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17 DE MAIO DE 2018
Coletivo Acolhimento Alimentar desenvolveu receitas em programação da Semana de Conscientização da Alergia Alimentar, de autoria da vereadora Nancy Thame (PSDB).
Atividade da Semana de Conscientização da Alergia Alimentar aconteceu na manhã desta quinta-feira na Etec Coronel Febeliano da Costa
O conceito de alimentação inclusiva, que busca a melhoria de vida das pessoas com restrições alimentares, foi apresentado de forma prática a 35 estudantes do terceiro ano do Curso Técnico em Nutrição e Dietética da Etec (Escola Técnica Estadual) Coronel Fernando Febeliano da Costa. A missão esteve aos cuidados do Coletivo Acolhimento Alimentar Piracicaba e integrou a programação da Semana de Conscientização da Alergia Alimentar, de autoria da vereadora Nancy Thame (PSDB).
Formado em 2015, o coletivo é composto por quatro mães: Heloize Milano, Talita Teixeira, Erica Speglich e Nielle Diniz Ribas. A partir de ingredientes como cará, inhame, batata doce, semente de girassol, farinhas de arroz e grão de bico, amido de arroz, chia e fécula de batata, elas desmistificaram o conceito de que alimentos produzidos para as pessoas com alergias não podem ser saborosos. “Ainda existe gente que acha que é comida de hospital. Pelo contrário, é gostoso e não necessariamente é `fit´”, lembrou Heloize.
Com as receitas em mãos, os alunos produziram – e consumiram – pratos como muffin de banana com maçã, bolinhas de damasco com coco, bolinho de grão de bico com batata doce, chantilly de inhame e suspiro de aquafaba.
As mães do coletivo também explicaram que existem diferentes tipos de alergias, como os intolerantes à lactose, os diabéticos e os celíacos (reação imunológica ao glúten), por exemplo, e citaram os principais grupos de alimentos alérgenos, entre eles peixe, amendoim, leite, ovo, farinha de trigo, crustáceos, glúten e castanhas. Há também casos de alergias ligadas ao látex e ao milho.
O conceito de contaminação cruzada, as peculiaridades da cozinha inclusiva para atender os diferentes tipos de pessoas com alergias, a legislação vigente no Brasil, assim como a necessidade de consultar as informações dos rótulos, foram reforçadas durante a abordagem do grupo.
O COLETIVO – Além da missão de conscientizar a população e instituições governamentais sobre as necessidades alimentares especiais, o coletivo atua com famílias nas escolas públicas e particulares.
Heloize passou a se preocupar com a questão quando sua filha, hoje com cinco anos, foi diagnosticada com restrições alimentares. Ela também é mãe de um menino de três anos que requer cuidados especiais na alimentação. “Percebi que a dieta era essencial. Depois do diagnóstico da minha filha, quando ela tinha um ano e seis meses, ela começou a se recuperar das alergias e a ganhar peso.”
A entrada na escola foi um dos desafios para a Heloize, por causa da alimentação padronizada das merendas e das festas pedagógicas. O que poderia ser um problema, no entanto, motivou a criação do coletivo. A bióloga conheceu outras mães de alunos com problemas semelhantes, elas se mobilizaram em prol do acolhimento das crianças e criaram nestas festas a Barraca de Acolhimento Alimentar.
“Existe uma resistência muito grande das escolas em aceitar os alérgicos. Então, a gente solidificou o coletivo como um movimento social para expandir a questão na sociedade e dialogar com outros grupos”, contextualizou a mãe.
Segundo Heloize, o trabalho político é um dos desdobramentos das ações do coletivo e, neste sentido, as mães procuraram a vereadora Nancy Thame para amadurecer a ideia da Semana de Conscientização. “Ficar dentro da escola é muito pouco, não adianta que apenas os nossos filhos sejam acolhidos. Aqui, dentro da Etec, podemos sensibilizar os futuros profissionais, que irão lidar com o público com alergia alimentar.”
A vereadora Nancy Thame, que trouxe para a Câmara a proposta de criação da Semana de Conscientização, disse ter identificado a relevância do tema e percebido que o coletivo estava ocupando um espaço vazio na sociedade. “É uma forma de o Legislativo atuar na comunidade, através de demandas como esta, de caráter interdisciplinar e que mobiliza diferentes setores, como os estudantes, que têm a oportunidade a mais de conhecimento em suas áreas de atuação, e as mães, que se organizaram coletivamente, dispostas a levar a informação correta, além da Câmara e da Etec, que disponibilizaram uma infraestrutura para fortalecer Piracicaba neste contexto.”
Para a nutricionista Alessandra Cozzo de Siqueira, coordenadora do curso técnico em nutrição na Etec Coronel Febeliano da Costa, a atividade extracurricular representa um ganho para os alunos. “Eles são disseminadores da informação. Ao se formarem, podem se interessar por esta área, identificar possibilidades no mercado ou até mesmo transmitindo a informação aos familiares. Para eles, é importante que saibam o que a população está precisando”, destacou.
Aos 17 anos, Andressa Gabrielle Almeida Viana conhece de perto as restrições de quem possui alergia alimentar, pois este é o seu caso e de alguns familiares. A estudante classificou a experiência como “incrível”. “Poderei levar a experiência do laboratório para a minha casa. É muito difícil lidar com a situação, mas fica mais fácil quando se tem professores que auxiliam a moldar receitas com ingredientes diferentes e dão a oportunidade de melhorarmos a nossa alimentação.”
(Assista no player à reportagem veiculada pelo "Jornal da Câmara".)