Catorze médicos receberam na tarde desta quinta-feira (21) o certificado de conclusão da residência realizada na rede municipal de saúde, que lhes garante o grau de especialista na área em que escolheram se aprofundar. Num período que varia entre dois e três anos, eles passaram por treinamento prático e foram orientados por profissionais de alta qualificação, chamados preceptores.

A entrega ocorreu em cerimônia no anfiteatro do Centro Cívico e contou com a participação do presidente da Câmara, Gilmar Rotta (MDB), do prefeito Barjas Negri (PSDB), do secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, e de representantes do Hospital dos Fornecedores de Cana e da Santa Casa.

Junto com o Executivo, Gilmar Rotta tem buscado, em Brasília (DF), o repasse de recursos voltados à área administrativa do Programa de Residência Médica em Piracicaba, que, implantado em 2015, desde então tem essas despesas bancadas pela Prefeitura. A expectativa é de que o impasse seja resolvido pelo atual ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O presidente da Câmara destacou que o programa se soma aos investimentos para a melhoria da saúde em Piracicaba. "A Prefeitura tem trabalhado muito na área da saúde, como conquistas como o Hospital Regional, o Hospital Ilumina e a faculdade de medicina. Vemos esta gestão trabalhando para que tudo isso aconteça."

O vereador agradeceu aos médicos residentes o período em que atuaram na rede pública local. "É o fim de uma etapa e o início de outra. Vocês foram treinados pela melhor equipe de Piracicaba, disso tenho certeza, e serão excelentes profissionais para atender a população. Obrigado pelo trabalho que fizeram em Piracicaba, pelo atendimento quer seja dentro do hospital ou na atenção básica."

Vindos de cidades vizinhas, como Limeira, de estados como Bahia, Rondônia e Mato Grosso do Sul e até do Haiti, como é o caso do médico Georges Dorilien, os 14 residentes concluem no próximo dia 3 o período de três anos de experiência prática em ginecologia e obstetrícia (caso de 3 profissionais), traumatologia e ortopedia (1) e urologia (1) e de dois anos em cirurgia geral (2), clínica médica (2), medicina de família e comunidade (1), pediatria (3) e cardiologia (1).

O programa é supervisionado pela Coreme (Comissão de Residência Médica), da Secretaria Municipal de Saúde, que tem os médicos Anderson Roberto Guerra e Raul Sartini como presidente e vice, respectivamente. O governo federal, via Ministério da Educação, paga diretamente aos residentes uma bolsa mensal de cerca de R$ 3 mil.

O prefeito e o secretário municipal de Saúde relembraram que a implantação do programa em Piracicaba "era um sonho antigo", que teve origem ainda na primeira gestão de Barjas Negri.

"Muita gente tentou, trabalhou, mas só foi implantado recentemente num esforço muito grande do Pedro Mello, junto com a equipe de profissionais da Secretaria Municipal de Saúde, e o apoio do Gilmar Rotta, que hoje é o presidente da Câmara, os quais foram várias vezes a Brasília conversar. Não foi uma tarefa fácil, precisamos envolver todos: Santa Casa, Hospital dos Fornecedores de Cana e toda a rede", rememorou o prefeito.

Barjas Negri enfatizou o esforço da administração local em manter o programa em parte com recursos do Tesouro municipal e agradeceu aos formandos a opção por Piracicaba para realizar a residência. "Nos anos em que estiveram aqui, puderam conhecer uma rede de saúde pública bem estruturada. Mesmo com problemas aqui e acolá, temos uma rede relativamente boa, comparada à média dos municípios brasileiros."

O prefeito também chamou a atenção para os 29 profissionais que, desde a implantação do programa em Piracicaba, já o concluíram. "Para nós é uma alegria muito grande. Estamos satisfeitos de ter contribuído com a formação profissional de vocês."

Pedro Mello reforçou a importância do programa. "Estudante de medicina tem a primeira felicidade quando entra na faculdade, a segunda quando se forma e a terceira quando entra e conclui a residência. Quem fez sabe a importância que é a residência para estar preparado para atender a população. O SUS é o que mais precisa disso."

André Hilário Fernandes veio de Poços de Caldas (MG) para Piracicaba, logo após os seis anos de graduação em Medicina em uma faculdade de Itajubá (MG). Agora, concluída a residência, ele vai iniciar um novo ciclo de aprofundamento, numa subespecialização em cardiologia pediátrica, em São Paulo (SP). Porém, o retorno a Piracicaba no futuro não está descartado.

Os vínculos de André com a cidade vão além da medicina. Aqui, ele conheceu a esposa, Natália, cuja união deu à luz Victor, de três meses. Nas cadeiras do anfiteatro do Centro Cívico, todos ––esposa e filho, além de seu pai, Renato, sua mãe, Meire, e sua sogra, Rita–– estavam orgulhosos pelo término de mais uma etapa desse início de carreira do jovem de 27 anos.

"Gostei bastante da cidade, foi uma surpresa boa. Tem de tudo, mas ainda guarda uma cara de interior. O pessoal é bacana, bem receptivo", resume o médico, sobre a experiência em Piracicaba. A avaliação também é positiva em relação à vivência na rede pública de saúde. "As UPAs têm um bom suporte, os postos de saúde também. Na questão de exames, consulta com especialistas, a grande maioria deles tem uma resposta rápida."