11 DE AGOSTO DE 2020
Oficina "Piracicaba: um território agroecológico?" apresentou um panorama sobre o potencial da cidade em produzir alimentos baseados na ótica da sustentabilidade
A oficina foi realizada ao vivo e transmitida via aplicativo Zoom
O potencial de Piracicaba em se tornar um território agroecológico foi debatido em oficina realizada na manhã desta terça-feira (11). Promovida pela Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, a oficina "Piracicaba: um território agroecológico?" teve a participação de especialistas que discorreram sobre como Piracicaba pode se tornar um território agroecológico, dando destaque a importância da agroecologia na vida das pessoas que consomem e também produzem alimentos orgânicos locais.
A oficina foi mediada pela engenheira agrônoma Fernanda Corrêa de Moraes, secretária-executiva do Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (NACE-PTECA), da Universidade de São Paulo. Ela destacou o aumento das iniciativas agroecológicas em Piracicaba, no entanto, afirmou ainda ser insuficiente diante da demanda do potencial da cidade. “Piracicaba não é um território agroecológico, mas pode ser e ainda precisa ser”, afirmou a mediadora que também observou que a maior parte dos produtos agroecológicos consumidos na cidade vem de fora.
O evento teve como convidados Eduardo Gusson, engenheiro florestal, mestre em ecologia de agroecossistemas e doutor em recursos florestais pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Laura Vidotto Sacconi, bióloga, educadora ambiental e cozinheira, e Luã Gabriel Trento, engenheiro florestal, representante de São Paulo na Articulação Brasileira de Agroecologia (ABA) e da secretaria executiva da Rede de Agroecologia do Leste Paulista (RALSP).
Ao analisar o território de Piracicaba, caracterizado pela alta concentração de terra, domínio de agricultura de larga escala (cana-de-açúcar) e baixa cobertura florestal, Eduardo Gusson apresentou alternativas de ações locais para enfrentamento de questões globais referentes a agroecologização do território. Iniciativas locais como restauração da paisagem, recomposição da vegetação e sistemas agroflorestais foram algumas das alternativas apresentadas.
Envolvida com a articulação regional de agroecologia de Piracicaba e cozinha vegana com ênfase em produtos orgânicos e agroecológicos, desde 2015, Laura Vidotto Sacconi relatou seu o trabalho em prol da agroecologia na cidade e também as dificuldades de conseguir matéria-prima agroecológica para o trabalho de montagem de pratos e vendas de alimentos. Para ela, o aumento das hortas comunitárias é importante porque as pessoas começam a olhar para alimentação e para produção desses alimentos. Laura Vidotto salientou que estamos dentro de uma bolha e quando se trabalha fora dessa bolha ainda há um distanciamento muito grande “do que se come, do que se consome e qual o impacto disso para saúde e para o ambiente”.
O engenheiro florestal Luã Gabriel Trento finalizou a apresentação com uma reflexão filosófica sobre a agroecologia. Segundo ele, a agroecologia é associada a valores e busca construir uma sociedade melhor, sendo uma “criadora de pontes”.
A vereadora Nancy Thame (PV), diretora da Escola do Legislativo, destacou a importância da conexão da Escola com a temática da agroecologia. “A gente verifica que tem sim muita gente trabalhando na questão do rural sustentável e na questão da agroecologia e essa transição tem gargalos. É muito importante que a gente tenha reuniões em espaços democráticos como a Escola do Legislativo para trazer o potencial de Piracicaba para que se possa ter um desenvolvimento a contento”, declarou.
A oficina "Piracicaba: um território agroecológico?" foi realizada através do aplicativo Zoom e teve transmissão simultânea pelo Youtube da Escola do Legislativo.