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10 DE ABRIL DE 2018

Advogado e vereadores divergem sobre lotação em evento evangélico


Orador da Tribuna Popular criticou presença de número de pessoas maior que o permitido em evento promovido pela IEQ em ginásio; parlamentares elogiaram organização.



EM PIRACICABA (SP)  

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A realização do evento "Benção do Calvário", pela Igreja do Evangelho Quadrangular, no último dia 30, foi alvo de críticas do advogado Homero de Carvalho, que ocupou a Tribuna Popular durante a 18ª reunião ordinária, nesta segunda-feira (9).

Para o orador, o total de pessoas que compareceram ao ato religioso superou a capacidade do Ginásio Municipal "Waldemar Blatkauskas", afrontando a chamada "Lei Boate Kiss" e expondo o público a riscos.

Entre os pontos que, na visão de Homero, colocaram em xeque a segurança do evento, está a ocupação, por equipamentos de som e pelos fiéis presentes, de espaços que deveriam ficar livres à circulação.

"Uma área de escape foi fechada por equipamentos, isso não poderia ter acontecido. O povo lotando o corredor: se houvesse um problema no ginásio, essas pessoas não conseguiriam sair. A 'Lei Boate Kiss' não permite isso", argumentou Homero, que apontou haver 2.750 pessoas num espaço limitado a 1.600. "Que desrespeito à lei é esse?", indagou.

Segundo o advogado, também configurou irregularidade a estrutura montada sobre a quadra, cujo piso foi protegido por uma lona. "Havia um palco que parecia para evento de rock e 328 cadeiras sobre a quadra, a qual permite apenas 6,5 toneladas sobre o piso ––e havia 28 toneladas. A lona amarela não protege nada, a quadra ficou toda arranhada", disse Homero. "Foi um verdadeiro absurdo, não se respeitou nada", criticou.

Advogado e técnico em segurança do trabalho, o vereador Laércio Trevisan Jr. (PR) rebateu as declarações do orador e salientou que as exigências legais foram cumpridas pelos organizadores. "O Corpo de Bombeiros está a praticamente 50 metros do ginásio, com toda a parafernália, a dois minutos do atendimento. Existia a brigada da Prefeitura neste evento. No ginásio existem quatro saídas, não uma. Houve, sim, o AVCB dos bombeiros, o alvará da Polícia Militar, a autorização da Prefeitura para a instalação temporária do evento, a declaração do termo de responsabilidade, ambulância presente, ou seja, tudo dentro da lei. Não teve nenhum incidente. O prédio lá é público; se estivesse fora da lei, a própria Prefeitura seria a responsável."

Citado por Homero, Rerlison Rezende, o Relinho (PSDB), que é pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular em Piracicaba, rebateu a acusação de que a "Bênção do Calvário" teve caráter político por contar com a presença do prefeito e de vereadores. "O evento jamais foi político. As autoridades tiveram a palavra porque a Igreja do Evangelho Quadrangular as respeita", afirmou.

O vereador garantiu, ainda, que o piso da quadra foi preservado. "Nós [da IEQ] assinamos um termo, na Prefeitura, que diz que, depois do evento, o município verifica se houve danos e, se sim, a igreja assume tudo. Nesse caso, foi verificado e não houve dano nenhum, a quadra está em perfeita ordem", declarou.

Assim como Relinho, Paulo Campos (PSD) e Matheus Erler (PTB) também estiveram presentes na "Bênção do Calvário" e fizeram elogios ao que viram.

"Foi um evento muito bem organizado. Todos os procedimentos foram devidamente atendidos. Não houve, no meu ponto de vista, nada irregular", declarou Paulo Campos.

"Foi extremamente organizado. Nunca participei de evento da Igreja do Evangelho Quadrangular em que houvesse desordem; é uma igreja extremamente organizada, ordeira. A brigada do Corpo de Bombeiros estava lá", acrescentou Erler, que aproveitou a discussão para sugerir ao prefeito Barjas Negri (PSDB) a construção de uma arena municipal com capacidade para 20 mil pessoas, própria para receber atos de grande porte. "Já passou da hora", disse.

"Acho importante essa discussão: Piracicaba é uma cidade grande, não tem um local para eventos e precisa ter. Eu me lembro de que há 20 anos se discute a possibilidade de um espaço para eventos na área do Santa Rosa, mas só se fala", lamentou Lair Braga (SD).

Para Pedro Kawai (PSDB), há equívoco quando se compara a "Bênção do Calvário" aos riscos a que está exposto o público que frequenta festas em que se consomem bebidas alcoólicas, por exemplo.

"Acho que existem eventos e eventos, de diferentes tamanhos e públicos. Todos eles necessitam de documentação: principalmente depois da 'Lei da Boate Kiss', ninguém está imune a isso. Agora, exigir o mesmo tratamento de um show, de um evento [em que há consumo] de bebida alcóolica, para um evento da Igreja Quadrangular é um pouco de exagero. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros sabem distinguir um do outro, e as exigências se tornam mais maleáveis, dependendo do evento, por conta da situação", disse Kawai, que concordou com Homero, no entanto, em relação aos possíveis danos que eventos podem causar no piso da quadra do "Waldemar Blatkauskas".

Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, a Coronel Adriana (PPS), defendeu o cumprimento rigoroso das normas que previnem a ocorrência de incidentes em grandes eventos. "Devemos primar para que a 'Lei Boate Kiss' seja cumprida, porque ela visa proteger pessoas de muita gente gananciosa, que depois quer jogar a responsabilidade por mortes, lesões e danos nas costas do Poder Público. Isso sempre ocorreu no país, de as pessoas pensarem 'só eu e nada mais para os outros'. E a 'Lei Boate Kiss' acaba com isso", afirmou.

Ronaldo Moschini (PPS), além de também cobrar respeito à legislação, falou dos riscos da realização de eventos que atraem número elevado de pessoas a lugares que não as comportam e relativizou o raciocínio de que tragédias, nessas situações, só ocorrem por conta, por exemplo, do consumo de bebidas alcoólicas, já que um curto-circuito, lembrou o vereador, já é capaz de provocar uma tragédia.

"Que houvesse um rigor maior dos órgãos que autorizam esses eventos, sendo imparciais caso eles sejam da Igreja Católica, de igreja evangélica, Festa do Peão Boiadeiro ou o que for. Gostaria de que houvesse mais seriedade e que fossem aprovados e liberados com rigor muito maior, porque, depois do ocorrido, é tarde para qualquer providência. Não precisa ter duzentas mortes, não: uma morte já é o bastante para ver que houve erros ––e repará-los é muito mais difícil", refletiu.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918
Imagens de TV:  TV Câmara


Tribuna Popular

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