10 DE JANEIRO DE 2025
Primeira edição do Achados do Arquivo de 2025 destaca relatos contidos no documento que registra os primeiros anos da povoação piracicabana
Bilhete postal denominado “Piracicaba – Rua do Porto” que foi depositado na Cápsula do Tempo da Escola Sud Mennucci, em 1922, e que foi aberta em Setembro de 2022.
Em uma encadernação em tons terrosos, com folhas já amareladas pela ação do tempo, estão os documentos mais antigos preservados pela Câmara Municipal. E logo na página de abertura se tem um deslumbre de seu conteúdo:
“Memória do Estabelecimento da nova povoação de Piracicaba junto a margem dalém do Rio de mesmo nome e da sua mudança e de edificação para á parte daquém do dito rio.”
Escritos em 1784 e assinados por importantes personalidades, como o próprio povoador, Antônio Correa Barbosa, são os destaques da série Achados do Arquivo, que retorna nesta semana para início à temporada de 2025.
Estes documentos são os registros das memórias dos primeiros 17 anos da povoação piracicabana contadas, romantizadas e eternizadas em uma bela caligrafia, que se inicia com os dizeres:
“A Povoação de Piracicaba tem este nome do Rio denominado Piracicaba, que rega o seu terreno e Piracicaba é um nome gentílico, que no idioma português significa peixe que chega ou lugar aonde chega o peixe, e na verdade em o salto deste Rio há cada ano abundancia de peixe, que sobe a sua corrente. Têm a sua origem de dois caudalosos Ribeiros Jaguarí e Atibaia e a sua barra em o Rio chamado Anhembi ou Tiete, e sendo menor do que este, no fluxo das águas, o iguala na Latitude. É de agradável vista, de boa navegação, mui saudável e o seu terreno a legre, fértil, cheio de salsaparrilha excelente para todo o gênero de cultivo. Conhecendo por informações estas estimáveis qualidades o Ilustríssimo e Excelentíssimo D. Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão Governador e Capitão Geral desta Capitania de São Paulo, no tempo em que a mui respeitável Coroa de Portugal cingia a Augusta Cabeça do Grande Rei o Senhor D. José o primeiro que Deus haja, determinou fundar Povoação neste terreno. Por provisão de vinte e quatro de julho do ano de mil e setecentos e sessenta e seis. Constitui-o Diretor e Povoação dela a Antônio Correa Barboza, natural da Villa de Itu. Em primeiro dia do mês de agosto do ano de mil e setecentos e sessenta e sete fundou-se este a Povoação. Com a administrados vadios, dispersos e vagabundos, que mandou congregar aquele Excelentíssimo Governador. Na margem do referido Rio da parte dalém edificou a sua habitação e dos seus subordinados. Alguns indivíduos de melhor condição concorrerão para este lugar, convidados da sua fertilidade e crescendo o povo foi promovido à Capitão deste o dito Diretor e Povoador por Patente do mesmo Excelentíssimo Capitão General datada em onze de dezembro do ano de mil setecentos setenta e hum”
Os relatos dos primeiros anos da povoação continuam culminando na mudança e na delimitação da nova Piracicaba, agora estabelecida da margem esquerda do Rio.
Como todo documento histórico, deve ser lido tendo em vista seu contexto e suas intenções. Não é um relato preciso do estabelecimento da povoação piracicabana, com todas as suas nuanças e pormenores. É uma memória, e como toda memória, composta de romantismo, nostalgias e esquecimentos. Uma memória registrada há mais de 240 anos, que preserva no papel as lembranças do início de tudo.
ACHADOS DO ARQUIVO - A série "Achados do Arquivo" se pauta na publicação de documentos do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligado ao Departamento Administrativo. A iniciativa do Setor de Documentação em parceria com o Departamento de Comunicação Social, com publicações no site da Câmara às sextas-feiras, visa tornar acessíveis ao público as informações do acervo da Casa de Leis.