A assistência prestada pela rede pública de Saúde às pessoas em processo de recuperação da Covid-19 motivou a manifestação de vereadores durante a 15ª reunião extraordinária. Parlamentares expressaram preocupações sobre a estrutura oferecida pelo município a partir dos questionamentos feitos por Ana Pavão (PL) no requerimento 489/2021, aprovado nesta segunda-feira (17).

A vereadora quer saber se pessoas acometidas pela Covid-19 e seus familiares estão recebendo acolhimento psicossocial, quantos profissionais atuam nesse suporte e de que forma é prestada a assistência "a partir do momento em que a doença é diagnosticada, durante e após a alta do paciente".

Ela também pergunta se há fisioterapeutas assistindo pessoas com Covid-19 nos leitos semi-intensivos dos prontos-socorros, como são feitos esses atendimentos e quantos profissionais estão envolvidos. Caso a resposta da Prefeitura a ambas as colocações seja negativa, Ana Pavão cobra os motivos para não estarem sendo oferecidas essas modalidades de assistência.

A vereadora cita que a pandemia traz preocupações não só em relação à saúde física, como também "quanto ao sofrimento psicológico que pode ser vivenciado". "Leva pessoas a experimentar um vazio aterrorizador, sensação de desamparo, crises de ansiedade e estado de apatia frente à situação. O acolhimento psicossocial é de extrema necessidade para o cuidado integral a pacientes e familiares", salienta Ana Pavão.

Sobre os fisioterapeutas, a parlamentar enfatiza a importância deles "na assistência integral e ininterrupta, 24 horas, nas UTIs para a recuperação do paciente". "O trabalho desses profissionais começa com os primeiros cuidados com a administração de oxigênio, passa pela assistência em intervenções envolvendo intubação, ventilação mecânica e mudança de decúbito e inclui, ainda, procedimentos para remoção de secreção brônquica e melhora da função respiratória."

Ao discutir o requerimento durante a reunião extraordinária, Ana Pavão reforçou a necessidade de saber "qual ação está sendo feita após a alta" dos pacientes e "se estão tendo o mesmo atendimento depois". "Precisamos exigir isso, sim. A cabeça de uma família com alguém com Covid fica a milhão", afirmou a parlamentar.

O vereador José Everaldo Borges, o Josef Borges (Solidariedade), salientou que fisioterapeutas —área na qual está prestes a obter a graduação— integrem equipes multidisciplinares, como parte de ações desenvolvidas já na atenção básica, e atuem com foco na prevenção. "Seja como parte das equipes ou trabalhando na recuperação, o fisioterapeuta é fundamental: sua participação contribui para evitar problemas cardiorrespiratórios e recuperar a capacidade motora", afirmou o parlamentar, destacando ser determinante "o atendimento pós-hospitalar para quem acabou de sair da UTI e para quem está acompanhando de casa".

Josef Borges disse que defenderá a ideia junto ao secretário municipal de Saúde, Filemon Silvano. "Pretendo discutir muito com o secretário a inclusão dos fisioterapeutas nas equipes multidisciplinares, porque a fisioterapia é mais importante na prevenção do que na reabilitação. São ações que se fazem na atenção primária, individuais e coletivas, tanto em nível preventivo, quanto de reabilitação, tendo o objetivo de atuar sempre de forma integral, visando não só à assistência, mas à inclusão social", comentou.

Pedro Kawai (PSDB) ilustrou a questão com a visita que fez a hospitais nesta segunda-feira. "Ficou muito claro esse sentido, do emocional, em como a população, os pacientes e até os próprios funcionários têm enfrentado essa situação." O vereador reforçou a necessidade de Piracicaba, com cerca de 45 mil recuperados da Covid-19, espelhar-se no exemplo de outros municípios que executam programas de saúde voltados aos desdobramentos da doença. "Cidades já têm criado até ambulatório pós-Covid: em São Caetano (SP) tem um centro com fisioterapeuta e psicólogo. É um olhar pós-pandemia, mais geral e mais amplo."

André Bandeira (PSDB) observou que contar com a Rede de Reabilitação Lucy Montoro é ainda mais relevante na pandemia. "Fizemos uma moção de apelo [ao governo paulista] quanto à importância de ter uma unidade da Lucy Montoro, que neste momento tem atendido não só com fisioterapia, mas somando um atendimento interdisciplinar, buscando a reabilitação das pessoas no pós-Covid."

Acácio Godoy (PP) comentou que a Covid-19, além da necessidade do atendimento posterior, "gera um reflexo na saúde do paciente e atinge toda a família" e defendeu "a importância do serviço da assistência social". Já Cássio Luiz Barbosa, o Cássio Fala Pira (PL), criticou a falta de médicos nas unidades de saúde. "Tomara que resolva a situação do povo, está na hora de olhar o postinho dos bairros", afirmou.