04 DE JUNHO DE 2021
Propositura é de autoria do vereador Fabricio Polezi (Patriota)
Vereador Fabricio Polezi (Patriota) é autor da moção
Os policiais militares da Força Tática irão receber uma moção de aplausos pelos “pelos relevantes serviços prestados na área de segurança pública”. A moção de aplausos 109/2021 é de autoria do vereador Fabricio Polezi (Patriota). A propositura foi aprovada por 10 votos favoráveis e 6 contrários, durante a 15ª reunião ordinária de 2021, na noite desta quinta-feira (3).
A Força Tática, conhecida como Tático 10, foi criada em 13 de julho de 1997, devido à necessidade de apoio as forças do Rádio Patrulhamento e com a finalidade de combater os crimes de alta periculosidade, como roubos a bancos e afins. O texto da moção destaca que a instalação da Força Tática no município foi algo histórico tanto para a Polícia Militar quanto para a cidade de Piracicaba, com dois Pelotões de Força Tática, subordinados ao Comandante do 10º BPM/I (Batalhão da Policia Militar do Interior), sendo que a origem da tropa se deu com a designação de 25 policiais militares, 2 oficiais, 3 sargentos e 20 praças.
“Esse grupamento possui em seu histórico diversas ocorrências de grande relevância para essa cidade e seus excelentes resultados garantem a manutenção da lei e da ordem”, elogiou Polezi no texto da moção. O vereador enfatizou que, por definição e finalidade, “esses heróis passam por constantes situações de altíssimo risco para o enfrentamento de uma criminalidade cada vez mais organizada, muitas vezes melhor equipada e inconsequente, em que partem para o ‘tudo ou nada’, colocando a vida de todos em risco”.
Fabricio Polezi ainda destacou que as atuações dos policiais fazem toda a diferença na defesa do cidadão, mesmo “passando por toda sorte de dificuldades gerada pelo próprio sistema (Estado), que muito pouco auxilia e fornece o suporte necessário para um combate a violência”.
Na moção, Polezi citou uma ocorrência no bairro Campestre, no último dia 25, em que um homem trocou tiros com a Força Tática após roubar um carro e fugir. Na ocorrência, o autor do roubo, durante a troca de tiros, foi atingido pelos policiais e faleceu.
Ao discutir a moção de aplausos, a vereadora Rai de Almeida (PT) afirmou que gostaria de aplaudir o trabalho que é realizado por todas as polícias, todavia, a moção 109 não é de aplausos pelos trabalhos desempenhados pelos policiais e sim uma moção que apoia a morte. “Esse caso citado na moção aconteceu no dia 25 de maio e não deu tempo ainda de apurar quais as responsabilidades, como foi que se deu essa questão. Precisamos dizer que a Constituição Federal diz que a presunção da inocência é um princípio fundamental, todos temos o direito de passar por julgamento e a sentença em julgado para ser condenado, mas não é o que temos visto no país”, disse.
A vereadora ponderou que no Brasil existe um número imenso de mortes de negros, pardos e só o fato de ser pobre e negro é uma condenação à morte. “Já é uma sentença definida pelos policiais e a morte certa. E neste caso também: a polícia em vez de deter e mandar a pessoa suspeita de um roubo, suspeita de um crime, com a justificativa de rajadas de tiros, ela simplesmente executa”, disse. Rai salientou que não quer fazer apologia ao crime, mas não pode fazer apologia à morte e desdenhar da vida como tem sido desdenhado.
Em aparte, o vereador Josef Borges (Solidariedade) declarou que as forças policiais devem ser aplaudidas todos os dias, no entanto, a forma como a moção foi feita é “uma apologia ao crime” e ele não pode votar sim para uma moção que aplaude a morte. “Eu quero votar sim para os policiais e pelo belo trabalho preventivo que eles fazem e são o orgulho para toda nossa sociedade e não votar uma moção que está aplaudindo a morte de alguém”, declarou.
A vereadora Silvia Morales, do Mandato Coletivo A Cidade é Sua (PV), leu uma nota que cita os índices homicídios dolosos que a polícia foi responsável. “Precisamos nos esforçar coletivamente e como gestores públicos na construção de um novo modelo de polícia, mais humanizado e menos violento”, disse a vereadora ao declarar voto contrário à moção 109.
O vereador Fabricio Polezi, autor da moção, afirmou que a moção de aplausos é para “os policiais que saíram vivos do confronto” e que o rapaz que atira em policial e que revida após um assalto é, por definição, “não menos que um criminoso”. “A impressão que se dá é de que essa gente apoia o crime, todos nós sabemos que o policial sai na rua para enfrentar o crime e enfrenta várias circunstancias adversas o dia todo. Se hoje temos uma certa segurança é por causa desses heróis, que não desistem de nos defender e de fazer o que é certo”, declarou Polezi.
Na justificativa de voto, a vereadora Ana Pavão (PL), que votou contra a moção, considerou que nenhum policial sai de casa para matar, mas para proteger a população e se acontece uma morte, por mais que seja bandido, entra, na maioria das vezes, como uma fatalidade para os policiais, porque eles não são treinados para isso. “Eu dou aplausos à corporação, convivo com eles nesse meio, mas não podemos colocar nomes, a própria corporação pede que não citemos nomes de ninguém, porque são equipe. A polícia merece ser aplaudida, mas sem nome de ninguém”, justificou.
Josef Borges, ao justificar o voto contrário, disse que a moção foi muito mal escrita e faz apologia à morte. A moção tem que elogiar o trabalho da Polícia Militar, que é um trabalho preventivo. Policial não sai à rua para matar as pessoas”, declarou.
A moção de aplausos será entregue em nome do Tenente Coronel Alexandre Luiz Bergamasco Pedro, do 10 BPM/I, e toda a equipe.