18 DE SETEMBRO DE 2018
"Cadê o terreno doado pelo Barão de Rezende aos negros para edificar a Igreja de São Benedito, que hoje sucumbe na região central de Piracicaba?", indaga José Mariano.
Provedor agradece presidente e reafirma luta pela "São Benedito"
O provedor da Irmandade de São Benedito do Brasil, em Piracicaba, José Mariano (83) ocupou a tribuna popular da Câmara de Vereadores, na 53ª reunião ordinária de ontem (17) para ecoar mais uma vez sua luta em prol do reconhecimento e resgate do patrimônio material e imaterial que envolve o entorno da Igreja de São Benedito, região central da cidade, em demandas que remetem ao século retrasado, em plena época da escravidão, que aprisionou parte do povo negro africano, onde o Barão de Rezende, em atendimento ao pedido de sua filha, condoído com a situação dos negros teria doado terras para a construção de uma capela, que hoje representa a Igreja de São Benedito e o Cemitério, onde teriam sido enterrados corpos de escravos, em terreno que hoje está localizado a Escola Estadual Moraes Barros, na praça Jorge Tibiriçá.
"Faz oito anos que venho lutando por isso, pela Igreja de São Bendito, e três vezes conversei com o presidente da Casa sobre papéis que estavam sumidos. A Constituição diz que terreno tem que ser herança. Achei papéis que estavam assim: o terreno pertence ao Santo e à Irmandade. Inclusive, um papel dizia que o senhor Ludovico Trevisan também está no meio desse terreno, que está com a assinatura dele. Quero ver onde está este papel. Vou dar 48 horas, tanto para Pefeitura Municipal quanto a Diocese conversarem comigo", relatou o provedor.
Mariano também fez questionamentos sobre a condição do povo negro, que ajudou a edificar este Brasil, com atuação também para o crescimento de Piracicaba. Além de comentar sobre o projeto que ajudou a elaborar, na criação do Memorial Afro-Brasileiro, nas dependências da praça Jorge Tibiriçá, em homenagem aos povos africanos que foram escravizados e ali sepultados.
Este assunto já foi motivo de reunião com o titular da Sedema (Secretaria Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente), José Otávio Machado Menten para início de conversações com o Executivo, na indicação 527/2018, de autoria do vereador Capitão Gomes (PP), onde seriam elaborados três projetos, para selecionar o que melhor represente este resgate memorial.
"O negro, na época da escravidão, era gente e continua sendo gente. Se ninguém dá, eu dou a minha cara para bater. Vou voltar a São Paulo para rever toda esta parte; se Piracicaba não resolve, o Estado vai ter que resolver. Porquê o negro não pode ter alguma coisa? Chega, agora eu quero a decisão. Tiraram o terreno, tiraram a igreja, agora virou capela. A Irmandade de São Benedito no Brasil tem 330 anos. O presidente fez o que pôde. Se não acharam o papel, o que se pode fazer?. Será que não temos direito de nada?. De amanhã em diante vou procurar meio de falar com as pessoas e saber onde é que estão esses documentos. Agradeço ao presidente, que me deu essa chance de estar falando. Esta Casa já me ouviu muitas vezes. Este papel vai ter que aparecer, custe o que custar", concluiu Mariano.
O presidente da Câmara, Matheus Erler (PTB) ressaltou que seu gabinete parlamentar nunca se furtou em trabalhar em prol da população e fornecer informações. "Buscamos, nesses quatro anos, a lisura dos procedimentos", disse.