Acabar com lixões e aterros sanitários, processar os mais diversos tipos de resíduos sólidos, tanto domésticos quanto eletrônicos e hospitalares, e ainda, de quebra, produzir diariamente em Piracicaba energia elétrica para 35 mil casas, etanol para abastecer uma frota de 40 mil carros, bem como fertilizantes e extrato pirolenhoso, cujos compostos são amplamente utilizados nas indústrias de transformação. Essa é a proposta da “Usina de Bioenergia”, ideia patenteada em 2020 por um grupo de 4 engenheiros, e que foi apresentada por um deles, o engenheiro piracicabano Obede Silva Filho, na tarde desta terça-feira (22), ao vereador André Bandeira (PSDB), em reunião realizada no gabinete do parlamentar.

“Quando nós falamos em resíduos, nós falamos em lixo urbano de forma ampla, seja reciclável ou orgânico, incluindo roupas e sapatos, além de resíduos hospitalares, industriais, eletrônicos, podas de árvores, e também derivados fósseis como pneus, borracha e óleos automotivos”, explica o engenheiro Obede. 

De acordo com ele, inicialmente, o material é levado até a usina e separado por meio de uma esteira especial, que transporta o material orgânico para o módulo de Etanol e inorgânico para o modulo de Carbonização. “Esse resíduo inorgânico passa, na sequência, por um processo de carbonização a cerca de 900 graus centígrados, que resulta na formação de gás. Esse gás é então utilizado para movimentar uma turbina que gera energia elétrica. Já os resíduos orgânicos, são destinados para um sistema de biodigestão anaeróbico contínuo e fotocatalização, que gera o etanol”, diz.

Segundo André Bandeira, o objetivo da reunião foi conhecer melhor a proposta e buscar formas de viabilizar a apresentação do projeto ao Executivo municipal. “Assim que eu conheci o Obede, nós começamos a conversar no ano passado sobre essa tecnologia que ele e os sócios desenvolveram, e eu fiquei encantado com essa questão”, diz o parlamentar. 

Para ele, além da inovação do processo e dos ganhos ambientais, a “Usina de Bioenergia”, caso seja implementada em Piracicaba, pode também significar maior economia para os cofres públicos, “podendo aproveitar esses recursos para outras coisas, aplicando na educação, aplicando na saúde do município. Isso pode servir de referência não só para o Estado e para o país, mas para o mundo todo, pois é uma tecnologia que vai dar destinação correta, vai gerar energia elétrica, vai gerar etanol e energia limpa a partir do lixo. É um negócio impressionante”, afirma André Bandeira.

Transformação - O projeto ainda busca investidores e não foi fisicamente implementado, mas segundo estimativas apresentadas pelo engenheiro Obede, Piracicaba produz cerca de 500 toneladas de resíduos/dia que, se processados pela “Usina de Bioenergia”, poderiam se transformar, em 24 horas, em 120 mil litros de etanol, 20 mil litros de extrato pirolenhoso, 500 Kg de fertilizante, 2,5 toneladas de materiais recicláveis e 8,0 Mwh de energia elétrica. 

Além da redução do impacto ambiental, Obede ainda diz que o projeto prevê ações sociais, como por exemplo a reposição das pessoas que atualmente ganham a vida em aterros e lixões podendo serem contratadas pela “Usina de Bioenergia”. 

“Hoje, praticamente tudo está indo para o aterro: mato, poda de árvore, um monte de coisa. E nesse processo aqui, literalmente, essa tecnologia ela dá destinação para 100 por cento do lixo, sem precisar aterrar nada. Nós estamos insistindo para que Piracicaba seja uma precursora. Eu, como homem público, nascido e criado em Piracicaba, quero mais é ver a minha cidade projetada de uma forma bacana desse jeito para o mundo todo. O Obede do mesmo jeito, ele quer ver essa questão desenvolvida no município”, acrescenta o vereador..

Segundo o parlamentar, além de buscar uma reunião com o secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente e com o prefeito para apresentar o projeto, há também por parte dele a vontade de se realizar, na Câmara, uma audiência pública para debater a questão do lixo de forma ampla e, na ocasião, apresentar o projeto.  

“Existe, em conversas com outros vereadores, uma discussão sobre uma possível audiência pública para se discutir o lixo de forma ampla, de forma total, discutir o que está acontecendo hoje em Piracicaba. A ideia é aproveitar esse momento para expor essa tecnologia como uma possibilidade, uma alternativa a esse modelo que está implementado no município, hoje”, conclui o vereador.