A Câmara Municipal de Piracicaba, por intermédio do Fórum da Pessoa com Deficiência, sob a coordenação do vereador André Bandeira (PSDB), na manhã desta quinta-feira (25) promoveu o lançamento da Frente Parlamentar de Proteção às Pessoas com Transtorno do Espectro Autista e Suas Famílias, conforme o decreto legislativo 01/2024, também de autoria do parlamentar, com atuação na promoção de debates, audiências públicas, seminários e eventos em abordagens às questões relacionadas que visam a garantia dos direitos e a inclusão destes cidadãos.

O lançamento da frente reforça a realização do 2º Simpósio "Autismo em foco", ocorrido no dia 2 de abril, que teve a participação especial do criador e idealizador do canal nas redes sociais “Lado B do Autismo”, Luiz Antônio Moreira Porto “Zizo”, que na oportunidade discorreu sobre a trajetória de sua vida, quando somente na fase adulta é que veio descobrir o seu autismo. O simpósio também acolheu o depoimento, por intermédio de vídeo, da “mãe atípica” Dra. Larissa Lafaiette Mangussi, fundadora do grupo “Terapia de Mães Atípicas” e com a exposição de artes do artista plástico e pessoa com TEA  Augusto Lafaiette de Godoi Mangussi.

O evento da frente parlamentar aconteceu das 9h às 12h no Salão Nobre “Helly de Campos Melges”, com transmissão ao vivo pela TV Câmara, no canal 11.3 UHF da TV digital aberta, além dos canais por assinatura 4 da Net/Claro e 9 da Vivo Fibra. Os trabalhos tiveram transmissão simultânea nos perfis da Câmara no Facebook e YouTube, assim como no site camarapiracicaba.sp.gov.br.

Na formação da mesa dos trabalhos: o presidente da Câmara Municipal de Saltinho, Gilmar de Brito; a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, de Capivari, Lucileia Marchioreto; a secretária de Desenvolvimento e Assistência Social de Piracicaba, Euclídia Fioravante; a vereadora de Iracemápolis, Juliana Rocha; os vereadores de Pirassununga, João Henrique Trevellato Sandfeld e Mirelli Cristina de Araújo; o vereador de Piracicaba, Acácio Godoy (Avante); o vereador de Saltinho, João Roberto Jerônymo e a vereadora de Conchas, Lígia Moysés dos Santos, além de Elaine Cristina Cosmo e Cleiton Paulo dos Santos, vereadores de Ipeúna.

Frente parlamentar

O autor e presidente da solenidade, o vereador André Bandeira fez a abertura oficial do evento, com ênfase a este trabalho em que as câmaras municipais podem desenvolver em cada localidade, mediante o apoio do Executivo e demais entidades que militam na luta pelo deficiente, na inclusão do cidadão. "O objetivo é somar forças com Piracicaba, para que as iniciativas possam ser levadas a outros lugares", destacou o parlamentar, que também falou da satisfação de realizar o lançamento da frente, para encaminhamento das políticas, públicas, com o mote principal de dar voz e vez para todos, visando o trabalhar com os autistas e suas famílias, onde a criança e o jovem precisam de gente adulta para dar este suporte às entidades e conselhos que atuam na área.

Saudações

O presidente da Câmara de Saltinho, Gilmar de Brito iniciou o ciclo de saudações falando da honra e do convite que recebeu para estar presente em Piracicaba. "Precisamos aprender muito e queremos levar novos conhecimentos para serem desenvolvidos em Saltinho", enfatizou o parlamentar.

Lucileia Marchioreto, secretária municipal de Capivari falou da importância de discutir esta temática. E, ainda considerou a luta constante, desde que a mãe recebeu o diagnóstico. "Devemos ir em busca de políticas públicas", conclui Lucileia na defesa de políticas de inclusão aos autistas.

