
03 DE JUNHO DE 2025
Renata Righeto e Laiz Keiko falaram também sobre os conceitos gerais da epilepsia e a situação e Piracicaba durante suspensão do expediente na Câmara
Vereador André Bandeira e as oradoras
Os conceitos gerais da epilepsia, a situação de Piracicaba e o Março Roxo, mês de conscientização sobre essa condição, foram apresentados pelas oradoras e integrantes do Projeto EpilepCia (Epilepsia com a sua companhia), Renata Righeto e Laiz Keiko, durante a 31ª reunião ordinária, realizada nesta segunda-feira (2). A suspensão do expediente foi solicitada pelo vereador André Bandeira (PSDB), por meio de requerimento aprovado pelo plenário da Casa.
Laiz Keiko dividiu a apresentação em três etapas: o conceito geral de epilepsia, o Projeto EpilepCia (Epilepsia com a sua companhia), e, por fim, a situação atual em Piracicaba. Laiz explicou que a epilepsia é uma alteração no funcionamento do cérebro, semelhante a um curto-circuito em uma rede elétrica, que causa transmissões elétricas incorretas e pode levar a crises.
Segundo ela, essas crises podem acontecer por causa de lesões, traumatismos, acidentes vasculares, infecções como meningite, ou pelo consumo de álcool e drogas. Ela pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em crianças, mas também pode ocorrer em adolescentes, adultos e idosos. Ela trouxe dados. "Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 2% da população brasileira e 50 milhões de pessoas no mundo têm epilepsia", afirmou.
A oradora disse ainda que para se ter um diagnóstico, é importante consultar um médico especialista, que faz uma avaliação clínica e conversa com um acompanhante, pois quem tem crises muitas vezes não lembra delas. Além disso, exames como eletroencefalograma e tomografia são utilizados, mas nem sempre mostram alterações, já que o exame só detecta anormalidades durante uma crise. Por isso, exames mais prolongados, de 12 a 24 horas, podem ser necessários, mas esse tipo de exame não é disponibilizado na cidade.
Quanto às crises, Laiz esclareceu que o termo "ataque epilético" não é mais usado. "O mais correto é falar em crises convulsivas, que podem variar em tipo e intensidade", afirmou. Ela abordou também outros tipos de crises, como as crises de ausência, que são mais comuns em crianças. Essas crises acontecem quando a criança fica com o olhar fixo, se desliga do que está acontecendo ao redor, e depois volta ao normal, sem lembrar do que aconteceu.
Há ainda outros tipos de crises, como as crises de choque, crises de quedas, e crises focais, que envolvem movimentos automáticos ou involuntários. Também destaca que nem toda convulsão significa epilepsia, pois ela pode ocorrer por outros motivos, como febre alta ou baixa de açúcar no sangue.
Laiz reforça a importância do conhecimento sobre epilepsia para um diagnóstico correto e tratamento. Ela também abordou desafios que as pessoas com epilepsia enfrentam, como dificuldades no mercado de trabalho.
Em seguida, ela contou sobre a trajetória da sua filha, a Alice, que teve um desenvolvimento normal até os seis medes de idade. "Com seis meses, ela começou a parar de sorrir, de desenvolver e evoluir, na verdade, dentro de um desenvolvimento natural de uma criança. E aí foi quando a gente começou a conhecer a epilepsia, o que era a epilepsia, e estudar e se aprofundar dentro dessa realidade da qual eu e minha família desconhecíamos", disse.
Em seguida, Renata Righeto contou que em 2020 foi criado o Projeto EpilepCia (Epilepsia com a sua companhia), composto por familiares, amigos, médica e pessoas que sensibilizam pela causa, com o objetivo de facilitar o acesso aos possíveis tratamentos e disseminar a informação sobre epilepsia para reduzir o preconceito e o estigma sobre a doença. "O grupo tem crescido, originando a Associação Amigos na Luta Incondicional contra a Epilepsia", afirmou.
Renata citou que o tratamento da epilepsia é caro. "Então, o nosso objetivo é viabilizar ou facilitar a assistência, dar apoio e fornecer orientações aos pacientes e familiares, seja de caráter jurídicol ou de tratamento. Acho que todos sabemos que em algumas necessidades de tratamento, tem que ser judicializado para que consigamos uma medicação ou uma cirurgia ou algum tratamento mais específico", afirmou.
Ela abordou também a precariedade de tratamento em Piracicaba, a dificuldade do acesso à informação sobre o tema e a falta de profissionais especialistas em epilepsia. "Hoje, nós somos pequenos, somos uma formiguinha, mas ele (o projeto) vem crescendo", disse.
Acompanha a fala completa das oradoras no vídeo anexo.