PIRACICABA, QUARTA-FEIRA, 25 DE DEZEMBRO DE 2024
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23 DE FEVEREIRO DE 2023

Câmara derruba veto e mantém flexibilização à regularização fundiária


PLC autoriza a apresentação de outros documentos que comprovem a existência de núcleos habitacionais antes do marco legal com a finalidade de regularização



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Guilherme Leite - MTB 21.401 Salvar imagem em alta resolução

Vereador Laércio Trevisan Jr. (PL) e mais 12 parlamentares são os autores do projeto, cujo veto do Executivo foi derrubado






A Câmara Municipal de Piracicaba derrubou o segundo veto consecutivo do Poder Executivo, durante a 6ª Reunião Ordinária de 2023, nesta quinta-feira (23). Único item da pauta a ser analisado pelos vereadores nesta noite, o veto referia-se ao projeto de lei complementar 13/2022, de autoria do vereador Laércio Trevisan Jr. (PL) e mais 12 parlamentares, que flexibiliza os critérios para a apresentação de documentos com a finalidade de regularização fundiária. Com a rejeição do veto, pelo placar de 14 votos contrários e cinco favoráveis, o PLC segue para ser sancionado pelo prefeito Luciano Almeida (sem partido).

Na ausência da assinatura, o projeto volta à Câmara para ser promulgado pelo presidente da Câmara, Wagner de Oliveira, o Wagnão (Cidadania). Na 5ª Reunião Ordinária, na quinta-feira passada (16), também foi derrubado o veto do Poder Executivo ao projeto de lei referente às reintegrações de posse no município.

O PLC, que foi aprovado pelos vereadores em dezembro do ano passado, altera e acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 404/19, de acordo com a Lei Federal n° 13.465/17 e o Decreto Federal n° 9.310/18, que estabeleceram a possibilidade de regularização dos núcleos habitacionais existentes até o marco regulatório, fixado no ano de 2017. Atualmente, a lei determina a apresentação de levantamento fotográfico e imagens de satélite para a comprovação da existência do núcleo antes do marco legal.

O veto chegou ao Plenário com parecer contrário emitido pela Comissão de Legislação, Justiça e Redação, com a argumentação de que a matéria não tem o objetivo de aceitar qualquer documento para fins de comprovação da existência de núcleos habitacionais informais, mas, documentos com eficácia comprobatória, como os chamados “contratos de gaveta” e outros que atestem a presença do núcleo antes de 2017.

Discussão – Primeiro signatário do PLC, o vereador Laércio Trevisan Jr. (PL), ao discutir a matéria, defendeu a derrubada do veto. Ele salientou que existem cerca de 250 loteamentos na cidade que pleiteiam a regularização, muitos deles com mais de 30 anos de existência. “É uma lei municipal baseada em uma lei federal, é muito simples”, avaliou. Ele citou situações incoerentes, como imóveis que são legalizados que são vizinhos de outros que não conseguem a documentação.

Na discussão, o vereador Paulo Campos (Podemos) defendeu que o contrato de gaveta é um documento com eficácia comprobatória, com registro datado em cartório. “Quando aprovamos este projeto, demos a efetiva condição às pessoas para conseguirem regulamentar”, afirmou. Por sua vez, o vereador Fabrício Polezi (Patriota) avaliou que o projeto não cria nada de novo, mas apenas complementa a legislação federal. Ele salientou que a regularização vai aumentar a arrecadação do município e que o momento é de os Poderes Legislativo e Executivo trabalharem em conjunto para resolver a questão.

“A maior injustiça é a pressão psicológica, de falar que vai destruir a moradia daquelas pessoas”, disse o vereador Zezinho Pereira (União Brasil). “O prefeito poderia ter feito uma força-tarefa de fiscalização para que isso não acontecesse. Os loteamentos e os moradores estão aí, já aconteceu, tem que pensar em regularizar”.

O vereador Acácio Godoy (PP) disse que é preciso legislar com foco na realidade e que o poder público não pode ignorar a existência dos núcleos informais. Ele ainda criticou a possibilidade de judicialização da matéria, com a derrubada do veto. “Toda vez que nós tentamos fazer algo pelo pobre, pelo trabalhador, eu tenho que perguntar para o Judiciário se eu posso. Isso desvaloriza o papel do Legislativo e do Executivo. Quem sabe a realidade do município somos nós. Deve haver um equilíbrio entre formalismo e realidade”, colocou. O vereador Gilmar Rotta (PP) rebateu o argumento apresentado nas razões de veto pelo Executivo, ao afirmar que a matéria trata do interesse público, já que a regularização vai auxiliar no desenvolvimento da cidade e na resolução de um problema para as famílias moradoras dos núcleos.

Já o vereador Josef Borges (Solidariedade) avaliou que o veto deveria ser acatado. Para ele, o PLC tira a obrigatoriedade da apresentação das imagens de satélite para comprovação da existência do núcleo, o que é exigido pela lei federal. “O município não pode flexibilizar a lei federal. Não é o prefeito que está dizendo que não pode, é a lei federal”, afirmou. “Quem está levando à judicialização somos nós derrubando o veto”. Ele disse ainda que os loteadores podem conseguir a documentação exigida para que a Prefeitura possa atestar a consolidação dos núcleos e garantir a regularização.

O vereador Pedro Kawai (PSDB) discursou que o PLC traz um instrumento para que a Prefeitura possa resolver o problema. “A Prefeitura, como sempre, nega, porque não vai aos loteamentos, não sabe a realidade”, disse. Para a vereadora Sílvia Morales (PV), do Mandato Coletivo A Cidade é Sua, falta vontade política para resolver a situação, já que cabe ao município aplicar o conceito do que é um núcleo consolidado, através de uma ação administrativa, e promover a regularização dos núcleos. Para manter a coerência, ela se posicionou a favor do veto, conforme já havia votado anteriormente em relação à matéria e expôs que o projeto deveria ser mais claro quanto à definição de documento comprobatório.

Veja, no vídeo, nesta página, a íntegra da discussão do veto, único item da pauta a ser analisado pelos vereadores durante a 6ª Reunião Ordinária. Como a discussão do tema foi prorrogada, não houve tempo hábil para votação das demais proposituras, que deverão voltar à pauta nas próximas reuniões.



Texto:  Aline Macário - MTB - 39.904
Supervisão:  Rebeca Paroli Makhoul - MTB 25.992
Imagens de TV:  TV Câmara


Reunião Ordinária Institucional André Bandeira Ary Pedroso Jr Laércio Trevisan Jr Gilmar Rotta Paulo Camolesi Paulo Campos Pedro Kawai Gilmar Tanno Rerlison Rezende Valdir Marques Wagner Oliveira Zezinho Pereira Cassio Luiz Alessandra Bellucci Acácio Godoy Ana Pavão Josef Borges Thiago Ribeiro Gustavo Pompeo Rai de Almeida Anilton Rissato Fabricio Polezi Silvia Maria Morales Ciro da Van Marco Bicheiro

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