20 DE MARÇO DE 2020
Moção de apelo do vereador destaca necessidade de ações para combate e prevenção ao coronavírus
Parlamentar, que também é medico, disse que medidas são necessárias para conter avanço do vírus na cidade
Apesar de a cidade não possuir confirmações de pessoas contaminadas com o coronavírus (Covid-19) até a noite de quinta-feira (19), o fato de a doença se espalhar rapidamente é um dos fatores que preocupa o vereador Paulo Serra (CID). Na 13ª reunião ordinária, ele apresentou a moção de apelo 44/2020, para que o Executivo realize ações que reduzam a circulação de pessoas nos setores e departamentos da Administração Pública. Antes da votação, o parlamentar ocupou a tribuna para ler a íntegra da propositura e, na sequência, também se manifestaram Ary de Camargo Pedroso Jr. (SD), Nancy Thame (PV), Isac Souza (PTB) e Lair Braga (SD).
A moção será enviada ao prefeito Barjas Negri (PSDB) e ao secretário Pedro Mello (Saúde). Nela, Serra lembra que o novo tipo de coronavírus, descoberto no final de 2019, tem se espalhado de maneira assustadora no mundo. “A OMS (Organização Mundial de Saúde), o Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde recomendam o distanciamento social como melhor maneira de prevenção do contágio em massa, que as pessoas fiquem em suas casas e saiam apenas para realizar atividades indispensáveis e urgentes”, disse Serra.
A sugestão do vereador é que a prefeitura avalie a possibilidade de implantar o home office aos servidores municipais que tenham condições de fazê-lo, como os setores administrativos e de informática, além dos servidores idosos e os que se encaixam em grupo de risco.
Serra, que é médico cardiologista, sugere ainda a criação de campanha de incentivo aos munícipes, para que procurem os serviços da prefeitura via telefone, WhatsApp e redes sociais, nos casos em que o atendimento a distância é possível. Além disso, o parlamentar pede emissão de documentos virtuais, o que evitaria o deslocamento do munícipe.
Sobre a Rodoviária Intermunicipal de Piracicaba, ele recomenda cuidados de prevenção aos que chegarem de zonas de maior risco e orientação sobre a importância da quarentena e dos cuidados necessários para evitar o coronavírus.
DISCUSSÕES – O índice de mortalidade do vírus é de 8%, alertou o vereador Ary Pedroso Jr., também médico. Segundo ele, a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital Regional Dr. Zilda Arns buscam ações para que as UTIs estejam livres quando os casos aumentarem, além cortarem exames simples e cirurgias eletivas. Ele disse que o Hospital Unimed reservou uma UTI para receber os pacientes infectados e criou o tele-Coronavírus.
Ary também clamou pela necessidade de respiradores pelo governador ao Hospital Regional. “Daqui 40/60 dias certamente teremos muitos casos em Piracicaba, tomaram que não tenhamos a curva. Se tivermos 1.000 infectados, 20% precisarão de internação hospitalar. A conta dos infectologistas é de 4.000 doentes em Piracicaba. Se precisar, em uma semana, colocar 200 internados, será que tem condições? Acho que não”, disse.
Já Nancy Thame relembrou como países próximos – Itália e Cingapura – adotaram políticas diferentes em relação ao coronavírus e que no primeiro caso o contágio foi alto, ao contrário do segundo. “Temos uma avalanche de problemas nas escolas e creches. Mães que não sabem o que fazer com as crianças, tem a questão do pequeno empresário, os MEIs, o trabalhador informal.
Outro ponto é a saúde mental”, disse a vereadora, que recomendou ainda cautela à população no compartilhamento de informações pelas redes sociais.
Para Isac Souza, a prevenção pode ser determinante para que a curva do aumento dos casos seja suave. Ele parabenizou a Câmara pelas ações, que foram bem aceitas pelos servidores. Isac também citou o impacto econômico no comércio. “Quando a situação se estabilizar, que o cidadão possa comprar coisas da nossa cidade. Sabemos da concorrência forte com a internet, porém, que haja consciência das pessoas.”
O relato do vereador Lair Braga foi dos constantes telefonemas que recebe na rádio em que trabalha. Segundo ele, a população ainda possui muitas dúvidas. “Pedimos a Deus, nosso senhor, para que cuide do nosso país. É chegado o momento de pensarmos que a coisa não é brincadeira. Eu, que apresento programa sertanejo, ultimamente tenho feito jornalismo”, exemplificou, ao manifestar a preocupação com as “fronteiras abertas” no país e a postura do governo federal em autorizar o corte pela metade nos salários. “Não se fala em redução de impostos”, disse.
Os vereados Osvaldo Schiavolin, o Tozão (PSDB), Aldisa Vieira Marques, o Paraná (CID), e Wagner Alexandre de Oliveira, o Wagnão (PHS), também manifestaram preocupação com o avanço da doença, ao solicitarem o uso do Pela Ordem.