20 DE MAIO DE 2021
Evento foi promovido pela Escola do Legislativo nesta quarta-feira.
Escola do Legislativo promoveu oficina on-line nesta quarta-feira
O segundo evento sobre o tema "Hortas e agroflorestas urbanas: construindo políticas públicas de agroecologia” aconteceu nesta quarta-feira (19), promovido pela Escola do Legislativo "Antonio Carlos Danelon - Totó Danelon", da Câmara Municipal de Piracicaba. Dividido em três partes, o segundo encontro falou sobre participação social, segurança alimentar e juventude.
A oficina foi coordenada pela diretora da Escola, vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade É Sua, e teve como palestrantes Julia Madeira, da Casa do Hip Hop; Francisco Corrales, da Embrapa; e André Ruoppolo Biazotti, coordenador de projetos socioambientais do Coletivo Nacional de Agricultura Urbana.
Como facilitadoras da conversa, estiveram mais uma vez presentes as engenheiras florestais Karine Silva Faleiros e Fernanda Peruchi. Também participou o coordenador da Escola do Legislativo, vereador Pedro Kawai (PSDB).
De acordo com Francisco Corrales, uma articulação no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 deu início à Rede de Agroecologia do Leste Paulista, que congrega a região administrativa de Campinas e é formada, de maneira voluntária, por diversas instituições, pesquisadores e agricultores da extensão rural desses territórios.
"São 95 municípios, divididos em seis microrregiões que formam o leste paulista —sendo elas Bragança Paulista, Campinas, Limeira, Mogi Mirim, Piracicaba e São João da Boa Vista— e unidos em um projeto chamado 'Prospecção de demandas e intercâmbio de conhecimento para transição agroecológica da agricultura familiar no território leste paulista'", explicou Francisco Corrales.
Nos avanços das políticas públicas aplicadas a hortas e agroflorestas urbanas, o representante da Embrapa destacou as ofertas de alimentos saudáveis para autoconsumo; geração de renda; terapia ocupacional; educação ambiental; e exemplos na gestão em modelos participativos, como a Escola do Legislativo e a articulação com o movimento agroecológico local.
Como fatores limitadores, entre outros aspectos, Francisco Corrales ressaltou a carência na capacitação em processos na gestão participativa e a falta de leis, regulamentações, planos, projetos e programas. "Esperamos chegar a um momento de políticas de Estado, seja até dentro dos municípios, e que possamos dar continuidade a essas políticas", pontuou.
Para André Biazotti, falar de sistema alimentar requer considerar também sua produção, transporte, processamento, comercialização, consumo e descarte. "Todo esse processo foi historicamente estruturado para atender a determinadas indústrias, altamente monopolizado com cerca de seis empresas que dominam o setor em cada uma de suas cadeias, com foco em produtos processados e ultraprocessados, baseado na agricultura convencional e com ineficiência no uso de recursos naturais", detalhou.
É preciso também, segundo André Biazotti, considerar a sindemia global (conjunto de problemas de saúde interligados, envolvendo duas ou mais complicações) que vem diminuindo a qualidade de vida da população em geral no mundo, como a pandemia de obesidade, a desnutrição e as mudanças climáticas. "Vivemos um cenário de crise na alimentação muito dramático e, quando falamos de agricultura urbana, falamos de uma ferramenta cheia de benefícios que podem contribuir diretamente com o combate a essas pandemias que nos assolam atualmente", ressaltou.
Julia Madeira contou que a horta comunitária que funciona ao lado da Casa do Hip-Hop em Piracicaba surgiu de um espaço ocioso inaproveitável. De acordo com ela, foram vários os desafios para essa construção, sendo o primeiro deles a obtenção do aval da Prefeitura. "Quando falamos de hortas comunitárias em regiões periféricas, é mais do que necessário pensar nessa permissão, como parte da segurança desses jovens para que não precisem se colocar em uma situação de embate com a polícia, por exemplo", ponderou.
Atualmente, por meio de uma rede de apoio entre produtores e instituições sociais, articulados com a Casa do Hip-Hop, é possível manter a horta comunitária com a doação de insumos e ferramentas necessárias. Para Julia Madeira, a horta é uma possibilidade de a periferia se relacionar com a área ambiental, indo além das questões de reciclagem e alcançando temas como segurança alimentar e questões políticas. "Observamos também que a horta proporciona uma relação de cuidado com o território, aquilo que também chamamos de 'pertencimento' quando falamos de organizações", destacou.
A oficina foi acompanhada por mais de uma centena de pessoas pelo Zoom, além de ter transmissão simultânea pelo YouTube. A íntegra pode ser revista no canal oficial da Escola do Legislativo, clicando neste link.