22 DE MARÇO DE 2019
Vereador participou do Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência
Manifestação reuniu pelo menos 30 categorias em frente ao prédio do INSS
O 22 de março foi definido por várias entidades ligadas ao trabalho como Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência. Piracicaba esteve incluída na programação com uma atividade na rua XV de Novembro, no Centro, em frente ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), no período da manhã. O vereador Matheus Erler (PTB) participou do ato, realizado em parceria com o Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba). Erler é autor do Fórum Permanente do Direito Previdenciário, do Idoso e do Trabalho.
Um dos alertas feitos por Erler aos participantes do ato é que o texto da reforma não trata de idade fixa. Segundo ele, a faixa etária será maior, conforme aumento da expectativa de vida da população. "Ou seja, é provável que um dia as pessoas não mais conseguirão se aposentar. Só há opressão aonde não há resistência", protestou ele.
A estimativa é que representantes de pelo menos 30 entidades se manifestaram contra a proposta de emenda à Constituição que o Governo Federal enviou ao Congresso em 4 de fevereiro. Microfones foram ocupados por diretores dos sindicatos que representam as categorias dos trabalhadores da alimentação, motoristas, gráficos, têxteis, comércio, papeleiros, professores, construção civil, entre outros, além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Erler lembrou que iniciou na Câmara, em 2016, uma campanha para alertar a população sobre o falso argumento de que existe déficit na Previdência Social, quando o ex-presidente Michel Temer (MDB) iniciou as discussões sobre a reforma e enviou a primeira versão do texto ao Congresso, que acabou não sendo votada. A partir disso, surgiu o Fórum Permanente do Direito Previdenciário, do Idoso e do Trabalho. "É importante dizer que estamos entrando na segunda fase do Fórum, contra a reforma da Previdência. Hoje, neste primeiro ato, viemos reforçar nossa posição", disse.
Outros atos devem ser realizados na cidade e a programação começará a ser definida pelo vereador, a partir de reunião com o Conespi, já na próxima segunda-feira (25). Além disso, Erler obteve o apoio do presidente da Câmara, Gilmar Rotta (MDB), para que a TV Câmara produza debates com especialistas, com intuito de tirar dúvidas e ampliar o debate sobre a reforma.
Em um segundo momento, Erler também instigou os participantes do ato a entoaren o coro "aqui ninguém vai ficar na inércia". Ele lembrou que a intenção do governo em fazer reformas que afetem os trabalhadores começou com as mudanças nas leis trabalhistas e a extinção do Ministério da Previdência Social. "Foi o início do sucateamento total da Previdência", reforçou.
Segundo o vereador, que iniciou sua carreira profissional como advogado na área previdenciária, uma das categorias mais afetadas deve ser a dos metalúrgicos. "Eles sabem o que é o barulho de uma caldeira ou torno acima 100 decibéis e sofrem com problemas de audição aos 40 ou 45 anos. Destes trabalhadores, o governo quer tirar a aposentadoria especial, hoje com 25 anos de contribuição, para forçar o trabalho até os 65 anos", completou. Ainda sobre a categoria, Erler disse que a intenção é retirar o acréscito de 20% e 40%, respectivamente, às mulheres e homens, na aposentadoria.
Na avaliação de Wagner da Silveira, o Jucão, presidente do Conespi, o presidente Jair Bolsonaro está vendendo o Brasil. Como exemplo, ele comentou a visita aos Estados Unidos, onde Bolsonaro se reuniu com o presidente Donald Trump. "Agora, está querendo vender o que a gente tem mais de precioso, a Previdência Social, que foi construída para o povo. Não podemos deixar essa reforma. O governo está gastando milhões para ir a uma rádio e uma TV para mentir", avaliou, também criticando a proposta de aposentadoria aos militares. "Estão mamando e nós, trabalhadores, teremos de pagar", disse Jucão, que preside ainda o Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e Região.
O presidente do SindBan (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), José Antonio Fernandes Paiva, lembrou que o Chile foi o primeiro país a privatizar a sua Previdência, há 35 anos, porém, o país vive uma situação insustentável, marcada pela precariedade dos valores recebidos pela população idosa. "A redução no valor das pensões e aposentadorias provocou uma onda de suicídios no país. Não podemos deixar que um modelo fracassado venha para o Brasil e afete diretamente os trabalhadores."
Durante o ato, não houve interdição da rua XV de Novembro, uma das opções dos organizadores. Apenas uma das faixas de trânsito foi ocupada pelos manifestantes e na outra, livre, foram entregues panfletos informativos aos motoristas, muitos dos quais "buzinaram" em apoio à manifestação. Além disso, um computador foi disponibilizado para que o trabalhador simulasse o quanto terá de trabalhar a mais, caso a reforma seja aprovada.