Piracicaba tem em torno de 2.100 propriedades rurais e, dessas, de 100 a 150 são de agricultores familiares enquadrados na lei federal 11.326/2006. Este foi um dos dados apresentados pela engenheira agrônoma Sabrina Bakker durante o evento "Agricultura familiar: diagnóstico e perspectivas", que ocorreu na tarde desta segunda-feira (19) na Escola do Legislativo, da Câmara de Vereadores de Piracicaba.

O evento abordou diferentes aspectos da agricultura familiar em palestras sobre pesquisa de consumidores e canais de comercialização de produtos orgânicos de Piracicaba, com a bióloga e mestre Letícia Ferreira Magnin; sobre programas de extensão da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade São Paulo), com o médico e extensionista Ademir de Lucas; sobre a série "Produtor Rural", da Esalq, com a bibliotecária Márcia Regina Migliorato Saad; e sobre a ambientalização curricular da Esalq, com a professora Thais Vieira.

"Trouxemos cinco palestrantes com visões que se complementam para tentar juntar informações e criar propostas para o município", salientou a vereadora e diretora da Escola do Legislativo, Nancy Thame (PSDB).

Sabrina Bakker apresentou dados sobre a agricultura familiar em Piracicaba e falou sobre programas que se enquadram nas políticas públicas destinadas aos agricultores familiares, como o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), o PPAIS (Programa Paulista de Agricultura de Interesse Social), o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Microbacias ll, a Previdência Rural, o CMDRS (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural) e o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais).

A engenheira agrônoma falou ainda sobre as cooperativas de agricultura familiar de Piracicaba, como a Copimays, a Copihort e a OCS (grupo de agricultores de alimentos orgânicos) e destacou projeto de iniciativa do CMDRS sobre o desenvolvimento rural sustentável para Piracicaba. "O número de agricultores familiares está diminuindo. Nossa meta deveria ser, pelo menos, produzir o alimento que a população do município consome", comentou.

Letícia Ferreira Magnin trouxe o caso de um projeto realizado entre quatro tipos de canais de consumidores orgânicos: grupo de consumo, loja especializada, feira e supermercado, representados por, respectivamente, a Rede Guandu, o Rancho Orgânico, o Varejão da Paulista e o supermercado Oba Hortifruti.

O projeto exibiu dados que contribuem para entender o público consumidor de alimentos orgânicos, como, por exemplo, a constatação de que grande parte dos participantes de uma pesquisa vê o alimento orgânico como sem agrotóxicos, desconsiderando os aspectos sociais e ambientais que diferenciam esse tipo de produção.

Ademir de Lucas falou do histórico e das contribuições de um projeto de extensão para a agricultura familiar e abordou o método de ensino da Esalq, que, segundo ele, é diretamente ligado à pesquisa e aos projetos de extensão.

O evento também apresentou o histórico da série Produtor Rural da Esalq, criada em 1997 para disseminar conteúdo sobre a agricultura, por meio de palestra da bibliotecária Márcia Regina Migliorato Saad e especificidades da proposta de ambientalização curricular da Esalq, que foi comentada pela engenheira agrônoma e presidente da Comissão de Graduação da Esalq, Thais Vieira.

Após as palestras, uma mesa-redonda deu oportunidade aos participantes de interagir com os palestrantes. Durante a conversa, foi sugerida a criação de uma cartilha sobre agricultura orgânica, que seria distribuída em varejões, e a organização de grupos para avaliar a demanda, em relação a hortaliças, dos grupos de consumo de Piracicaba.

Estudante de Ciências dos Alimentos, Nicolas Borrego, que acompanhou a palestra para aprofundar o conhecimento sobre o tema, que também faz parte do currículo de seu curso, comentou que desconhecia a dimensão da agricultura familiar em Piracicaba e suas características. "As palestras complementaram minha formação e abriram meus horizontes e possibilidades sobre como posso atuar junto aos produtores de Piracicaba e, principalmente, aos agricultores familiares", avaliou.