
06 DE DEZEMBRO DE 2018
Moradores indicaram riscos sociais, biológicos, geológicos e tecnológicos do bairro
Defesa Civil e Conseg de Santa Teresinha foram parceiros da Escola do Legislativo nos encontros
E se um mapa pudesse apontar os riscos de uma determinada comunidade? Esse mapa já é realidade no bairro Parque Piracicaba, na região de Santa Teresinha, após dois encontros da oficina Mapeamento Comunitário de Riscos de Desastres, realizada na Escola Professor Hélio Penteado de Castro pelo engenheiro ambiental Ayri Saraiva Rando. A atividade fez parte das ações da Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba.
O conceito de mapeamento comunitário é amplo e pode contribuir para que estratégias sejam traçadas em várias áreas, como saúde pública, planejamento urbano, justiça ambiental e até mesmo nos direitos humanos.
No caso do Parque Piracicaba, a ideia de levar uma oficina desse caráter ao bairro surgiu após a morte de dois adolescentes, de 14 e 17 anos, durante troca de tiros com policiais militares, em outubro. Os garotos eram alunos da Escola Hélio Penteado de Castro.
“Nada melhor do que o morador, que conhece as realidades do bairro, para identificar os problemas. A partir do mapeamento, podemos pensar em estratégias. A nossa intenção também foi a de criar envolvimento da comunidade, para que se conscientizasse da importância da segurança primária”, disse Márcio José Pereira, presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do bairro Santa Teresinha.
A primeira oficina aconteceu em 22 de novembro, quando Ayri instruiu os participantes a construírem os mapeamentos comunitários a partir de suas visões do bairro e de conceitos como ameaça, vulnerabilidade, capacidade, risco e desastre.
Ayri denominou a atividade desta quinta-feira (6) como "Seminário de validação e avaliação do mapeamento comunitário dos riscos de desastres do Parque Piracicaba". Segundo ele, o segundo momento foi necessário para que pudessem ocorrer inclusões, exclusões e alterações dos mapas criados na primeira aula.
Chamaram a atenção de Ayri os riscos sociais elencados pelos moradores: tráfico de drogas intenso e generalizado em vários pontos do bairro, intensificação da violência doméstica (com foco alto na violência contra a mulher) e aumento dos índices de crimes em geral (especialmente assaltos).
Problemas como inundações e alagamentos foram colocados nos riscos ligados à água. Dos riscos biológicos foram inclusas plantas que atrapalham a criação de gado e a proliferação de ratos, morcegos e cobras.
Já sobre os riscos geológicos, eles apontaram questões de erosão provocada pela chuva ou vento, enquanto a dengue apareceu como principal item do tópico riscos de vetores e doenças.
Foram elencados ainda os riscos tecnológicos: problemas de abastecimento de água, precariedade do sistema de coleta de lixo, instabilidade nas linhas de transmissão de energia e fluxo desordenado do trânsito.
"Os mapas foram construídos a partir da percepção dos moradores sobre os riscos de desastres. Mas ele é dinâmico, pode ser revisado. Outros riscos podem ser incluídos ou excluídos com o tempo", reforçou Ayri, que é especialista em gestão de processos de negócios, mestre em desenvolvimento regional e meio ambiente e doutorando em engenharia civil.
Presente no segundo encontro, a vereadora Nancy Thame, diretora da Escola do Legislativo, entregou o certificado aos integrantes da oficina e lembrou o contexto que motivou os encontros. Ela explicou a diferença entre os três poderes e, ao destacar as atividades na Câmara, comentou sobre os cursos oferecidos pela Escola do Legislativo. "É importante entendamos que somos parte daquilo que criticamos e elogiamos. Por isso, vamos pensar juntos os problemas e as soluções", disse a vereadora.
A atividade fez parte do Programa de capacitação de agentes políticos e comunitários da Escola do Legislativo, incluída no eixo-temático Educação para a cidadania e difusão cultural. Além do apoio da Escola Hélio Penteado de Castro para o oferecimento do local para as aulas, a oficina teve o apoio da Defesa Civil de Piracicaba, representada nos dois encontros por Danilo de Almeida Kuroishi, e do Conseg do bairro Santa Teresinha.