Lá estava ela, Floripes Maria D’Avilla de Moraes – formada em Odontologia pela Unicamp e com três livros publicados –, em pé no meio da sala de reuniões do segundo andar da Câmara de Vereadores de Piracicaba, vestida com blusa vermelha de lã.

Ela aguardava os participantes da Oficina da Escrita, da Escola do Legislativo, dirigida pela vereadora Nancy Thame (PSDB). "Ela tem textos maravilhosos e disse que queria contribuir, com a Oficina da Escrita", disse Nancy.

"Espero que possa ajudar um pouco cada um, no que puder. Eu escrevo, gosto de escrever bem e ler", disse a escritora. Nancy apresentou a amiga aos outros participantes e discorreu a proposta do curso: redação, cartas, leitura e criação de histórias. A oficina foi dividida em três dias, em cada período seria proposto um tema para os participantes escreverem.

A partir da explicação, o silêncio tomou conta da sala. As pessoas destinaram toda atenção para a folha de papel em cima da mesa, com as instruções para a redação. Mãos na cabeça, olhos atentos, lápis e borracha friccionando contra o papel; era como se todos deixassem seus cargos, compromissos e preocupações de lado e voltassem a ser os alunos que foram anos atrás, desenvolvendo a atividade que a professora determinou.

Depois de acabar de escrever no quadro branco no meio da sala, Floripes interrompeu o silêncio para discorrer sobre algumas dicas como “não repetir palavras e usar sinônimos”, “evitar gerúndio”, “reler o parágrafo escrito”, “ter cuidado quanto o uso de adjetivos e estrangeirismo”, para melhorar o texto dos participantes.

Dadas as instruções, todos voltaram a redigir a proposta da aula, a escritora então começou a percorrer a sala para ler o que os alunos já tinham produzido, tirar dúvidas, esclarecer tópicos e aconselhar com melhores formas de expressar uma ideia. O sorriso de alguns alunos demonstrava a insegurança quanto ao texto, era como se fossem crianças que perguntavam ao professor se a resposta estava certa.

Era possível escutar frases como “escrevo assim”, “não sei como fazer isso”, “não sei se está certo”, além de alguns encorajamentos de Floripes. “Tem que escrever assim mesmo”. “Essa frase está bonita”.

Ela dispôs trinta minutos para o desenvolvimento do texto neste dia, em seguida, seria feita a leitura das histórias e novos aconselhamentos. A autora de “Somos Oito”, “Entremuros – Memórias de um Internato Feminino” e “Rota dos Deuses - Viagem à Índia e ao Nepal” se colocou à disposição de todos ali, na tarde nublada deste primeiro dia de junho.