A “Criação de Abelhas Sem Ferrão (urbanas) e dicas para jardim”, foi o tema de palestra presencial presencial e interativa promovida, na última sexta-feira (24), pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal promoveu. No encontro, os inscritos puderam conhecer algumas espécies de abelhas sem ferrão e os tipos de flores que as atraem. 

A atividade contou com a presença dos palestrantes Carlos Jesus De Souza, criador de abelhas, e da engenheira florestal Simone Dias. A vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo ‘A Cidade É Sua’, foi quem a mediou. 

O evento abordou tópicos como: dicas para criação de abelhas sem ferrão nativas no ambiente urbano; maneiras de alimentar as abelhas; e formas de escolher e planejar seu jardim baseado em atrair e alimentar as abelhas sem ferrão. Além disso, para demonstrar a dinâmica das colmeias, duas caixas de abelha sem ferrão foram apresentadas ao público. 

Os cuidados com as abelhas urbanas integram, segundo Simone, parte da ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030, elaborada pela ONU (Organização das Nações Unidas), e prevê uma série de ações efetivas até o ano de 2030 voltadas à sobrevivência do planeta. “Toda vez que temos um encontro para dar orientação ao mundo com relação a como caminhar e onde chegar, existem essas agendas, como teve anteriormente a Rio 92”, explicou. 

O Brasil é um dos países signatários que se comprometeram com a adoção de práticas menos nocivas ao meio ambiente. “Como princípio, é preciso seguir o máximo dos 17 objetivos propostos, divididos em segmentos e áreas para poder reduzir a fome e a desigualdade; melhorar a questão do meio ambiente; a questão do clima e promover a paz”, detalhou Simone. 

A engenheira florestal também destacou que as diversas espécies de abelhas existentes no mundo estão diretamente ligadas à soberania alimentar: “a produção local depende das abelhas. A horta não irá para frente e não terá variedade se não tiver abelhas nativas. Falar de abelhas sem ferrão em ambiente urbano, é falar sobre agricultura sustentável”, disse.

Também é preciso, de acordo com ela, que exista um olhar das cidades para a arborização urbana. “Existem cidades que são um ambiente estéril, você vê a mesma espécie de árvore de fora a fora e, nesses lugares, quase não vemos abelhas, pois elas não têm condições de ficar”, pontuou a palestrante. 

Jataí - Carlos Jesus De Souza contou que, há quatro anos, passou a criar abelhas sem ferrão em sua casa. “A primeira abelha que eu tive foi uma Jataí, que a maioria conhece porque é uma abelha pequena e muito comum”, comentou.   

A pequena espécie, segundo Carlos, pode encontrada em quase todo território nacional, no entanto, por ser muito pequena, não produz grande quantidade de mel. “Um enxame de Jataí consegue produzir, no máximo, 600ml de mel por ano”, informou. 

O criador explicou que a palavra “jataí” tem origem indígena, vem da língua tupi “yata’ i”. Já melipona, de acordo com o criador, é uma palavra de origem grega, que vem de méli = mel, pónos = trabalho. É daí que surge o termo melipolinicultura, utilizado para caracterizar a atividade de produção de mel a partir de abelhas sem ferrão. 

Carlos ressaltou que, no Brasil, existem cerca de 240 espécies diferentes de abelhas catalogadas. “É importante dizer que as abelhas sem ferrões produzem mel, mesmo em quantidades menores. Em um enxame dessas abelhas, podemos chegar em até seis mil indivíduos, o que chamamos de matriz”, detalhou.

Na sequência, o criador demostrou como funcionam as caixas criadoras da abelhas, conhecidas como "meliponários". Os enxames, segundo Carlos, passam por uma subdivisão na primavera, onde algumas abelhas saem para a natureza para formar novas colônias. "Os módulos dentro das caixas se dividam em ninho, sobreninho e melgueira, sendo a última parte o local destinado à postura do mel", detalhou.

Ao final da palestra, todos os inscritos receberam gomos de mel, produzidos por abelhas sem ferrão, e também mudas de flores que atraem as espécies. A íntegra do encontro pode ser assistido clicando no vídeo que acompanha a matéria.