29 DE NOVEMBRO DE 2019
Expediente da reunião ordinária desta quinta-feira teve a participação de lideranças da campanha
Moisés Taglieta e Eliel Fonseca, falaram, no Plenário Francisco Antônio Coelho, sobre a nova onda de epidemia da doença.
Os números crescentes de novas infecções de HIV entre jovens e idosos no Brasil e a desinformação da sociedade sobre uma das doenças que mais matam no mundo todo motivaram o vereador Pedro Kawai (PSDB) a pedir, por meio do requerimento 729/2019, a suspensão do expediente da 71ª reunião ordinária, para que lideranças da campanha ‘Dezembro Vermelho’ falassem sobre o tema.
Nesta quinta-feira (28), os coordenadores do Cedic (Centro de Doenças Infecto Contagiosas) e do Caphiv (Centro de Apoio HIV/Aids e Hepatites Virais), Moisés Taglieta e Eliel Fonseca, falaram, no Plenário Francisco Antônio Coelho, sobre a nova onda de epidemia da doença e alertaram sobre a importância da prevenção e da conscientização da sociedade para solução do problema.
Conforme dados apresentados pelo coordenador do Cedic, a população jovem, de 10 a 29 anos, tem o vetor de crescimento “altíssimo”. “Até 2006 tínhamos de três a quatro casos entre homossexuais infectados pelo vírus, hoje temos de 17 a 18 todos os anos. O jovem homossexual é uma grande preocupação nossa. Por isso, voltamos a falar da prevenção. Se continuarmos fechando os olhos para as questões de sexualidade, voltaremos sempre a esses problemas”, advertiu.
Ele também fez um alerta para o aumento dos casos de sífilis, outra infecção sexualmente transmissível. “A cada cinco diagnósticos de sífilis, temos uma de HIV. A sífilis é uma doença milenar, que tem cura há mais de 120 anos. O que impacta a gente é ver como ela ainda cresce, só na última década os casos aumentaram em 1000%. É um número realmente preocupante, de uma doença negligenciada, que mata”, informou.
Segundo Taglieta, o Brasil assumiu a nova nomenclatura, IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis), por entender que o trabalho é para diminuir as infecções, não apenas cuidar de doenças. "A Aids, embora tenha tratamento, continua sendo uma doença que não tem cura. Ela não é como o diabetes, por exemplo. O diabetes não traz consigo todo o peso da sociedade nos seus olhos, nem é tido como a doença que ‘você procurou’”, alertou Taglieta.
Segundo ele, enquanto essa concepção não for alterada, a Aids continuará sendo uma doença de "submundo" e um problema de saúde pública. “Se eu me respeito, vou me cuidar, se respeito o próximo, vou cuidar do próximo. É preciso que todos pensem em como fazer para que as informações cheguem às pessoas”, disse.
Para ele, a prática sexual é a principal responsável por levar os jovens à infecção, embora algumas pessoas ainda acreditem que seja a sexualidade das pessoas. “A sexualidade é parte da nossa formação, tem que ser discutida e levada a sério”.
Eliel Fonseca, coordenador do Caphiv, entidade que atua na prevenção das ISTs e presta assistência social em saúde e defesa de direitos, principalmente, das pessoas vivendo com HIV, disse que o conceito “Dezembro Vermelho” surgiu em Piracicaba, e pretende, ao longo do mês, promover ações de conscientização, diagnóstico e debates, para que a informação correta sobre prevenção possa atingir toda a sociedade.
“Infelizmente, em tempos de fake news, muitas mentiras, que podem comprometer a saúde das pessoas, têm sido perpetuadas. Com isso, há um recrudescimento da epidemia no país, principalmente entre adolescentes e jovens, em especial a população homossexual”, observou.
De acordo com Eliel Fonseca, entre a população idosa, que ainda resiste à aceitabilidade dos métodos contraceptivos, o número de infecções também tem subido. “A solução é encarar o problema de frente e discuti-los em vários espaços, não podemos ficar somente nas academias, nos espaços públicos e fóruns competentes, precisamos levar a discussão para todos os cantos”, salientou.
O Dezembro Vermelho terá como principal ato a caminhada, na manhã da próxima segunda-feira (2), com início no Mercado Municipal, passagem pela Câmara ––onde haverá ato solene em memórias das vítimas de ISTs–– e chegará à praça José Bonifácio, onde o Caphiv oferecerá testes de HIV gratuitos e entidades prestarão orientações de saúde e alimentação saudável.
Entre os dias 2 e 7 de dezembro, o Caphiv seguirá com a testagem rápida de sífilis e HIV em todas as unidades de atenção básica do município, além de, também no dia 7, oferecer o exame na praça José Bonifácio. Também está prevista, no dia 11, interação com profissionais da educação e especialistas do Cedic.