Fundado no final da década de 1950 para ser uma reunião de senhoras em tardes de festa e descontração, o Clube da Lady se transformou ao longo do tempo e, agora, ao alcançar os 65 anos tem contribuído para a manutenção de 20 entidades assistenciais, além de ajudar necessidades mais pontuais, como a busca por aparelhos ortopédicos, compra de medicamentos, auxílios para cirurgias e até por subsídios convertidos em bolsas de estudo.

É a natureza assistencial do clube que está destacada na moção de aplausos 148/2022, aprovada na noite desta segunda-feira (29), na 37ª reunião ordinária da Câmara Municipal de Piracicaba. A propositura foi apresentada pelo vereador André Bandeira (PSDB) e assinada em conjunto por Reinaldo Pousa (Podemos).

HISTÓRICO - Liderado por Aydêe Guimarães, uma “forasteira” na ocasião, foi decidido instalar na cidade um clube que reunisse a nata da sociedade em tardes de festa e descontração. Seriam chás sofisticados, com bolos, biscoitos, geleias, tudo à semelhança dos chás ingleses famosos e habituais na terra dos monarcas, lugar que servia de cenário para os romances “água com açúcar” da época. 

“Clube da Lady” era o nome apropriado. Um clube de elite, com ares europeus. Também a bebida –– o chá –– foi introduzida para lembrar as casas senhoriais e os ambientes de sonho daquelas plagas, os luxuosos bailes em que as mocinhas eram apresentadas à corte e oficialmente se tornavam figuras da sociedade, passando a ela pertencer. O “chá da lady” pegou como uma coqueluche. Foi um sucesso; popularizou-se. Logo, as frequentadoras mais sérias perceberam o “veio de ouro” que tinham nas mãos, que iria dar um sentido ao que de início poderia descambar apenas para frívolos e vazios encontros. Ali estava a oportunidade de instituir um digno e verdadeiro, um autêntico trabalho para as mulheres piracicabanas. 

Apesar de inicialmente elitista, o Clube da Lady piracicabano teve sua função reformulada com oito anos de existência e adquiriu caráter filantrópico. E chega aos 65 anos com trabalho que beneficia mais de 20 entidades no município. 

De acordo com Marlene Elias Chiarinelli, presidente do clube há 57 anos, o Clube da Lady tem a transparência como um de seus primeiros princípios, o que para ela é um dos motivos que colaborou com a sobrevivência da entidade.

Mudar o foco de atuação do Clube da Lady foi um trabalho lento e dificultoso. O primeiro obstáculo estava no próprio nome da entidade, que muitas vezes era mal interpretado pelas piracicabanas, que consideravam o clube um lugar acessível para poucos e demoraram a entender que as portas estavam abertas para todas.

Nesses 65 anos, Marlene se diz feliz em saber que contribuiu para que todos os casos que bateram à sua porta fossem atendidos com sucesso. O esforço das beneméritas, frisou ela, permitiu não apenas o auxílio às entidades piracicabanas, como ainda de ajudas em cirurgias e medicamentos aos necessitados. É o caso de dois médicos formados com bolsas conquistadas pelo Clube da Lady.