28 DE FEVEREIRO DE 2020
Parlamentar observou que muitos dos problemas que as fortes chuvas causaram devem-se à interferência humana no meio ambiente.
Nancy Thame ocupou a tribuna da reunião ordinária desta quinta-feira.
"Não dá para culpar só a chuva pelas enchentes e alagamentos", afirmou a vereadora Nancy Thame (PSDB), na tribuna da reunião ordinária desta quinta-feira (27). Para ela, a ocupação desordenada, a impermeabilização do solo, o acúmulo de lixo nos córregos e o desmatamento de encostas agravaram os problemas causados pelas fortes chuvas que atingiram a cidade nos últimos dias.
“Temos visto nas manchetes dos jornais que as enchentes têm causado não só o desalojamento de pessoas, mas também mortes. Nossa cidade não está isenta disso. Muitos dos problemas que as fortes chuvas causaram devem-se à interferência humana no meio ambiente”, observou.
De acordo com ela, a natureza e o meio físico foram subjugados e as cidades estão focadas somente na questão viária. “Ocupamos toda a área de transbordamento do rio. Não é o rio que está na rua, é a rua que está no rio. Temos 60 rios encobertos em Piracicaba e, por isso, devemos repensar essa questão, colocá-lo como prioridade, essa é uma demanda da cidade”, argumentou.
Como exemplo de interferência humana, a parlamentar citou o rio Tietê que era todo sinuoso por natureza, porque corria em várzea, mas que foi “endireitado”. “Eles endireitaram lá e nós endireitamos o nosso córrego Itapeva. Não bastou só endireitar, como ainda canalizamos, copiando o ‘progresso’. Queremos ser mais fortes que a natureza, mas não somos. E o resultado é esse que estamos vendo”, ponderou.
Segundo ela, a ocupação do solo exige instrumentos e técnicas previstas na lei que se for engavetada, “não valerá de nada”. “Essas regras dependem de conhecimento. Temos muitos gestores que não têm conhecimento. Precisamos fazer o Plano Diretor funcionar. A coisa é mais complexa do que colocar um metro quadrado de grama na calçada. Além do volume do leito, tem a impermeabilização e a drenagem, quando os bueiros estão entupidos para onde a água vai escoar?”, questionou.
Nancy garante que soluções simples não resolverão o problema, mas que são necessárias estratégias, planejamento e gestão. “Só podemos trabalhar em harmonia com a natureza, usando técnicas e instrumentos e respeitando os planos que aprovamos e tanto nos dedicamos”, enfatizou.