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16 DE MARÇO DE 2018

José Mariano reforça importância de luta em prol do legado negro


"A escravidão ainda não acabou", bradou o líder negro ao ocupar a Tribuna Popular na reunião ordinária de ontem (15)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução

José Mariano reforça importância de luta em prol do legado negro






O provedor da Irmandade de São Benedito em Piracicaba, José Mariano (82), na 12ª reunião ordinária de ontem (15) voltou a ocupar a Tribuna Popular da Câmara para apresentar tópicos sobre a igreja de São Benedito e seu entorno, que também compreende terras que englobam a praça Jorge Tibiriçá, esquina das ruas Alferes José Caetano com a rua Treze de Maio, onde está instalada a Escola Estadual Moraes Barros, sendo que o local também deve abrigar a criação de um memorial Afrobrasileiro, em reconhecimento à um antigo cemítério que abriga restos mortais de africanos que foram escravizados pela nação brasileira.

José Mariano voltou a cobrar levantamento dos papéis da Irmandade São Benedito, que também envolve a Igreja de São Benedito, o que não foi feito até agora. Também falou da questão do Cemitério destinado aos negros, na praça Jorge Tibiriçá. Além de citar que os documentos sobre o tombamento  da Igreja de São Benedito estão errados. "Há que ter mais respeito ao povo negro de Piracicaba. Não é verídico o que dizem sobre a construção do Cemitério dentro da escola Moraes Barros. Não tem vereador que me acompanha nesta luta", disse o provedor.

"Nem que custe a minha vida, vou entrar na Igreja de São Benedito", disse Mariano, que recebeu calorosos aplausos, durante e no final de sua fala, por uma plateia que preencheu a galaria do plenário Francisco Antonio Coelho, que foi à Câmara para lamentar o assassinato da líder negra e vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, que também vitimou seu motorista, Anderson Pedro.

"Não temos direito a nada. O negro foi a primeira raça que fez este País. Se existe Piracicaba foi por causa do escravo que a construiu. A situação até nos faz rir. Farei 83 anos este ano. Conheci Piracicaba desde o Pontilhão da Paulista, há muito tempo. Espero que respeitem esta igreja, pois foi a primeira de Piracicaba. Olhe a situação dela como está", disse.

"Estão aqui os papeis. É uma vergonha. Pedi levantamento que até hoje ninguém achou estes papeis. Minha vida está chegando ao fim. O negro vai até à uma distância. A escravidão não acabou. Antigamente a maioria era negra. Há que se respeitar aquele espaço lá. Tiraram os brancos e os corpos dos negros ficaram lá", disse.

José Mariano também informou que na segunda-feira, dia 19 de março vai ajundar os papeis. "O respeito tem que ser mútuo. O prefeito não quer falar comigo. A Diocese também não conversa comigo. Agora vai chegar um fim", concluiu.

"Matheus, você tem uma dívida comigo. Vou voltar para falar com você. Baterei de porta em porta. É preciso fazer um alambrado, tirar árvores se preciso, para que o memorial seja edificado. Me dêem forças e me ajudem", finalizou José Mariano.

O presidente da Câmara, Matheus Erler (PTB) reconheceu que a documentação que envolve a igreja e a Irmandade de São Benedito é muito antiga, sendo que o historiador da Câmara, Fábio Bragança ainda não conseguiu toda documentação.



Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Imagens de TV:  TV Câmara


Tribuna Popular

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