticas.
“Trabalhos de acordo com a lei, de 2001, que modificou a forma e o olhar sobre a saúde mental, trazendo a proposta da redução de danos nos casos de uso abusivo”, disse Débora, ao citar a Lei Federal 10.216/2001, que rege a atuação dos centros de atenção psicossocial. Em Piracicaba, o CAPS AD conta com 2.400 prontuários, o que é considerado um “número baixo” pra cidade.
Existem também outros locais de acolhimento, como o Centro POP, casa de passagem, albergue noturno, assim como o Seame, Associação Aborda, Amor Exigente, e irmandades como o N.A. (Narcóticos Anônimos) e o A.A. (Alcoólicos Anônimos). “Cada uma exerce uma função e procura trabalhar na amplitude das necessidades dos pacientes e suas famílias”, observa.
Após a palestra, pais de adictos e ex-usuários de drogas fizeram relatos sobre a vida antes e depois do tratamento na rede de atendimento psicossocial do município. Ao mesmo tempo que o poder público oferece uma guarida, eles destacaram a importância de cada um buscar a própria saída, se abrindo aos tratamentos e buscando fortalecer os laços sociais, seja através de emprego ou mesmo reatando com a família. “Hoje meus amigos me falam como eu sou diferente”, disse um deles.
A vereadora Coronel Adriana (PPS) destacou a sua atuação, dentro da Polícia Militar, no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas), desenvolvido pela corporação para levar às escolas a prevenção à dependência química. “A gente sabe da situação difícil que vivemos sobre este tema, por isso sabemos que é preciso que cada um faça a escolha de não consumir”, disse.
Ela também aproveitou a oportunidade para ressaltar à Prefeitura de Piracicaba – no evento, representada pela primeira-dama Sandra Negri, presidente do FSS (Fundo Social de Solidariedade) – a importância de assinar um convênio com a PM para que seja possível levar o Proerd às escolas municipais. “A Guarda Civil já faz um excelente trabalho, mas são apenas quatro funcionários, e a PM pode contribuir ainda mais com o trabalho que já é realizado”, disse Coronel Adriana.
O evento contou com a participação do delegado do Serviço Militar, Julio Fagundes; do chefe de Instrução do TG 02-028, Luis Fernando Barbosa Ferreira; do representante da GCM, Narsi Alves Novaes; e da Semdes (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social), Sueli Barbosa Danelon.
(Assista no player à reportagem veiculada pelo "Jornal da Câmara")