07 DE MAIO DE 2019
A consideração é que boa parte dos cinco mil municípios brasileiros estão fadados a desaparecer em decorrência do processo de desenvolvimento frente à nova era digital
Consultor avalia impactos da era digital perante o futuro das cidades
A importância da cultura da inovação perante a gestão do conhecimento, tendo como foco a administração pública e a economia do conhecimento, onde a cidade deve prevalecer como um lugar onde as perspectivas e bem-estar coletivo se sobressaiam. Estas foram as premissas básicas abordadas pelo consultor em gestão, graduado pela FGV/SP (Fundação Getúlio Vargas), Junior Roma, em palestra promovida pela Escola do Legislativo de Piracicaba, na noite desta terça-feira (7), das 19h às 21h, no curso "Inovação e Gestão do Conhecimento na Administração Pública".
Mais de 30 pessoas, entre estudantes - a exemplo de um grupo de 11 alunos, da Uniararas, da cidade de Rio das Pedras - integrantes de assessorias técnicas, gestores públicos, além de representantes de entidades, como o Observatório Cidadão participaram do evento.
Junior Roma iniciou suas considerações na constatação de que o ser humano só constrói algo quando há partilha, sendo que só as pessoas podem transformar os governos, as organizações e o mundo. E, citou a era do pós digital, onde já estamos inseridos neste universo, vivendo totalmente diferentes, de forma multilateral, sendo que este caminho não tem mais volta, onde nossa vida está totalmente atrelada à tecnologia.
Onde, futuramente o aplicativo fará tudo pór nós, em processos autônomos, considerando a internet das coisas, inteligência artificial e outros processos com a prevalência da máquina. Junior também falou da rapidez das informações, sendo que se juntarmos todo o conhecimento da humanidade, em dois mil anos, esta capacidade é dobrada a cada dois dias, em situações que revertem à Tecnologia do Conhecimento, onde o abismo social só tende a aumentar, com impacto na monetização do conhecimento, com reflexo na geração de novos empregos, sendo que 85% destes novos postos de trabalho ainda estão para surgir dado às novas demandas.
Junior Roma também avaliou a inovação, onde tudo será monetarizado, com a criação de valores, a exemplo do tradicional pão de queijo da vovó, que hoje ganhou valor de mercado. Nesta perspectiva, muitas cidades tenderão a desaparecer por não contar com pessoas capacitadas para os novos desafios.
Na gestão do conhecimento, a consideração é saber trabalhar e partilhar o conhecimento tácito, na divisão do saber, para que não fique concentrado apenas em uma pessoa. Já na cultura da inovação, a verificação é que o brasileiro é um dos povos mais criativos do mundo, porém, não coloca em prática, não aplica estes conhecimentos, o que também contrapõe na falta de investimentos em educação no Brasil, em situação bem diferente da China, que desponta como o pais que mais investe neste setor, sendo que das 10 startaps no mundo, sete são chinesas.
Junior Roma também destacou a importância do conceito Life Long Learning, do aprender sempre, que pauta as nações em desenvolvimento, tendo como foco a educação.
Na avaliação sobre a administração pública, foi considerado a estrutura do pacto federativo, onde hoje o governo federal disponibiliza mais de seis mil bases de dados do setor público e, mesmo assim, o próprio poder público tem dificuldades de compartilhar estas informações.
O conceito de Hub de Inovação também foi abordado por Junior Roma, na defesa da conexão de todos os poderes, envolvendo o Executivo, Judiciário e Legislativo, que possam em harmonia vislumbrar um planejamento de longo prazo para o crescimento das cidades, onde cada cidadão possa se sentir participante de um processo que se renova com a sua contribuição para um mundo melhor, o que reflete na verdadeira transparência do poder público.
A conexão das pessoas, também foi um dos assuntos abordados por Junior Roma, na consideração de que temos que avançar pelo conhecimento e informação, frente a um mundo de capitalismo exacerbado, onde tudo vai se esvaindo, onde devemos dar a nossa contrapartida, pensando no melhor ao país.
A concepção das cidades inteligentes também foi um dos temas abordados na palestra, onde o desafio é pela formação de pessoas, na perspectiva do bem-estar coletivo, havendo a conexão com o outro, visando a busca por dias melhores.
Junior Roma também respondeu a questionamentos sobre gestão de processos, que passa pelo compartilhamento de conhecimentos. Além de comentar sobre a possível extinção do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a partir do ano que vem, que deverá impactar o crescimento e até o desaparecimento de muitas cidades, em função do agravamento do quadro social em decorrência da falta de investimento na educação.
Junior Roma também ressaltou o papel principal da comunicação, que deve se pautar ao lado do povo, visando a sua principal missão, de informação e esclarecimento.