O vereador Capitão Gomes (PP) realizou na manhã de hoje (01/04) o Seminário “Bisfenol e a sua saúde” objetivando conscientizar a população de Piracicaba nos malefícios provocados por este composto químico muito utilizado na confecção de embalagens plásticas para alimentos.

O primeiro palestrante foi o médico endocrinologista, Francisco Homero D`Abronzo, (FOTO 1) professor da faculdade de medicina de Jundiaí, que discorreu sobre o tema: Bisfenol e a saúde humana. Ele explicou que o Bisfenol ou BPA atua como um hormônio no corpo humano conseguindo, com mínimas porções, provocar reações que, com o tempo, levam ao comprometimento grave da saúde, principalmente nos sistemas reprodutores.

Os fetos e os bebês são os mais sujeitos as exposições do BPA. Quando na vida intra-uterina, os fetos são bombardeados com o BPA através do líquido amniótico , placenta e também o sangue no cordão umbilical. Os bebês recebem o BPA através das mamadeiras de policarbonato que são fabricadas com a participação deste agente catalisador.

O QUE É BISFENOL A?

O bisfenol-A é um composto utilizado na fabricação do policarbonato, um tipo de plástico rígido e transparente. É o mais comum entre os policarbonatos empregados em embalagens de alimentos. Encontrado em grande parte das mamadeiras de plástico; em embalagens plásticas para acondicionar alimentos na geladeira, copos infantis, materiais  médicos e dentários; nos enlatados, como revestimento interno; em garrafas reutilizáveis de água (squeeze) e garrafões de água mineral de 5, 10 e 20 L. O BPA é também um dos componentes da resina epóxi (plástico termofixo que endurece quando misturado a um agente catalisador ou “endurecedor”), presente por exemplo no revestimento interno de latas para evitar a ferrugem.

RISCOS À SAÚDE

Câncer

A maior parte das pesquisas com bisfenol-A menciona sua relação  com o câncer de próstata e de mama.

Disfunções Sexuais

O químico está associado à disfunções sexuais como a diminuição da qualidade e quantidade de esperma em homens adultos, puberdade precoce e tardia em adolescentes. Transferido da mãe ao feto pela placenta, estudos já associaram a exposição ao BPA à certas mudanças epigenéticas em fetos e bebês comprometendo a reprodução. Devido ao metabolismo frágil, bebês estão muito mais vulneráveis aos tóxicos. Apesar do efeito concentrado em fetos e bebês, as doenças se revelam na puberdade ou na fase adulta.

Além destas patologias podem acontecer também: déficit de atenção, hiperatividade, autismo em crianças e adolescentes, problemas cardíacos e diabetes.

A segunda palestra foi ministrada pela ativista Fabiana Dupont, uma das criadoras do site otaodoconsumo que surgiu de uma preocupação individual, de pessoas que estão envolvidas com o meio ambiente de maneira cotidiana, preocupadas com a saúde e entenderam que as questões essenciais desse embate não estão nas grandes causas. E sim nas atitudes cotidianas.

Em sua fala ela explicou como ocorre a fabricação de plásticos que se utilizam do BPA como catalisador, mostrou pesquisa apontando que , no Brasil, até 2020 um em cada quatro pessoas desenvolverá um tipo de câncer e mostrou países que já baniram o BPA, como Canadá, Costa Rica Malásia, alguns estados dos EUA, a União Européia e a Dinamarca.

Finalizando o ciclo de palestras, o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, Jefferson Aparecido Dias, explicou a atuação do Ministério Publico Federal neste problema, criticou duramente a posição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – no processo de proibição do BPA e se mostrou otimista em relação a decisão do Poder Judiciário que pode obrigar os fabricantes a identificarem os produtos que possuem o BPA em sua fórmula, conforme pedido seu através de ação civil pública, com pedido de liminar, de efeito nacional.

Em sua fala o vereador Capitão Gomes (FOTO2) agradeceu a presença dos palestrantes e das pessoas interessadas no tema e explicou os itens da Carta de Piracicaba que será enviada as autoridades estaduais e federais solicitando a proibição da utilização do BPA em recipientes alimentares, mamadeiras

HISTÓRICO

O Bisfenol foi sintetizado pela primeira vez em 1891. Foi pouco utilizado até a década de 30, quando cientistas descobriram que o BPA poderia ser empregado como um estrogênio artificial. Em 1950 um outro emprego foi descoberto para o Bisfenol. Na produção de plástico. Sua adição torna o material mais maleável e menos propenso a rachaduras.

Entre 1980 e 2000, a produção de Bisfenol nos Estados Unidos cresceu 500 por cento .

Hoje é um componente onipresente em plásticos produzidos a partir de policarbonato transparente e é um negócio altamente lucrativo.

Em 2010, a utilização do Bisfenol foi  seriamente questionada em vários países após estudos o relacionarem a uma série de problemas de saúde.

Menção Obrigatória

Texto: Rubens Fontão MTb: 20.493

Foto Digital: Emerson Pigosso MTb:36.356