A secretária de Desenvolvimento e Assistência Social de Piracicaba, Euclídia Fioravante falou da sua condição de militância há muito tempo, onde aspira por um momento de olhar um modelo com perspectiva humana. "Enquanto secretária posso falar desta gestão dentro do modelo social, da integração de todos os serviços, para garantir impactos", ressaltou Euclídia, que ainda defendeu os avanços do Executivo, a exemplo da centralização de esforços pela criação de um GT (Grupo de Trabalho), com todos os serviços, em demandas de atendimentos para cobrir toda a população. Euclídia também citou para breve o documento que o GT está preparando, em desafios a fazer, na perspectiva de que o trabalhar o autismo, visa o atendimento de toda família. "A esperança é que esta frente se junte a nós nesta discussão para políticas que atendam de fato", disse a secretária.

Juliana Rocha, vereadora de Iracemápolis, também saudou a formação da mesa de honra, em agradecimento ao vereador André Bandeira e ao presidente da Câmara de Iracemápolis, Valdenito Gonçalves de Almeida, por ela representado. "Ainda dá tempo para fazer. Estou aqui para sair com ideias, em reforço ao vereador André Bandeira em Piracicaba", concluiu a parlamentar.

João Henrique Trevellato, vereador de Pirassununga, falou do prazer de participar das discussões, por acreditar que as sociedades só mudam a partir do povo. "Que saiamos daqui com ideias e proposituras positivas. O papel nosso é ouvir o socorro e levar alento às famílias", finalizou Trevellato, que ainda destacou a condição da Apae em Pirassununga, por ser referência para 26 cidades da região.

Mirelle Cristina de Araújo, também vereadora por Pirassununga falou da condição de ser mãe de autista, além de mostrar as falhas nas políticas públicas, na falta de amparo perante o seu próprio laudo, onde foi através deste caminho que viu a importância do apoio do Legislativo nestas questões, para tentar diminuir a falta de informações.

O vereador de Piracicaba, Acácio Godoy (Avante) destacou o trabalho de André Bandeira. "Precisamos de engajamento. Sou vereador de primeiro mandato e tomo André como modelo. O pouco que sei aprendi com a Auma, entidade que dá apoio a estes cidadãos. O vereador não tem vivência de tudo", disse Acácio.

O vereador de Saltinho, João Roberto Jerônimo falou do orgulho de participar do evento. E, a vereadora de Conchas, Lígia Moysés dos Santos falou da inspiração que o exemplo de Piracicaba demonstra, onde é urgente estas ações.

Elaine Cristina Cosmo, vereadora de Ipeúna, que também formou a mesa diretiva dos trabalhos, parabenizou o evento realizado pelo vereador André Bandeira, onde "levo novos conhecimentos ao meu município", disse. 

Também de Ipeúna, o vereador Cleiton Paulo dos Santos falou do lado honroso de trabalhar com a questão do Transtorno do Espectro Autista, em palestras, onde o município criou projeto de lei com olhar voltado ao tema, onde a maior dificuldade hoje do autista é do seu reconhecimento, onde o papel do Legislativo se reveste de importância na discussão do tema. "Primeiro é conscientizar, dar o empoderamento da família, para que ela tenha o conhecimento, em saber o melhor encaminhamento", disse.

Na coordenação dos trabalhos do dia, o vereador André Bandeira, destacou o papel do Legislativo, como o maior representante da população, dentro do parlamento, na cobrança de políticas públicas do Executivo. O parlamentar ainda falou da honra em trabalhar com o vereador Acácio Godoy, na Comissão de Finanças, no ano passado e hoje atuam na busca pela defesa da inclusão dos autistas.

André Bandeira também falou do objetivo da força parlamentar, em unir a região, no levantamento de diversas situações que acontecem nas próprias cidades vizinhas. O parlamentar também citou a dificuldade de espera, onde crianças são direcionadas à Apae de Pirassununga, por ser referência no assunto. Também enalteceu Reinaldo Pousa, enquanto foi titular da Semutri (secretaria municipal de Transportes Internos de Piracicaba), e apoio de assessores de seu gabinete. "Há que trabalhar em conjunto para mudar a situação das pessoas. O nosso objetivo é ouvir as pessoas e debater ideias, de forma plena,
com a participação em todos os espaços", disse Bandeira.

