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10 DE OUTUBRO DE 2017
Segundo encontro do ciclo de palestras "Pensando o Território" reuniu cerca de 50 pessoas no salão nobre, nesta terça-feira.
Segundo encontro do ciclo de palestras "Pensando o Território" reuniu cerca de 50 pessoas no salão nobre, nesta terça-feira
Cerca de 50 pessoas assistiram à palestra "Educação Ambiental como Instrumento de Políticas Públicas", na tarde desta terça-feira (10), no salão nobre da Câmara. O evento, promovido pela Escola do Legislativo, trouxe o professor Marcos Sorrentino, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo) para falar sobre o assunto.
Sorrentino disse que, apesar de as pessoas terem acesso a muitas informações sobre o meio ambiente, principalmente pela internet, "nunca se degradou tanto como hoje". "Informação não é educação", afirmou.
O palestrante apresentou a "agenda de transição educadora agrocológica ambientalista", denominada de "Tawantinsuyo", para buscar "uma humanidade unida na diversidade". Segundo ele, para que ocorram mudanças, é necessário haver uma "rebelião". "Precisamos nos voltar contra essa inércia que naturalizou o modo de produção e consumo que não são saudáveis para a manutenção da vida humana", ressaltou.
Para atingir essa nova realidade, Sorrentino citou quatro pilares fundamentais: luta política imediata (o enfrentamento de temores), constituinte (democratização), transformações culturais (trabalhando valores e cuidados com o próximo, comprometidos com a manutenção da vida) e transformações estruturais (envolvendo reforma agrária e urbana). "Precisamos olhar para essas questões e ver qual a melhor forma de organizar de uma maneira diferente", comentou.
Com relação às políticas públicas, Sorrentino declarou que elas devem se articular para atingir todo o território e alcançar a totalidade. "Não dá para culpar apenas a pedagogia pela educação ambiental se não houver políticas públicas para respaldar as ações dos educadores", alegou. Segundo o professor, a escola é a principal fonte de educação atualmente, porém a mídia, os sindicatos, as associações e os movimentos também devem atuar na disciplina ambiental.
José Orlando de Almeida, do Instituto Terra Vida, debateu sobre a restauração de nascentes urbanas e o desenvolvimento humanitário com a integração social e sobre a necessidade de deixar o espaço degradado o mais natural e próximo do "original" possível. "Precisamos desenvolver a consciência ecológica, unir instituições para que nos ajudem a chegar a esse objetivo", declarou.
Almeida também comentou o projeto "Adote uma Área", que atua em escolas municipais e estaduais. "Nos entornos das nascentes temos a comunidade —com escolas, postos de saúde, condomínios— e podemos trabalhar com eles. Porém, a manutenção do espaço também precisa de empresas especializadas", sugeriu.
Celise de Oliveira Romanini, chefe da Divisão de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente, apresentou as metas e os resultados do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos, construído por pessoas da sociedade.
A última debatedora foi a promotora de Justiça do Grupo de Atuação de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público, Alexandra Faccioli Martins, que discorreu sobre a educação ambiental como instrumento de políticas públicas, os desafios da sociedade contemporânea e consumo e desenvolvimento sustentável.
Alexandra afirmou que "a sociedade é incapaz de valorizar o que tem". "A nossa fauna sofre e achamos natural. Lutamos por uma realidade que as pessoas não conhecem", apontou. De acordo com a promotora, a mudança só ocorrerá por meio da sociedade, pela sensibilização e ação da Constituição Federal para a preservação do meio ambiente.
A vereadora Coronel Adriana (PPS), que também acompanhou a palestra, disse que "falta muito para as coisas funcionarem". "Quantas decisões públicas são tomadas sem a preocupação com o meio ambiente e que acarretam problemas para a comunidade?", refletiu.
Para ela, o gestor —dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário— precisa ter um olhar diferenciado. "Não podemos conviver com um Termo de Ajustamento de Conduta que manda simplesmente urbanizar uma área de invasão de uma APP [área de preservação permanente]", comentou.
A parlamentar acredita que todos deveriam acompanhar os próximos encontros. "Inclusive os gestores do Ministério Público, do Judiciário, do Executivo e do Legislativo", enfatizou.
A vereadora Nancy Thame (PSDB), diretora da Escola do Legislativo, enfatizou três elementos de foco do programa: o fortalecimento de lideranças, a difusão da cultura e a promoção da cidadania. Ao fim dos debates, Nancy abriu espaço para perguntas do público aos debatedores. A palestra foi transmitida ao vivo pela TV Câmara.
SERVIÇO - O ciclo de debates "Pensando o Território" continua, durante o mês, na Câmara. Os próximos debates acontecem nos dias 17, 24 e 31 de outubro, com os temas "gestão ambiental e desenho urbano", "desenvolvimento rural" e "cidades sustentáveis e democráticas". Mais informações na página da Escola do Legislativo.