28 DE JUNHO DE 2019
De acordo com a deputada estadual, a harmonia familiar, o estímulo educacional e as atividades esportivas são os principais fatores de prevenção às drogas.
Janaina disse que seu discurso não é religioso, mas de responsabilidade
"A melhor saída para as drogas é não entrar. Às vezes, o problema não é por falta de recursos ––conheço famílias ricas que não conseguiram resgatar os filhos das drogas––, mas, sim, por uma escolha errada que a própria pessoa fez", afirmou nesta sexta-feira (28) a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) durante a palestra "Legislação e segurança pública, relação de drogas e criminalidade e a proteção das crianças e adolescentes", que fechou a 19ª Semana Municipal sobre Álcool e Outras Drogas, no salão nobre da Câmara.
A edição deste ano foi promovida pelo Comad (Conselho Municipal sobre Álcool e Outras Drogas), em parceria com a vereadora Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, a Coronel Adriana (CID), que solicitou a sua realização no requerimento 133/2019. Coronel Adriana, ao fim da palestra, homenageou a deputada estadual e agradeceu a vinda da parlamentar à cidade.
Ao falar sobre o consumo de entorpecentes, Janaina disse que o índice de recuperação é muito baixo e nem todas as histórias de pessoas que se envolveram com drogas têm um final feliz. "São necessários vários equipamentos de prevenção além dos que o Estado têm a oferecer. Por exemplo, a família, a amizade verdadeira, o esporte, grupos de autoajuda e, principalmente, a religiosidade", apontou a deputada.
Ela acrescentou que a religiosidade não diz respeito a uma denominação em específico, mas à crença de que o corpo foi dado por uma força divina e que, por isso, deve ser respeitado. "Se eu acredito que foi Deus quem me deu esse corpo, então eu sei que eu preciso preservá-lo, cuidar da minha saúde", argumentou.
Janaina disse que seu discurso não é religioso, mas de responsabilidade. "Embora eu seja muito amiga das religiões, meu discurso não tem nada a ver com isso. É necessário que a família, enquanto cria os seus filhos, preocupe-se com a religiosidade pelos valores que só a base de uma religião proporciona", afirmou.
De acordo com ela, a harmonia familiar, o estímulo educacional e as atividades esportivas são os principais fatores de prevenção às drogas. "O jovem que pratica o esporte da corrida, por exemplo, não vai fumar, porque ele sabe que isso vai prejudicar muito o seu desempenho. Se colocarmos metas na vida do jovem, ele não vai ter tempo para se envolver com drogas. Precisamos provar para nossas crianças e adolescentes que conhecimento é força", declarou.
"Jovens, não permitam que digam que você não vai ser nada, que não vai ter chances. Isso não existe. O fato de não ter nascido em um bairro privilegiado ou de não ter estudado em uma escola particular não determina quem você será no futuro", aconselhou a deputada, que admitiu que a falta de recursos pode impactar no desenvolvimento de uma pessoa, mas garantiu que a maior força "é a da mente".
ÁLCOOL E SEXO - Janaina avalia que a prevenção não deve mirar somente as drogas. Para ela, os jovens também estão tendo alto consumo de álcool, principalmente as mulheres, o que pode se tornar um problema ainda maior. "Mulher é emocionalmente mais forte do que o homem, mas, em contrapartida, o seu organismo é mais frágil. As drogas e o álcool têm um efeito devastador nas mulheres", aponta.
A parlamentar afirma presenciar com frequência situações em que jovens negam usar drogas mesmo fazendo uso contínuo de maconha. "Maconha não é natural. Isso que vendem para a gente, de que beber é legal e de que maconha é natural, é mentira. Pessoas estão perdendo a saúde e a liberdade por acreditarem nessas bobagens. Tem professor em sala de aula, dentro de universidade, dizendo para os alunos que droga é liberdade, mas não: droga é cativeiro, é prisão. Quando te pega é muito difícil se livrar dela", alertou.
A liberdade sexual conquistada ao longo dos anos, principalmente entre jovens e adolescentes, preocupa a deputada. "Ouvimos através dos meios de comunicação que os jovens têm direito de se conhecerem e que é moralismo dizer que não pode fazer sexo. Temos que resgatar os discursos protetores: sexo não é para criança. O ideal seria que tanto a mulher quanto o homem se guardassem pelo menos até os 18 anos."
Ela justificou que a vida sexual cria vínculos difíceis de serem superados. Segundo a deputada, os adolescentes ainda não estão preparados para um possível abalo psicológico que o rompimento inesperado de uma relação causaria, já que o estado de fragilidade poderia levá-lo diretamente para o caminho da drogas.
"Queremos devolver a infância para as crianças, pois elas estão sendo tratadas como 'miniadultos'. É necessário voltar a falar dessas coisas sem ser chamado de moralista. Temos que preservar nossas crianças e adolescentes", afirmou.
ESTADO - A deputada aconselha a população a não esperar nada do Estado, que, de acordo com ela, não pode ser responsabilizado pelas escolhas individuais de cada um. "Façam como os americanos e não esperem nada do Estado. O que o Estado pode fazer pela Cracolândia, por exemplo? As crianças têm que aprender desde pequenas a não usar drogas", ressaltou.
A parlamentar aconselhou os pais a começarem a cuidar melhor dos filhos, ensinando-os a cuidar de si mesmos e incentivando-os a trabalhar e a estudar, sem esperar nada do Estado.
Durante a palestra, Janaina mencionou um projeto de lei de sua autoria que visa à proibição da realização de festas "open bar" (em que a pessoa paga um valor de entrada para ter acesso livre a bebidas alcoólicas) em instituições de ensino públicas e privadas do Estado de São Paulo, incluindo as de ensino infantil, fundamental, médio e superior.
O projeto também prevê o veto à compra, à venda, ao fornecimento e ao consumo de bebidas alcoólicas nos eventos promovidos em moradias estudantis, diretórios acadêmicos, organizações atléticas, grêmios estudantis e clubes de professores, além de locais fora das dependências das unidades.
A parlamentar acrescenta que, após a divulgação do projeto, foi procurada por universitários que a questionaram sobre como iriam levantar fundos para os projetos esportivos caso a lei fosse aprovada. Em resposta, a deputada aconselhou-os a buscarem novas alternativas que não comprometam a integridade física e mental de ninguém.
"Que pensamento é este de que tudo tem que ser dado? Temos que mudar essa mentalidade, conquistar as nossas próprias coisas. Engajamento também é fator de proteção. O meu projeto ainda em andamento é polêmico, mas extremamente necessário", garantiu.
Janaina afirmou que não pretende adotar o proibicionismo no país, porque considera que tudo deve ser permitido desde que haja responsabilidade. "Há horas em que temos que tirar o acesso: se tem disponível, a pessoa não consegue se responsabilizar por si mesma. Os discursos são muito permissivos, tudo pode. Não podemos voltar à guerra de gerações, em que ninguém queria discutir nada, mas o mundo onde o pai não está nem aí e acha que o filho é coleguinha não está dando certo", concluiu.