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06 DE DEZEMBRO DE 2022

Em reunião ordinária, palestra aborda violência contra as mulheres


A doutora em ciências sociais Tatau Godinho tratou da violência doméstica e política, além de apresentar dados sobre o assunto



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Gustavo Annunciato - MTB 58.557 Salvar imagem em alta resolução

Para Tatau Godinho, violência é o “sintoma de uma sociedade que vive relações de desigualdade”






“É muito importante quebrar a invisibilidade e o silêncio sobre a violência, falar sobre ela, para que as mulheres se sintam seguras para denunciar”. A frase é da doutora em ciências sociais e militante do movimento de mulheres, Tatau Godinho, que palestrou sobre o tema violência contra a mulher na 64ª reunião ordinária, realizada nesta segunda-feira (5). A exposição ocorreu durante a suspensão do expediente solicitada pelas vereadoras Rai de Almeida (PT) e Silvia Morales (PV), do Mandato Coletivo “A Cidade É Sua”, através do requerimento 744/2022.

A palestra foi motivada pela realização dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, campanha anual praticada simultaneamente por diversos atores da sociedade civil e poder público engajados nesse enfrentamento. A cientista social esclareceu que, no Brasil, o nome da campanha foi adaptado para “21 dias de ativismo”, considerando o período entre 25 de novembro, Dia Latino-americano e Caribenho contra a Violência à Mulher, e 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Segundo Tatau, a violência é o “sintoma de uma sociedade que vive relações de desigualdade”, como as dinâmicas entre homens e mulheres estabelecidas pelas “relações patriarcais”. Uma das formas de manifestação dessa violência é no âmbito das relações familiares, no ambiente doméstico, que pode levar, inclusive, ao feminicídio. A palestrante citou dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), através de relatório para o Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e do Caribe (OIG). Na América Latina e no Caribe, foram 4.473 mulheres vítimas de feminicídio no ano de 2021. 

Para a ativista, é fundamental, para a resolução do problema, deixar de encarar a violência doméstica como um “problema privado, das relações individuais”. “É um problema da sociedade, de todos nós”, declarou Tatau. A palestrante defendeu, ainda, que, ao quebrar a invisibilidade da questão da violência, realizando o trabalho de conscientização social e abordando-a em espaços públicos, é possível que as mulheres se sintam mais seguras em denunciar, tornando mais claros os dados e rompendo com as dinâmicas de violência.

Além das agressões no âmbito doméstico, Tatau citou a violência política, a qual definiu como um “sintoma da falta de democracia” e exemplificou através dos casos de ofensas contra vereadoras – em particular as jovens – na cidade de São Paulo, desde as eleições de 2020. A cientista social lembrou, também, que, muitas vezes, a violência se junta com a discriminação racial, tornando mais complexa a situação vivenciada por mulheres negras.

A ativista defendeu a necessidade de políticas públicas de prevenção e acolhimento às mulheres, envolvendo áreas como a saúde e a assistência social, além da segurança e da própria educação, fundamental, segundo ela, para garantir uma mudança cultural nos membros da sociedade, engajando-os na luta contra a violência. “Criar uma sociedade e um mundo sem violência precisa ser o nosso sonho cotidiano, de mulheres e de homens”, finalizou.

O vereador Josef Borges, em aparte, parabenizou a militante pela exposição e fez coro à relevância das políticas públicas que incluam o ambiente escolar. “Tenho acompanhado desprezo e ofensas de crianças, do gênero masculino, contra meninas. É uma cultura enraizada que ainda não conseguimos desconectar”, acrescentou o parlamentar.

Silvia Morales, uma das autoras do requerimento que trouxe Tatau Godinho à reunião ordinária, ressaltou a importância de se falar sobre a questão e lembrou dos casos de feminicídio que vêm acontecendo em Piracicaba. “É um caso novo a cada dois, três meses, tem sido recorrente”, pontuou a vereadora.

Rai de Almeida, também autora do requerimento, agradeceu a presença da ativista e defendeu que o combate à violência é responsabilidade de todos. “Que tenhamos a educação para a não violência e que sejamos respeitadas por nossos direitos, como qualquer outro ser humano”, desejou.

A palestra completa pode ser conferida no vídeo disponibilizado nesta página.

 



Texto:  Laura Fedrizzi Salere
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Imagens de TV:  TV Câmara


Legislativo Josef Borges Rai de Almeida Silvia Maria Morales

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