André Bandeira ainda destacou a criação do decreto onde institui em Piracicaba e, regou para que a medida também seja implantada nas demais cidades, no trabalhar a temática em toda região. "Me coloco à disposição para levar a base do texto e que possamos discutir de forma ampla, para cada vez mais estas políticas e atendimento possam acontecer, em trabalho junto aos conselhos de cada cidade", alertou.

O parlamentar também mencionou diversas entidades em Piracicaba, a exemplo da Apae, Passo a Passo, Auma, Centro de Reabilitação, e outras que atuam em parcerias com o Executivo, visando a ampliação do atendimento. "Não temos ainda um CER (Centro de Reabilitação), e nem a Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Hoje, os pacientes são deslocados para Mogi Mirim. Há que se mapear cada cidade para ver o que oferecem em termos de atendimento, visando o melhor suporte a estas pessoas e famílias", concluiu o parlamentar, lembrando ainda que o avanço da frente só acontece ouvindo a população.

Relato de caso

Representando todas mães que vivem esta realidade, Cátia Turchi, fez a sua descrição: "39 anos, mulher neuroatípiaca, em diagnóstico após sua filha, de 4 anos, Valentina", iniciou Cátia, ao contar a sua história de vida, quando começou a observar sua filha, na repetição de fala das pessoas, com hipersensibilidade ao toque, ao barulho, desconforto ao pentear os cabelos, quando entrava em crise, tinha preferência por brincar sozinho e, mesmo aos dois anos já montava quebra cabeças complexos, além de demonstrar o seu gosto em assistir desenho em inglês.

"O diagnóstico foi muito difícil para nós, não tivemos apoio do poder público. Por despreparo dos próprios médicos o diagnóstico era de que nossa filha não era autista. A intervenção deve ser o mais rápido possível", enfatizou Cátia, para ainda reforçar que a família buscou uma terceira opinião, de uma pessoa com todas condições de avaliar, onde na primeira consulta já iniciou o tratamento neuropsicológico, com a interpretação de que se tratava de autismo, baseado na ABA (Análise do Comportamento Aplicado), onde se observou muitos avanços.

Cátia também comentou sobre o drama envolvendo o seu trabalho, onde enfrentou muitas barreiras e, nos seus 38 anos, teve a confirmação de que também é autista, o que explicava as irritações ao voltar de uma festa, onde pagou um preço alto por mascarar a sua condição, levando-a a crises. Também relatou sobre fatos quando assumiu a coordenação de uma escola, onde foram momentos difíceis, quando chegou até a desmaiar, pelas exigências sociais que o ambiente exigia. "Quando o Samu foi acionado na escola, fui questionada se teria condições de ser coordenadora. Hoje trabalho em escola que dá todo um suporte, um olhar especial para todas as pessoas, onde a maioria é autista e a situação do autista é compreendida melhor e respeitada", disse.

Para Cátia, se as pessoas não forem informadas, se não tiveram conscientização, não irão respeitar o outro. Todos precisam de suporte. Na minha vivência tive que lutar. Tem que começar pela primeira barreira. Há que se conseguir o diagnóstico, depois a inclusão, na escola e no trabalho como um todo. Este falar, neste momento é muito importante. Estamos no mês da conscientização e não romantização. Precisamos de suporte, sem esquecer dos níveis 2 e 3. Temos que estar engajados. Encontro muitas pessoas empáticas, mas não engajadas, enquanto cidadãos, o que também incluem professores e médicos", conclui Cátia.

Contribuição pública

Na manifestação e contribuição do público, iniciando por Wilson Santos, em saudação ao povo originário, o povo massacrado, o povo brasileiro, o indígena, onde parabenizou a iniciativa e representação do Conepir (Conselho Estadual da Comunidade Negra de Piracicaba) e avô de um menino, com TEA e TOD, dois distúrbios, onde citou questões de política pública, desde 2002, quando chegou esta situação em sua família, no entender e busca por auxílio. 

