19 DE OUTUBRO DE 2017
Salão Nobre da Câmara recebe quarto encontro do projeto A Ciência na Escola, concebido pelo vereador Isac Souza com a Apta e a Diretoria Regional de Ensino
“Lá era um lugar só para chupar cana”.
A frase, em tom bem-humorado, é do pesquisador científico Edmilson José Ambrosano, ao falar sobre o então desconhecimento da população sobre as atividades da Apta (Agência Paulista de Tecnologia e Agronegócios), cujo polo regional Centro Sul fica na região do Vila Fátima.
Órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a Apta foi criada há quase 90 anos, inicialmente para dar suporte às pesquisas da Esalq. O nome atual foi dado em 2000 e, dois anos depois, houve a oficialização como polo Centro Sul.
Dos 75 projetos em andamento no local, 50% são direcionados ao desenvolvimento da cultura da cana de açúcar, mas os 21 profissionais atuam em diferentes áreas da ciência: meio ambiente, reflorestamento, genética, pós-colheita, agricultura orgânica e controle de pragas e doenças.
“Antigamente, o pessoal usava o espaço para caminhar, olhava para aquela cana-de-açúcar sem entender porque tanta cana no lugar. Nós desenvolvemos programas de melhoramento genético e plantamos, por ano, 60 mil sementes de cana, para buscar novas variedades. Hoje, a comunidade já conhece e respeita mais o nosso trabalho”, diz Ambrosano.
Como a mudança de comportamento social começou?
Envolvendo professores, alunos e a comunidade no projeto A Ciência na Escola, que surgiu este ano, a partir de convênio entre a Diretoria de Ensino – Região de Piracicaba e a Apta.
O responsável pela aproximação das entidades foi o vereador Isac Souza (PTB), a partir de uma conversa com Fábio Dias, diretor da Apta local e, na sequência, provocando uma reunião com Fábio Negreiros, dirigente regional de Ensino.
“Ele esteve na Apta, percebeu o potencial, nos procurou e nos aproximou”, diz Negreiros, sobre o vereador Isac Souza. “Ele participa intensamente das definições do rumo junto com o corpo que busca a informação. Não só deu visibilidade ao projeto, como muitas vezes participou da construção. E eu acho muito interessante isso, porque faz com que a Câmara tenha uma participação intensa na vida comunitária da sociedade”, completa o dirigente.
O projeto-piloto nasceu no próprio bairro Vila Fátima, aproximando a Escola Estadual Professor Doutor João Chiarini. Além disso, foram oferecidas 40 vagas para a capacitação de professores da rede estadual de ensino, aos cuidados dos pesquisadores da Apta.
Desde a assinatura oficial do convênio, em 15 de agosto, os educadores participaram de quatro encontros visando a aproximação da ciência, sendo o mais recente nesta quinta-feira, 19, no Salão Nobre da Câmara de Vereadores Piracicaba, dividido em dois temas: pela manhã, a pesquisadora Luciana Aparecida Carlini Garcia abordou Conceitos básicos de genética, melhoramento de plantas e aplicações na agricultura; no período da tarde, Patrícia Prati tratou da Qualidade microbiológica dos alimentos.
As aulas de capacitação seguem até 24 de novembro e, depois, haverá a Semana da Ciência na Escola, no dia 24 de novembro, momento em que os professores apresentarão os resultados do que foi trabalhado com os alunos em sala de aula.
Para quem acompanha cada passo do processo, como é o caso do vereador Isac, é possível identificar as evoluções, mesmo em tão pouco tempo. “Os professores estão tendo assiduidade em cada etapa”, avalia o vereador.
Sua equipe de gabinete enviou aos participantes pesquisa para avaliar o conteúdo, a forma como as aulas estão sendo aplicadas e a possibilidade de transformação em ações práticas em sala de aula. “Vieram mais de 20 ações diferentes para traduzir o conteúdo abordado”, completa.
Professor de ciência e coordenador das áreas de ciências e matemática na Escola Manasses Ephrain Pereira, Gilberto João Beltrame está desenvolvendo um projeto sobre a diferença da agricultura convencional e orgânica e a consorciação das culturas leguminosas e folhosas. Ele comenta sobre o benefício do treinamento da Apta para o ambiente da sala de aula: “a gente conseguia passar a teoria para o aluno, mas não tinha a aplicação disso, ou ela era muito deficiente. A partir do momento que eles [alunos] foram levados para a Apta, perceberam a importância”, declara, informando que os professores estão “tecnicamente” mais preparados.