
07 DE JUNHO DE 2021
Oficina promovida na Escola do Legislativo, sexta-feira (4), contou com apresentação de voluntários da ONG Engajamundo
Em outubro do ano passado, o posto meteorológico da Esalq/USP registrou 40,3o C, um recorde na temperatura de Piracicaba. Os extremos não desejáveis, característicos das mudanças climáticas, já afetam o dia a dia da população e dependem da organização do poder público municipal, junto à sociedade, para buscar ações de mitigação.
Atentos ao tema, voluntários da ONG Engajamundo que atuam em Piracicaba aplicaram a “Oficina SimulAÇÃO”, no último dia 4, em parceria com a Escola do Legislativo “Antonio Carlos Danelon – Totó Danelon”, da Câmara Municipal de Piracicaba, na programação do Simapira 2021 (Semanas Integradas do Meio Ambiente de Piracicaba).
Por conta dos protocolos de combate à pandemia, a atividade ocorreu de forma retoma, dentro da plataforma Zoom, com transmissão no canal do Youtube da Escola do Legislativo.
A proposta foi simular uma reunião de colegiado semelhante à ComClima (Comissão Municipal Sobre Mudanças Climáticas), que reúne interesses diversos com o objetivo de promover soluções em torno do problema causado pelas fortes ondas de calor. Ali, cada participante representou um grupo de interesse, como setor industrial e comercial, movimentos sociais, poder público municipal e estadual, instituições de ensino e organizações do terceiro setor.
O resultado foi expor os desafios para o enfrentamento das emissões de gases poluentes e que contribuem com a incidência da luz solar no território urbano.
“A gente tem um cenário bem complicado e complexo e a gente tem que pegar na menor gestão que a gente pode ter para tentar resolver estes problemas, e essa a menor gestão é o município”, destaca Diogo Menezes, do Engajamundo. “A própria ONU define que o combate à mudança do clima começa nas cidades, com mobilização local”, aponta.
O aumento da temperatura da Terra gera impacto como derretimento das geleiras, aumento do nível do mar, perda da biodiversidade marítima e terrestre, assim como chuvas intensas. Nas cidades, os problemas se traduzem, entre outros, a partir das ondas de calor e nas enchentes.
E se no plano nacional as principais liberações de carbono são em virtude da mudança de uso da terra e das florestas, sobretudo por conta das queimadas (o Brasil tem o maior nível dos últimos 10 anos, atualmente), nas cidades as principais estratégias giram em torno da mobilidade. Em Piracicaba, por exemplo, 61% das emissões de gases poluentes são decorrentes do transporte e da energia elétrica.
COMCLIMA – As soluções, embora desafiantes, devem passar pela confluência de olhares, como propõe a ONG Engajamundo. Neste sentido, Julia Campos, pesquisadora na área de política, destacou a importância da Comissão Municipal Sobre Mudanças Climáticas, prevista na legislação desde 2006, mas que só foi implementada a partir de junho do ano passado, depois da aprovação da lei complementar 420/2020 em Piracicaba.
O colegiado é formado por representantes do poder público municipal, envolvendo diversos órgãos da Prefeitura, e da sociedade civil, tanto a partir de cadeiras cativas de representantes, mas também aberta á participação permanente de toda a população interessada.
Diogo Menezes defende o estímulo na participação de toda a sociedade nos espaços de definição de políticas públicas voltadas ao setor. “O primeiro caminho é colocar as pessoas no centro (deste debate). Todos os impactos das mudanças climáticas nós já estamos sentindo, principalmente populações mais vulneráveis”, destacou.