Wilson também questionou a rede de apoio, promotoria pública e juiz da infância, que não estavam presentes no evento. "Nem sempre estes entendem a situação", enfatizou o cidadão, mostrando que a saúde, educação, os direitos e política pública passam pela Câmara, numa causa que necessita que os profissionais busquem o aprendizado, melhorando a situação para várias pessoas, em público alvo. Wilson também chamou atenção para casos de doenças invisíveis, a exemplo da empatia, onde há cordão, onde a sociedade não está informada.

Adriano Turini, do Projeto Samuel, da Faculdade Anhembi Morumbi, também falou no evento, destacando que famílias são atendidas, em parceria com o Clube Cristovão Colombo. Também reconheceu as dificuldades nas periferias. "Há que dar o diagnóstico, onde se possa mobilizar a todos, especialmente a família. Todas as escolas são obrigadas a receber as crianças. Ainda falta muita informação, principalmente na área da educação", concluiu.

O vereador André Bandeira reforçou os encaminhamentos da Frente, destacando que o vereador é demandado para tudo, nas causas no dia a dia. E, rogou para que haja  engajamento, que cada um possa fazer o melhorar, dando as mãos. "O poder público tem sim que dar o suporte a quem precisa, atender a dona Maria, lá da periferia. Há que compartilhar informação com todos, reforçar a rede de saúde, com os programas de saúde, levando a informação para a nossa sociedade", finalizou o parlamentar, enfatizando o objetivo de somar forças, dar as mãos e fazer acontecer.

O assessor Paulo Meyer, dos Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência, da cidade de Rio Claro falou da importância de abrir discussão na esfera regional, para buscar uma saída. "Um dos pontos importantes é conhecer para incluir, de nós mesmos, as nossas famílias. Sem a sociedade conhecer, não conseguiremos incluir", concluiu Paulo.

A também representante de Rio Claro, a psicóloga, neuropsicóloga Nathália falou dos diversos serviços da cidade vizinha, que mesmo assim enfrenta a falta de profissionais. Ela defendeu a criação de mais espaços a exemplo das universidades, parar discussões destas temáticas do universo do autismo. 

A cidadã Nívea Rodrigues Santana, de Águas de São Pedro, assessora do presidente da Câmara, reconheceu a deficiência da cidade, lembrando que o Legislativo luta pela causa, embora "a informação é deficiente para o servidor público, o que reflete na população", disse Nívea como forma de trazer a todos para uma reflexão.

Encerramento

André Bandeira encerrou o vento destacando o exemplo de Águas de São Pedro, onde muita coisa tem que acontecer lá, a exemplo da inclusão nas escolas e outras questões. Também falou da importância de encontrar caminhos que possam envolver toda a região, no levantamento de pautas, onde se possa colocar na mesa com os Executivos, em atendimento à melhor forma com a população, do trabalho em conjunto.

"Não é inventar a roda e sim capacitar, potencializar o que já existe. Há que somar forças e não cada um puxar do seu lado. Temos referência em Piracicaba, no compartilhar e levando projetos para cada uma das cidades, pela frente parlamentar. Também devemos chamar atenção das populações, em situações que muitas vezes estão na periferia, sem informações.

André Bandeira também falou da relevância de termos em Piracicaba um centro de referência, ampliando o atendimento de alguma estrutura já existente. "Não é fácil para as mães. Não precisamos deste suporte, de estrutura para atender. Temos que dar voz para cada parlamento, cobrando a população e poder executivo de cada cidade, de política pública atendendo a todos. Que outras cidades se juntem a nós, discutindo o assunto e trazendo a iniciativa privada. Está lançada a frente parlamentar", concluiu o parlamentar. 

Presenças

A frente parlamentar também contou com a participação de representantes das cidades de Analândia, Araras, Rafard, Mombuca, Elias Fausto e Americana. Lúcia Helena, cerimonialista da Câmara Municipal de Piracicaba conduziu os trabalhos da reunião.