Os dados apresentados na palestra 'Relações de gênero e inovações no mundo corporativo' evidenciaram a desigualdade entre os gêneros não só no Brasil, como também no mundo. A palestra é a primeira do ciclo ‘Diálogos para equidade’ e foi transmitida na internet, pelo aplicativo Zoom e pelo canal do Youtube da Escola do Legislativo de Piracicaba, na tarde desta segunda-feira (18).

As advogadas Rebeca Henrique do Nascimento da Silva e Luana Bruzasco de Oliveira, e a psicóloga especialista em RH, Lívia Bruzasco de Oliveira, fizeram um recorte histórico das conquistas das mulheres no Brasil e apresentaram dados recentes sobre a realidade das mulheres em comparação com os homens em escolaridade, salário e cargos de liderança.

A advogada Luana Bruzasco de Oliveira apresentou dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2016 que apontam a escolaridade das mulheres superou a dos homens e mesmo assim a diferença de salário entre os dois aumentou entre os anos de 2012 e 2016. Para Luana Bruzasco, a diferença salarial deveria diminuir e até se equiparar, já que “as mulheres estão estudando mais”.

Quanto à participação das mulheres na política no Brasil, em 2017 somente 10,5% dos assentos Câmara dos Deputados eram ocupados por mulheres e, em 2016, somente 37,8% das mulheres ocupavam cargos gerenciais nas cúpulas dos órgãos. No mundo, nesse mesmo período, 23,6% dos assentos eram ocupados por mulheres.

Sobre a representatividade feminina no mundo corporativo, a psicóloga Lívia Bruzasco apresentou uma pesquisa realizada pela empresa GPTW, dentre as melhores empresas para se trabalhar no país, que apontou a baixa representatividade das mulheres nos cargos de chefia e de liderança. Em 2019, 10% das mulheres ocupavam cargos de chefia, 40%  cargos de liderança e do total de funcionários, 46% eram mulheres. Na União Europeia, a representatividade também é baixa. A pesquisa realizada pelo Instituto EIGE apontou que em 2019, os cargos de chefia eram apontados por 7,3% das mulheres nas empresas de grande porte, os cargos executivos por 18,15% e os não executivos por 30,85%.  

Na palestra, a advogada Rebeca Henrique do Nascimento da Silva destacou a importância da Constituição de 1988 para o debate sobre equidade e a importância da democracia para o diálogo. Ela também destacou a participação das 26 deputadas no processo da Constituinte, em 1986; a criação da Lei Maria da Penha, em 2006; e a eleição de Dilma Roussef como primeira presidente mulher, em 2010, como importantes conquistas das mulheres no Brasil.

A vereadora Nancy Thame (PV), Diretora da Escola do Legislativo, afirmou que o tema equidade de gênero é muito pertinente para o momento atual. “Quando se trata de equidade a gente vê esses dados que trazem de uma forma mais forte ainda a questão das diferenças. Temos avanços sim, a palestra colocou uma luz com esses números para gente ver o quanto a gente tem de desafios e são muitos”, declarou.