30 DE JUNHO DE 2021
Representantes do Ministério Público, dos Bombeiros, da Polícia Ambiental e do Semae debaterem tema em evento do Simapira
Os índices que registram focos de queimadas apontam que 2020 foi um dos piores anos da série histórica, com pico de ocorrência no Estado de São Paulo e, especificamente, em Piracicaba. Em meio ao período de estiagem, quando há maior incidência deste problema que atinge tanto a Zona Rural quanto a malha urbana, diversos órgãos atuam para prevenir nova alta. O tema foi discutido, terça-feira (29), na Escola do Legislativo “Antonio Carlos Danelon – Totó Danelon”, da Câmara Municipal de Piracicaba.
A palestra "Queimadas e incêndios florestais: prevenção, combate e conscientização" integrou o Simapira (Semanas Integradas do Meio Ambiente de Piracicaba) 2021.
No Estado, o ano passado contou com 6.123 incêndios registrados pelo satélite Aqua-MT, porém, o número chega a 38.773 quando observados no NPP 375. “Vejam a diferença, o que demonstra que o oficial tem limitação, por observar os focos de calor somente durante um período do dia”, disse Alexandra Faccioli, promotora de Justiça que atua no Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente).
Os números de Piracicaba também apontam para alta de incêndio em 2020. Foram 49 registrados pelo satélite Aqua-MT e 238 pelo NPP 375. “É importante esclarecer que esse número pode ser superior, porque só são detectados grandes extensões de calor, muitas vezes acabam não sendo registrados aqueles que acontecem dentro da cidade”, explica Alexandra.
Essa conjuntura coloca a importância da Operação Corta-Fogo, desenvolvida pelo governo estadual em parceria com órgãos públicos e municípios, com o objetivo de fazer prevenção e ações para controle. “É importante que as pessoas compreendam que não temos uma única ação para resolver esse problema, mas um conjunto de estratégias”, destaca.
Ela enumera desafios do trabalho, como o constante aprimoramento dos protocolos de acionamento, em que a população possa ter conhecimento sobre onde denunciar ocorrências de incêndios. Também estão no foco de atuação a criação e atualização de mapa de risco, ampliação e integração dos dados de monitoramento relativos aos focos, assim como fomento e elaboração de plano de contingência regional. “O fogo não respeita limite de município, por isso é importante a integração”, destaca.
O capitão da Polícia Militar Ambiental, Helingont Illges da Silva, classifica que a palavra de ordem deste processo é a “prevenção”. Ele relatou um trabalho desenvolvido junto a produtores rurais do setor sucroenergético em que se buscou capacitar agricultores em ações que prevejam o espalhamento do foco, principalmente por conta da cana-de-açúcar. “Mesmo com as diversas restrições impostas pela pandemia, conseguimos estabelecer um bom contato com estes profissionais”, destacou.
Ainda é cedo para saber do resultado da Operação Uracan, desencadeada pela corporação, mas em breve comparativo, em maio de 2020, foram 40 ocorrências no perímetro de atuação. Já neste ano, este número caiu para 24. “A gente ainda tem a preocupação de aumento, mas podemos dizer que tivemos um resultado com estas ações de prevenção”, destacou.
Paulo Rossetti, capitão do Corpo de Bombeiros, enfatizou as ações na Operação Corta-Fogo, destacando a atuação do 16o Grupamento, localizado em Piracicaba. Ele destacou que, anualmente, a corporação se prepara buscando treinamento padronizado em todas as ações previstas, com fiscalização de hidrantes e o desenvolvimento do chamado PAM (Plano de Auxílio Mútuo), em que estabelece atuação em parceria com outros órgãos públicos dentro deste setor.
O presidente do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), Maurício Oliveira, destacou a preocupação em torno da disponibilidade de água, destacando que os focos de incêndio acabam exigindo uma demanda de fornecimento de recursos hídricos em locais que já contam com dificuldades. “O nosso trabalho tem sido conversar com o Corpo de Bombeiros, que já nos passou os hidrantes que precisam de manutenção e também de locais onde há falta destes equipamentos”, disse, ao destacar o uso de água de reuso não potável em conter incêndios.
A vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo “A Cidade É Sua”, enalteceu a palestra como evento de fechamento do Simapira 2021, que, segundo ela, nasceu para ser apenas uma semana de atividades e acabou sendo um mês inteiro. “Recebemos muitos especialistas, representantes de órgãos públicos, fizemos ações, como plantio de árvores e distribuição de mudas de Ora Pro Nobis, realmente um período muito intenso, que nos trouxe um panorama bastante amplo sobre o tema”, disse.
A vereadora Rai de Almeida (PT) lembrou que as pessoas precisam ficar cada vez mais conscientes do quanto as queimadas afetam o dia a dia. “Muitas vezes, tem gente que olha o que está ocorrendo na Amazônia e acha que não tem impacto aqui, mas não é assim, existe impacto diretamente na nossa qualidade de vida e nas chuvas”, destacou.