31 DE OUTUBRO DE 2018
Debate na noite desta quarta-feira é fruto de parceria da Escola do Legislativo com unidade local do Sesc
Sesc Piracicaba se tornou parceiro das ações na Escola no primeiro semestre deste ano
Qualificar agentes sociais para a gestão sustentável e responsável dos resíduos sólidos esteve entre os objetivos do debate promovido nesta quarta-feira (31) pela Escola do Legislativo e o Fórum de Gestão e Planejamento Territorial Sustentável da Câmara. Realizado no Sesc Piracicaba, o encontro reuniu diferentes agentes, que apresentaram exemplos dos trabalhos desenvolvidos em suas entidades.
A mediação do bate-papo esteve aos cuidados de Ana Maria de Meira, educadora ambiental do programa USP Recicla, e trouxe o educador ambiental Cristiano Gomes Pastor, o meliponicultor Júlio Pupim e a presidente da Cooperativa do Reciclador Solidário de Piracicaba, Ednalva Correa de Souza.
Para a vereadora Nancy Thame, diretora da Escola do Legislativo, o debate permitiu que diferentes frentes pensassem em temas pertinentes, em prol da sustentabilidade, nos planos econômicos, ambientais e sociais. Nancy lembrou que apenas 2% da população faz a coleta seletiva e que é preciso buscar alternativas para ampliar a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) no âmbito dos municípios.
“Este é o segundo momento, mas não o último. Estamos sinalizando a estrada, colocando feixes de luz. Teremos mais experiências, frentes diferentes que acrescentem na questão dos resíduos sólidos. Precisamos dar luz para as pessoas que fazem um trabalho significativo, para que elas possam melhorar essa paisagem”, declarou a vereadora.
Constituída em Piracicaba desde 2003, a Cooperativa Reciclador Solidário conta atualmente com 65 catadores, responsáveis por comercializar 180 toneladas de material reciclável. Para 2019, a meta é ampliar a capacidade para 280 toneladas, informou a diretora-presidente da entidade, Ednalva Correa de Souza.
Segundo Ednalva, uma das lutas desde 2012 – e conquistada este ano – era a reforma do barracão da cooperativa, o que possibilitará aos cooperados melhores condições de trabalho, já que a nova infraestrutura disporá de banheiro, escritório, refeitório, sala de aulas e sala de máquinas. “Ficamos 11 anos sem remuneração, quadro que se modifica a partir de 2012, data em que a Piracicaba Ambiental passa a fazer a coleta seletiva na cidade”, disse.
O educador ambiental Cristiano Gomes Pastor, presidente do Instituto Terra Mater, informou que de todo o resíduo produzido no município, 46% é orgânico. Ele apresentou as soluções em compostagem comunitária e comentou sobre vivencias com jovens, em especial na Casa do Hip Hop, onde atua de forma voluntária, no bairro Pauliceia.
“No sistema capitalista tudo está à disposição para o consumo, de forma cruel. Você cai na ilusão das propagandas, das necessidades, das coisas que falam do que você precisa. Pagamos por tudo, não sabemos produzir nada”, disse, ao apresentar, na sequência, método de compostagem desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina que otimiza o processo em larga escala.
Outro exemplo de gestão dos resíduos na cidade é o Sitio São Joao, localizado na avenida Laranjal Paulista, 595, no bairro Campestre. O meliponicultor Júlio Pupim, da Arapira (Articulação Regional de Agroecologia), comentou sobre o que difere a produção agroecológica da convencional. Ele explicou todas as fases da compostagem, da doméstica (para casas e apartamentos) e em larga escala (em terrenos, áreas públicas e hotéis).
No caso do Sítio São João, Pupim explicou que sua localização é em uma área urbana e que são aplicados recurso de poda e jardinagem para cobertura de solo, além da utilização da palhada: folhas, galhos, serragem e resíduos de pinos. Trata-se de um material de fácil decomposição e que é processado com triturador e motosserra. Além disso, o sítio desenvolve processos para ninhos de abelhas carpinteiras.
O primeiro debate sobre o tema, fruto de parceria entre a Escola do Legislativo e o Sesc Piracicaba, ocorreu no último dia 24, também no Sesc, e reuniu o professor Elcires Pimenta Freire, especialista em Meio Ambiente e Sociedade pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a promotora Alexandra Faccioli Martins e a assistente social e especialista em Gerenciamento Ambiental da Sedema (Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Celise Romanini.
DOCUMENTÁRIO – Antes da realização do debate, ocorreu a exibição do documentário “Vidas que Cooperam”, produzido por Fernanda Juliano, Fernanda Camillo, Jacqueline Passos, Letícia Ortolani e Thaís Passos, estudantes do curso de jornalismo da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e que estiveram presentes no Sesc Piracicaba. O audiovisual traz depoimentos de trabalhadores das cooperativas Reciclador Solidário, de Piracicaba, e Cooperlírios, de Americana.
Thaís Passos, que assina a direção do documentário e é estagiária do Departamento de Comunicação da Câmara, comentou que a intenção do grupo foi a de explorar temas como preconceito e mostrar as dificuldades do dia a dia de quem sobrevive do lixo reciclável. “Conhecemos pessoas maravilhosas, que nos receberam muito bem e que nos trouxeram uma vivência maravilhosa para as nossas experiências profissionais”, disse.