23 DE MAIO DE 2018
Parlamentar acompanhou paralisação da categoria e manifestou apoio às reivindicações
Parlamentar pretende elaborar moção de apelo para aprovação de projetos de lei
Pelo menos 150 caminhoneiros estacionaram seus veículos na manhã desta quarta-feira (23) entre os quilômetros 169 e 167 da rodovia Geraldo de Barros (SP-304), no sentido Piracicaba/São Pedro. A paralisação afeta desde ontem a região e a principal reivindicação é a redução do preço do óleo diesel. Os profissionais da categoria se concentraram no acesso ao distrito de Santa Teresinha, na altura do Posto Bigaton, onde o vereador Dirceu Alves da Silva (SD) esteve presente para se solidarizar com a causa.
Representante do Sindicato dos Caminhoneiros de Ourinhos e Região, Ariovaldo de Almeida Silva Jr. disse que o movimento não tem a intenção de encerrar a paralisação enquanto não for atendido pelo Governo Federal. “O movimento é legítimo, já tomou proporções nacionais e não tem data prevista para acabar. Enquanto sindicato, estamos monitorando os atos, para que não haja vandalismo”, disse.
Segundo Ariovaldo, as constantes flutuações no preço do combustível ocasionaram na redução do lucro da categoria e, em muitos dos casos, são registrados prejuízos. “Antes de sair de casa, o caminhoneiro faz um cálculo, mas durante o trajeto percebe que os custos são insuficientes para lhe proporcionar qualquer margem de lucro. Em cada posto que para, o diesel está aumentando. A conversa do sindicato com os motoristas vem desde a semana passada para a definição da pauta de reivindicações. Queremos que o Governo Federal reduza o valor, promova o congelamento dos preços e apresente parâmetros para brecar o aumento desenfreado dos combustíveis.”
Outra reivindicação dos motoristas é a aprovação do projeto de lei 528/2015, que estabelece a regulamentação dos valores mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes por eixo carregado, nos meses de janeiro e julho. Além disso, a categoria pede a aprovação do projeto de lei 4860/2016, que cria o Marco Regulatório para o Transporte de Cargas, e isenção da cobrança de pedágio por eixos suspensos dos caminhões.
Caminhoneiro há 40 anos, João Batista Hornich, 67, aderiu à pauta de reivindicações. Ele saiu de Goiás e possuía uma carga de grãos para entregar em Santos. “A redução do preço do combustível nunca saiu da nossa pauta. Também queremos forçar o Governo do Estado de São Paulo a melhorar o serviço de apoio nas estradas. Aliás, não temos qualquer apoio nesse sentido. Por exemplo, a descarga no terminal do Porto de Santos pode ser feita todos os dias, de forma ininterrupta, mas para chegarmos até lá não temos qualquer lugar para o descanso. Se paramos na beira da estrada, o risco de assalto é grande. É imperdoável a falta de bolsões.”
Além das despesas com a manutenção do veículo, combustível, pedágio e alimentação, a categoria é a responsável pelo pagamento da tarifa de acesso dos caminhões aos portos – conhecida como “pagamento de pátio”. “Somos prestadores de serviços de grandes empresas, muitas delas multinacionais, e o custo fica nas nossas costas. Ou seja, a logística é feita em cima do nosso bolso”, completou João Batista.
O vereador Dirceu Alves da Silva disse que pretende se pronunciar sobre o assunto na Câmara de Piracicaba e deve acionar a sua equipe para elaborar uma moção de apelo ao Governo Federal e à Câmara dos Deputados em prol das reivindicações dos caminhoneiros. “A gente sabe que não é um trabalho fácil. A economia do país depende de forma significativa dos caminhoneiros. Na minha empresa, tenho caminhões e sei de todas as dificuldades, especialmente com o aumento abusivo do combustível. Se continuar assim, o trabalho será apenas para pagar a conta no posto. Acredito que a reivindicação seja justa e por isso manifesto o meu apoio”, declarou.
A estimativa do fluxo de caminhões parados (150 veículos) por volta das 11h30 é da Polícia Militar Rodoviária, que se concentrou no trevo de acesso ao distrito de Santa Teresinha para orientar os motoristas. A paralisação afetou as duas pistas da rodovia, no entanto a maior concentração foi registrada no sentido Piracicaba-São Pedro, sendo que até este horário havia caminhões até a altura da empresa ArcellorMital. Como os caminhoneiros estacionaram na faixa direita da pista, o trânsito ficou livre para os veículos leves e ônibus, sem a ocorrência de congestionamento, informou o capitão Túlio Vancim. Segundo ele, não foram registradas ocorrências graves desde que a PM iniciou o monitoramento da área.
(Assista no player à reportagem veiculada pelo "Jornal da Câmara".)